“Brasil, o País Onde é Preciso Estar”, Diz Semanário Francês
A presença da presidenta Dilma Rousseff e do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, em Paris, ganhou a atenção dos meios de comunicação
e do empresariado francês. Como prova disso, o influente semanário econômico Challange dedicou
a capa à visita de Dilma a França. A manchete da publicação não poderia ser mais
explícita: “Brasil, o país onde é preciso estar”.
A presidenta brasileira Dilma Rousseff prosseguiu
quarta-feira (12) em Paris sua dupla ofensiva, ao mesmo tempo política, contra
as medidas de austeridade que estão sendo impostas em toda a Europa, e também
comercial, com a oferta feita aos empresários franceses para que invistam no
Brasil. Em ambos os casos, a partida parece ganha: a política, porque esse é o
credo do presidente socialista François Hollande, que propõe uma combinação de
poupança pública e investimentos para fomentar o emprego; a segunda, com a
sedução do empresariado francês. Como prova disso, o influente semanário
econômico Challange dedicou a capa à visita de Dilma a França. A
manchete não poderia ser mais explícita: “Brasil, o país onde é preciso estar”.
O Brasil, de fato, atraiu a atenção da mídia francesa.
A dupla presença de Dilma e do ex-presidente Lula aqueceu e deu conteúdo ao
frio outono francês. Lula participou do Fórum Internacional para o Progresso
Social organizado conjuntamente pelo Instituto Lula e pela Fundação Jean Jaurés
sob o lema “Escolher o crescimento, sair da crise”. O ex-presidente disse aos
seus interlocutores que a crise era uma oportunidade para repensar a política.
Dilma Rousseff colocou uma carta tentadora sobre a mesa: durante seu encontro
com a cúpula patronal francesa, a presidenta anunciou um ambicioso plano de
infraestrutura aeroportuária: “os números no Brasil são enormes. Temos a
intenção de construir cerca de 800 aeroportos ou mais. Serão construídos em
cidades com mais de 100 mil habitantes”. A mandatária acrescentou que “queremos
que todas as cidades com mais de 100 mil habitantes tenham acesso a um
aeroporto que esteja a uma distância máxima de 50 ou 60 quilômetros do centro”.
A realização deste projeto, assinalou, é “uma necessidade importante para o
crescimento do país”.
Na mesma reunião com os empresários franceses, da qual participou um representante
da ala esquerda do Partido Socialista, no poder, o ministro da Indústria,
Arnaud Montebourg, ao lado de seu homólogo brasileiro, Fernando Pimentel, fixou
o horizonte dos possíveis investimentos: “temos que buscar a abertura
econômica, mas sem que isso signifique aceitar práticas depredadoras no
comércio internacional, como vemos acontecer na Ásia”, disse o ministro.
A delegação brasileira surpreendeu os empresários franceses pela firmeza de
suas propostas. Neste contexto, a presidenta Dilma criticou duramente as
políticas de austeridade e chamou a França a reforçar a colaboração com seu
país a fim de “explorar as novas oportunidades que a crise oferece”. Diante do
empresariado, em vários momentos com ar maravilhado, a chefe de Estado
brasileira expôs sua convicção de que “a redução dos gastos, a política
monetária exclusiva e a diminuição dos direitos sociais não constituem uma
resposta à crise”. Dilma se baseou no próprio exemplo do passado
latino-americano – anos 1980 e 1990 – para defender seu ponto de vista:
“ninguém reconhecia que as medidas que aumentavam as desigualdades, o
desemprego e a desesperança nos países latino-americanos não levava a parte
alguma”, numa referência aos anos de governo de Fernando Henrique Cardoso.
Em resposta à solicitação de uma cooperação renovada com Paris, o ministro da
Indústria francês convidou o Brasil a “utilizar a França como cabeça de ponte”
para o mercado europeu.
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