BENTO LUIZ DE AZAMBUJA MOREIRA: IGNORÂNCIA E INSENSIBILIDADE ENFIADAS NUMA TOGA




Não é de hoje que temos assistido a decisões do nosso Judiciário que só nos envergonham


  A dor da injustiça


Nem sei se é preciso repetir aqui a decisão do Doutor Juiz Titular da 3ª Vara do Trabalho de Cascavel, Zona Rural do Oeste do Paraná, Bento Luiz de Azambuja Moreira, cancelando a audiência da ação impetrada pelo trabalhador Joanir Pereira contra Madeiras J. Bresolin, porque o ex-funcionário estava, segundo esse sábio juiz, com calçado incompatível com a dignidade do poder judiciário, ou seja: calçava sandálias.


Bom... Já repeti!...


A justiça é retratada sempre com venda nos olhos para dar a impressão de que não se deixará levar pelas aparências, mas, a injustiça vê muito bem, e por isso mesmo corre sempre atrás dos mais desprotegidos e sempre os alcança.


De que dignidade fala em seu despacho o Doutor Azambuja? Será que é da dignidade adquirida pelos que fazem o judiciário após se tornarem doutores? Certamente que sim! Esta tem sido a postura equivocada da maioria dos que detém em suas mãos algum tipo de poder: achar que por estarem investidos de determinada função ou por possuírem sólido lastro em seus extratos bancários, passaram a usufruir de uma respeitabilidade maior que a de qualquer outro ser vivo, humano ou não. A insensibilidade desse vaidoso ignorante, travestido de homem da lei é tamanha que, ao ser entrevistado dias após o degradante despacho, manteve a justificativa de que tudo fora feito para salvaguardar a dignidade do poder judiciário.


Quando Joanir vestiu sua melhor calça e sua melhor camisa para ir à Justiça do Trabalho na tarde daquela audiência, o fez por saber tratar-se de um ambiente impregnado de doutores e que ele não poderia, em sua inocênciacia, deixar de se apresentar com o que tinha de melhor, inclusive seu único calçado que era a sandália de tiras entre os dedos, que tanta indignação causou ao poder judiciário na pessoa desse doutor.


Desde minha infância convivo com pessoas muito simples. Simples de nome, de endereço, de vestimentas, de gostos. É sempre na presença delas que colho os melhores exemplos de dignidade. Não da dignidade que o doutor Azambuja acha haver adquirido depois que se enfiou dentro de uma toga, mas da dignidade presente no olhar acolhedor, na mão sempre estendida, no respeito verdadeiro pelo visinho ou pelo visitante, na admiração com a lavoura que brota e com o ninho do passarinho no beiral do seu telhado, na solidariedade em dividir o pouco que tem, mesmo sabendo que morrerá de vergonha quando chegar sua vez de precisar daquele que ajudou. Esse tipo de dignidade, quase não se tem encontrado além dos limites onde habita essa gente simples como o Sr. Joanir.


A insensibilidade do Fantástico da Rede Globo ontem, ao fazer uma enquete perguntando se era chique usar sandálias de tiras em ambientes sofisticados como boates da Zona Sul do Rio ou restaurantes dos Jardins em São Paulo, causou ainda mais indignação pelo desconhecimento total do motivo que levou Joanir ao judiciário, com os pés enfiados em um lindo par de sandálias recém comprado.


Que sentença receberá o pleito do Sr. Joanir Pereira? Não creio que nenhuma outra possa lhe causar tanto espanto e vergonha quanto esta que o Doutor Azambuja proferiu enquanto ele abaixava a cabeça.


Pobre homem, esse Doutor...


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Hoje, 05.07.07, foi realizada a segunda audiência da ação movida por Joanir Pereira contra seus antigos patrões. Joanir compareceu com o par de sapatos emprestados pelo sogro e dois números menores que a sua medida de calçado. Na sala, o mesmo juiz Bento Luiz Azambuja Moreira. Ao final da audiência, após oficializar um acordo no valor de um mil e oitocentos reais, Joanir recusou um par de sapatos usados oferecido pelo juiz que na audiência anterior pediu que ele se retirasse daquele "digno" recinto porque estava de sandálias de tiras. Joanir recusou o presente.


Grande homem esse nosso Joanir.


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JUIZ É CONDENADO A PAGAR 12.4 MIL POR SUSPENDER AUDIÊNCIA


Hoje, 09 de março de 2017 a 1ª Vara Federal de Paranaguá (PR) condenou o juiz da 21ª Vara Trabalhista de Curitiba, Bento Luiz de Azambuja Moreira, a ressarcir a União em R$ 12,4 mil por adiar audiência porque o lavrador Joanir Pereira calçava chinelos; na sessão, ocorrida em 2007, o então juiz da 3ª Vara do Trabalho de Cascavel (PR) afirmou que não iria "realizar esta audiência, tendo em vista que o reclamante compareceu em Juízo trajando chinelo de dedos, calçado incompatível com a dignidade do Poder Judiciário"

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Comentários

  1. Anônimo3:01 PM

    ESSE NEGOCIO DE BERMUDA E CHINELO EXPLICA PORQUE O PODER JUDICIÁRIO ESTÁ TÃO DESACREDITADO EM NOSSO PAÍS!

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  2. Anônimo8:35 PM

    https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2017/03/09/uniao-vence-acao-contra-juiz-que-adiou-audiencia-do-lavrador-de-chinelos.htm

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