O PSDB é o Pai do Mensalão - Desmascarada a Denúncia da Veja Contra Lula
Senador Jorge Viana
“Eu venho à tribuna do Senado para tratar de um assunto que, de alguma maneira,
se não está na ordem do dia do conjunto dos brasileiros, está na ordem do dia
de uma parte importante da imprensa brasileira.
Neste final de semana, vimos uma reportagem que tenta trazer a figura do
Presidente Lula para o debate das eleições municipais de 2012. Estou frisando,
porque não tem nenhum sentido desprezarmos esta preliminar. Tem eleição e tem
uma ação deliberada da elite brasileira contra o PT. Essa intolerância da elite
brasileira com o PT está institucionalizada, é real. Eles não aceitaram o
Governo do Presidente Lula por oito anos; eles engoliram, mal e porcamente.
Eu sempre tive um diálogo muito franco, aberto, com setores que cumpriram o
papel de governar o Brasil durante muito tempo. Sempre tive uma ótima relação
com o Governo do PSDB e com o Presidente Fernando Henrique especificamente, que
é uma pessoa que tenho na melhor conta. Mas eu começaria dizendo que, se tenho
o Presidente Fernando Henrique na melhor conta, o PSDB não tem. O PSDB do
Brasil inteiro, depois de oito anos do Governo do Presidente Fernando Henrique,
o escondeu, tentou apagar um dos Líderes do PSDB.
E agora o candidato Serra, afundando sua candidatura, sendo o campeão de
rejeição no Brasil e com queda nas pesquisas, recorre ao Presidente Fernando
Henrique Cardoso para fazer um papel nada nobre na campanha eleitoral, que é a
intenção de questionar, num primeiro momento, a Presidenta Dilma, que,
prontamente, fez uma nota firme, dura e colocou claramente para o País que a
lealdade dela ao projeto que está em curso no Brasil, que começou com o
Presidente Lula e de que ela fez parte, esta lealdade ao projeto é
inquestionável. A Presidenta Dilma foi firme, surpreendeu aqueles que contavam
com algum vacilo dela para cumprir a sua missão de, mesmo depois, no Poder,
tentar desconstituir a imagem, a história do Presidente Lula.
O Presidente Lula não governa mais o Brasil, mas tem o direito de seguir
lutando pelo Brasil, como tem feito diariamente depois de ter vencido o câncer.
O lamentável, numa preliminar, é que toda véspera de eleição temos situações
parecidas com esta. O povo brasileiro enfrentou todo tipo de dificuldade na
reeleição do Presidente Lula, todo tipo de distorção por essa elite que engoliu
quatro anos de Lula, mas não aceitava mais quatro. Vencemos.
O Presidente Lula fez um segundo mandato muito melhor do que o primeiro.
Depois, na sucessão do Presidente Lula, é só lembrar, era diário o combate ao
Presidente Lula, que, em vez de calar e de se curvar, já pensando em ser ex,
enfrentou do primeiro ao último dia o debate e fez a sua sucessora.
E, agora, o Brasil está ainda melhor do que estava quando o Presidente Lula
terminou seu segundo mandato. E a Presidenta Dilma tem a responsabilidade,
dedica-se diariamente para levar este País à frente, para fazer o Brasil seguir
ocupando um espaço privilegiado diante do mundo, mas mais do que isso, assumiu
um compromisso de ser a Presidenta que olha, que estende a mão para os
brasileiros que passam maior privação, seguindo as lições do Presidente Lula.
Foi para isso que o PT surgiu, é para isso que o PT governa, para inverter
prioridades, para estender a mão para aqueles que não sabem, que não podem e
que não têm. É um princípio cristão, mas é um princípio também daqueles que
fazem a boa política.
Agora, nós estamos a duas semanas da eleição. E o que é que a gente vê? A
velha, preconceituosa, elite brasileira se levantando. Não conseguem
compreender, aceitar, que a mais Alta Corte de Justiça do País julgue. Não.
Querem influir na composição da Corte. Querem decidir o calendário de
julgamento da Corte. É isso que o Brasil está vendo. E querem agora conduzir o
julgamento da Corte. Isso é um desserviço ao País.
O problema do País, durante muitos séculos, foi sua elite. Não é o seu povo.
Isso, os estudiosos da beleza da cultura brasileira já identificaram. Agora, o
Presidente Lula foi o que mais trabalhou pelos pobres, pela inclusão social –
eu estou falando de dezenas de milhões de brasileiros –, pela geração de
empregos, pelo resgate de uma posição de destaque do Brasil diante do mundo, e
é, de longe, o mais perseguido Presidente da história do Brasil, por uma
parcela da elite brasileira preconceituosa, intolerante com o PT e com o Lula.
Não aceitam que o Presidente Lula seja um ótimo ex-presidente. Querem atacá-lo
agora como ex-presidente.
A reportagem, no final de semana, da revista Veja, atende mais o calendário
eleitoral – é só ler – do que o interesse de ajudar o Brasil, que é legítimo,
da Veja, de outras revistas e dos veículos e comunicação, porque a escora de
uma boa democracia, a escora da verdadeira democracia, é a imprensa livre.
Lamentavelmente, aqui no Brasil, eu estou aqui na tribuna do Senado, falando
alto, pedindo imprensa livre, porque uma parcela da imprensa, me parece, está
comprometida em assumir um papel que a oposição fracassou em tentar assumir. Eu
acho legítimo. Só não vale sabotagem. Só não vale distorcer os fatos. Só não
vale querer destruir a imagem de uma figura como o Presidente Lula.
Estão aí tentando deixar a entender, achando pouco o que fizeram,
desmoralizando algumas figuras, que o Presidente Lula pode estar por trás de
tudo isso. Não tem nada no processo que aponte esse caminho. Não tem nada que
coloque em questionamento a postura do Presidente Lula. Aliás, a vida dele é
uma referência, é um exemplo para o Brasil e para o mundo.
Amigos e amigas que nos assistem em casa, Srªs e Srs. Senadores, essa história
do mensalão segue muito mal contada no nosso País. É óbvio, eu sou do PT, estou
entre aqueles do PT, como disse há pouco para o Líder do PSDB, Senador Alvaro
Dias, sou daqueles que acho que existem gravíssimos problemas que envolvem
financiamento de campanha no País, que envolve o funcionamento da essência da
democracia, que são os partidos políticos.
O Brasil está vivendo um faz de conta. O caixa dois não está diminuindo, está
aumentando. O Brasil vive um faz de conta de que nós estamos melhorando o
processo de consolidação dos partidos. Nós estamos piorando. Os partidos
cartoriais estão aí para quem quiser ver. A disputa em todos os lugares por
partidos que tenham tempo de televisão custa caro. Os compromissos são
assumidos antes da eleição, durante o processo eleitoral e depois, do mesmo
jeito que o PSDB inaugurou em 98 em Minas Gerais.
O PSDB está na origem do mensalão. Não é denúncia do PT, Ministério Público. O
processo foi para o Supremo, misteriosamente foi desmembrado e saiu do Supremo
com o mesmo argumento com que foi derrotado agora, de que não era o foro, de
que tinha pessoas que não eram para ser julgadas pelo Supremo. Mas se é do PT é
adequado, tem que julgar. Mas se é para melhorar o País, tudo bem, ótimo. Só
não para que a gente venha ouvir lição de moral de quem não tem moral para dar
lição a ninguém. Quem criou o mensalão não tem moral para vir questionar o PT.
Falei ainda há pouco num aparte: entre a cópia e o original, eu fico com o
original. Isso não significa dizer nenhum tipo de conivência com ações fora da
lei por parte do Partido dos Trabalhadores. Mas vamos questionar o PSDB, o PFL.
Eles criaram o mensalão em Minas Gerais. Tiraram dinheiro público para
financiar seus partidos. Fizeram isso. Alguns podem dizer: “Ah, foram
competentes em fazer”. Não sei se a palavra adequada é competência.
Mas o certo é que, naquela época, existia um controle não denunciado pela elite
da essência daqueles que deveriam fiscalizar a ação dos que agem fora da lei.
Vamos lembrar que a posição do Ministério Público Federal não foi a de hoje.
Ótimo, estamos evoluindo. A própria Polícia Federal, nós tivemos casos absurdos
de um comprovado conluio com a elite brasileira para derrubar ministros,
autoridades da República do governo do Presidente Lula.
Amigos e amigas que estão me assistindo em casa, o serviço prestado pelo
Presidente Lula a este País não vai ser a oposição, não vai ser uma elite
atrasada, preconceituosa que vai apagar. Ninguém pode esconder aquilo que foi
feito, o trabalho que foi feito.
Não estou dizendo com isso que o PT é um partido infalível, mas o que o PT fez?
Vamos para o exemplo e os fatos. O que fez o PT quando assumiu o Governo?
Diminuiu a Polícia Federal? Diminuiu as condições de o Ministério Público
atuar? Enfraqueceu as instituições que nos julgam a todos ou fez exatamente o
contrário? Simples. Era muito simples. O Brasil estava tudo bem, quando surgiu
o mensalão do PSDB, nem CPI foi aberta nesta Casa. Quando se comprou voto para
reeleição por 200 mil moedas, não se abriu CPI. Estou falando de Deputados do
Acre, meu Estado. Foi pago, comprovado. E, agora, sem prova, tenta-se condenar.
Acho que todo o Brasil deve respeitar a mais Alta Corte de Justiça. Eu
respeito. Eu sigo confiando, mas vamos deixar a mais Alta Corte do País julgar
com a independência que ela precisa ter.
Não vamos fazer esse jogo de tentar a manipulação da opinião pública. Não
funcionou uma vez. Tentaram duas vezes, tentaram três. E agora estão achando
que estão conseguindo algo. Não conseguem ganhar nas urnas, estão tentando
ganhar de outra maneira. Essa é a elite brasileira.
O PT, quando chegou ao poder, não enfraqueceu o combate à corrupção. Foi o
primeiro governo neste País que fortaleceu a Polícia Federal. Implantou a
Polícia Federal em todos os Estados. No meu Estado havia meia dúzia de agentes;
agora tem agente em todos os Municípios. Não tinha estrutura. Agora tem
estrutura. O salário dava dó. Hoje, a PF tem salário, que é atrativo. É uma
carreira de Estado, com delegados e agentes, que, aliás, precisam sair dessa
greve. E nós temos que ajudar para que eles possam sair e conquistar,
inclusive, uma melhor estrutura de carreira.
Mas, Sr. Presidente, o PT, no governo, não fez só isso. O PT, no governo,
trabalhou para que o Supremo e o Superior Tribunal de Justiça ficassem cada vez
mais independentes.
O Presidente Lula foi nobre na hora de escolher a composição do Supremo. Alguns
até fazem disso motivo de chacota. Ah, se fosse o PSDB, se fosse o PFL, teriam
escolhido ministros para conduzir. Mas nós não pensamos assim. Os ministros têm
que ser escolhidos para nos julgar a todos, como temos hoje na nossa Corte. E
acho que o Presidente Lula também acertou quando fez essa condução, que segue
levada adiante pela Presidenta Dilma. Preferimos esse caminho, porque é bom
para o Brasil.
Então, Sr. Presidente, concluo dizendo que nós temos que deixar bem claro aqui
hoje: golpe, não! A elite brasileira tem todo o direito de criticar, setores da
média não gostam do modelo petista de governar. Não tem problema. Só não vale
golpe. Só não vale fazer matérias, só não vale montar esquemas para tentar
destruir a história de um partido que tem muitos erros e falhas. Esses erros e
falhas têm que ser assumidos por todos nós, corrigidos por todos nós, mas não
podem ser traduzidos numa referência, como alguns estão querendo fazer, do que
há de pior na história do Brasil.
O que há de pior na história do Brasil não está dentro do governo do PT nesses
quase dez anos. Está dentro dos outros governos, que foram acobertados, que
foram escondidos do povo brasileiro.
Então, estou vindo à tribuna do Senado. Posso ser uma voz dissonante, uma voz
isolada, mas trago aqui a indignação: o Presidente Lula não merece esse
tratamento. Os que têm a intimidade do Marcos Valério, que construíram com ele
esse esquema criminoso não podem querer vincular que o Presidente Lula tinha
encontro com Marcos Valério. Não teve encontros com o Sr. Marcos Valério.
O Presidente Lula é uma pessoa generosa. Eu o conheço bem. Devo a ele a minha
formação política. O Presidente Lula merece respeito. Eu falo sem medo de errar
e encerro com isso.
Queria muito que o Sr. Marcos Valério viesse falar nos canais de televisão, nos
jornais, não a partir de aspas inventadas, mas a sua própria voz, contando a
origem dessa organização criminosa de desviar dinheiro público para financiar
partidos e base aliada. Certamente, se isso fosse feito, se o Sr. Marcos
Valério falasse…
Quem está falando aqui é um Senador do PT. Eu queria muito que nós
conhecêssemos a fita ou as fitas ou ouvíssemos a voz e os escritos do Sr.
Marcos Valério contando a história, que começou em 98, com o PSDB e o PFL;
passou por outros partidos, que estão firmes na República, e alcançou o PT.
Lamento pelos erros do meu Partido, lamento que o PT não se conteve e caiu na
tentação de achar um caminho fácil para resolver o problema da difícil
composição de governo em nosso País por conta da legislação.
Se o Sr. Marcos Valério falar, gravar, contar a história, eu não tenho dúvida
de que vai ficar mais fácil para os Ministros do Supremo julgar sem cometer
injustiça, mas eu não tenho nenhuma dúvida de que o nosso País ficará melhor,
porque a hipocrisia, o faz de conta vai ficar para trás, e aqueles que tentam
dar lição de moral, que moral nenhuma têm para nos dar lição de moral, vão ter
que dar explicações ao País porque criaram uma organização criminosa e agora
tentam jogar a culpa no Partido dos Trabalhadores e tentam trazer o Presidente
Lula para um debate do qual ele está muito distante, pela vida, pelo que
construiu neste País.
Encerro dizendo: não confundam! É véspera de eleição, duas semanas para o dia
da eleição, e essa ação de última hora, desesperada, por conta de disputa de
São Paulo e de alguns outros espaços importantes para os nossos opositores, não
pode ser usada como instrumento para danificar um dos maiores patrimônios da
história deste País e maior patrimônio da história do meu Partido, que é o
Presidente Lula.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
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