Os que pilharam o Estado estão aí de novo
por J. Carlos de Assis, Economista, doutor pela Coppe/UFRJ, professor de Economia Internacional da UEPB.
No início
do século XI um líder muçulmano percorria as mesquitas do Oriente Médio
advertindo os fiéis para a fatalidade iminente da invasão dos cruzados. Eles
estavam chegando.
Preparem-se,
dizia ele, para que possamos evitar a catástrofe. Os cruzados são cruéis e
selvagens, ignorantes e incultos. Estuprarão nossas mulheres, matarão nossos
filhos, massacrarão nosso povo, incendiarão nossas cidades e aldeias.
Pelo que se
viu na história, não lhe deram ouvidos.
Na verdade,
de acordo com o relato de Amin Maaloup no livro “As Cruzadas Vistas pelos
Árabes”, que cito de memória, os cruzados chegaram, estupraram as mulheres,
mataram as crianças, incendiaram cidades e aldeias e massacraram as populações
do Oriente Médio que estavam em seu caminho até Jerusalém.
Foi uma
carnificina, em geral ignorada pelos historiadores ocidentais até pouco tempo
atrás. Foram precisos mil anos para que um historiador egípcio contasse a
verdadeira história.
Que lição
se pode tirar desses eventos para o momento eleitoral que estamos vivendo?
Os tucanos
estão chegando de novo, conduzidos não por um bárbaro, mas por um boa-vida. Vai
entregar o governo aos “melhores”.
E quem são
os tucanos? São os desestruturadores do Estado brasileiro, os que venderam a
preço de banana nossas estatais – vide o crime da privatização da Vale do Rio
Doce, e um crime ainda maior, por suas consequências estratégicas, que foi a
privatização da Telebras e da Embratel.
Contudo,
uma grade parte da nação não dá ouvidos a essas advertências. E a razão é
simples: o aparelho do Estado, não do governo – o nervo dele, a própria Justiça
-, foi aparelhado por simpatizantes tucanos para tentar liquidar com a
candidatura de Dilma.
Os tucanos
aparelharam, em relação ao chamado escândalo do “mensalão”, uma parte
majoritária do Supremo Tribunal Federal. Essa parte do Supremo condenou pessoas
sem crime. Não cuidou de ouvir e examinar provas.
Promoveu o
mais selvagem massacre de reputações de inocentes, a partir de suas cadeiras
majestáticas, de que se tem notícia desde o caso Dreyfus, na França, na virada
do século XIX.
Agora é um
juiz do Paraná que, descaradamente, cria uma dupla identidade para o segredo de
justiça a fim de liberar declarações sem provas de um criminoso confesso, em
pílulas diárias, com o óbvio propósito de desestabilizar a campanha de Dilma
pela grande mídia, praticamente às vésperas das eleições.
O que está
acontecendo é um acinte ao povo brasileiro. Ora tudo era segredo de justiça
pela delação premiada, ora as mesmas delações são liberadas para o grande
público, em nome do “direito da sociedade de tomar conhecimento” dos fatos.
Isso funciona?
Funciona
sim, no inconsciente coletivo, porque a mídia que tanto valor dá à liberdade de
imprensa, abre mão do direito de sua liberdade de perguntar ao juiz: Por que
agora? E por que o duplo critério de segredo e abertura?
Obviamente,
estamos sob a ameaça de um golpe jurídico-midiático para desestabilizar o
Estado.
Creio que,
dadas as possíveis consequências de uma eventual eleição do Aécio, caminhemos
para a maior crise social e política jamais experimentada pelo Brasil desde o
golpe de 64.
Agora os
militares estão quietos. Isso, porém, não garante que a parte da sociedade a
ser esbulhada nesse golpe se contentará com mais uma onda de um governo
anti-pobre e anti-povo, que tentará enfrentar a crise, esta, sim, inevitável,
andando para trás.
Não vou
sair por aí discursando em mesquitas, mas advirto: Olha, os tucanos estão
chegando! Ainda há tempo de se precaver.
Comentários
Postar um comentário
comentário no blogspot