Inveja e Mediocridade ou Egoísmo e Perversidade?
Inveja, na mitologia grega.
Inaugurando a série: Virtudes e Mazelas Humanas.
Tanto uma das mazelas acima, quanto as outras podem ser
traduzidas como estupidez. A inveja é um sentimento ignóbil, que atormenta os
incapazes. Isto porque, aquele que se entrega à inveja, rebaixa-se sem que o
saiba, confessa-se intelectualmente subalterno e tecnicamente inferior, mesmo que por aparatos outros chegue a chefiar.
Ela traz consigo a marca psicológica de uma humilhante e insignificante auto-estima
que corrói o invejoso como um ácido carcome o metal.
A inveja é fruto do bem estar, da
felicidade e da capacidade alheia. O homem apaixonado pela vida, pelo trabalho,
pelos filhos e família, acaba despertando esse negativo sentimento que, de tão
vil, nunca se testemunhou um invejoso confessar que o é. Mesmo pessoas de moral
duvidosa, que podem até alardear alguns de seus vícios mais infames, jamais
tiveram a coragem de se confessarem invejosas.
Tanto a inveja quanto o ódio nascem da
maldade e, quando se dão as mãos, tornam-se mais fortes, tomando contornos de
perversidade. Tanto aquele que odeia quanto o invejoso, sofrem em conseqüência
do bem alheio e, sem esforço algum, promovem o mal, o pânico, o terror, a
discórdia, e a vingança entre os que lhes parecem superiores, tanto na
sociedade quanto no ambiente de trabalho. Agenciam o mal alheio, principalmente quando
têm poder de mando.
A inveja
chega a ser mais repugnante que o ódio, pois pode-se odiar as coisas e os
animais, mas, só se pode invejar os homens. O ódio pode até ser justo,
motivado, enquanto a inveja é sempre injusta, pois a prosperidade e a
felicidade alheia não causa dano a ninguém, apenas ao invejoso.
Estas duas aberrações humanas são
alimentadas e fortificadas por causas distintas: o ódio se dirige aos mais
perversos e a inveja aos que mais merecem elogios. Daí Themístocles ter dito,
quando ainda jovem, que “não tinha realizado nenhum ato brilhante, porque ainda
ninguém o invejara.”
Com freqüência o ódio ofende, inspira e
é temível; já a inveja conspira e é
repugnante. O invejoso é ingrato por natureza. Constata-se, também, que se
sofre mais invejando do que odiando. O ódio não teme a verdade e a inveja
elabora a mentira. Ambos atormentam aqueles que lhes dão guarida em suas mentes
e corações. Há quem diga que o ódio pode até ser justo, quando empregado para
derrotar a tirania, a infâmia e a indignidade.
O homem de sentimentos superiores jamais
será invejoso, já que possuindo seus próprios méritos não desejará o de outros.
Inveja-se o que os outros já têm e o que desejam ter; por isso, no fundo,
a inveja é um sentimento de frustração. Ela nasce de um sentimento de
inferioridade que os fracos estimulam e carregam consigo. Neste sentido, é uma
inclinação de tendência egoística, resultante de uma incapacidade de competir
com suas próprias armas, valendo-se sempre de favores externos para se igualar ou ultrapassar seus pares.
A psicologia moderna procura distinguir
entre o invejoso passivo e o ativo; o primeiro é hipócrita, servil,
irremediavelmente inferior e não vacila em sacrificar até seus familiares para
atingir seus fins; já o ativo possui uma eloquência bárbara. Dissimulando suas
idéias, pretende desvendar o espírito alheio sem nunca ter podido desvendar o
próprio, é virtualmente traiçoeiro, ardiloso e intrigante: é uma víbora no
ditado popular. O invejoso ativo, não conseguindo elevar-se, refugia-se em
instituições onde o culto da vaidade é alimento a seu caráter medíocre, e é
capaz de difamar seus invejados. Mas, nem todos os ativos possuem todas as aptidões acima, como a eloquência, por exemplo.
A
mediocridade é a falta, a ausência de características pessoais que permitem
distinguir um indivíduo dos demais. É a falta de mérito no conjunto de suas
faculdades e na forma de atuar entre os demais na família, no grupo, na
sociedade e no trabalho. Todos os medíocres carregam um pesado fardo de rotinas
e preconceitos.
Já os perversos são egoístas, invejosos e, na sua forma mais dura,
odeiam o seu semelhante quando não toda a sociedade. Por isso, brutalizam as
pessoas para obter seus fins e alimentar estes três sentimentos negativos:
egoísmo, inveja e ódio. Sua nocividade decorre por serem anti-sociais e,
portanto, desprovidos do menor espírito de ética e por estarem afastados da
moral, são capazes de acusações levianas principalmente com o sexo feminino. O
principal traço é que neles nem a consciência nem os escrúpulos funcionam como
nas pessoas normais. Possuem o coração endurecido e a mente empedernida. São
incapazes de amar no sentido melhor dessa palavra ou de dedicar amizade verdadeira
a alguém.
Os perversos não se governam, falta-lhes
o autodomínio da vontade e, não raro, ficam possessos, furiosos e neste estado
são altamente perigosos, não medindo o alcance de seus atos, o que facilmente
pode levá-los aos crimes hediondos, estupros, atos de selvageria e assédio
moral, hoje facilmente registrados, já que toda pessoa carrega no bolso ou na
bolsa um gravador e uma filmadora na forma de celular. Outros mais precavidos,
têm ainda ao seu dispor uma parafernália digital capaz de qualquer registro de
voz e imagem, para desespero desses medíocres. Promovem, assim, a
desorganização nos lares, nas escolas, na sociedade, e principalmente no
ambiente de trabalho, desagregando estas instituições ao fomentar buchicho
diário e permanente sobre seu caráter.
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