A receita de Eduardo Cunha para virar heroi da mídia
Eduardo Cunha, na TVeja
Eduardo Cunha, candidato à presidência da Câmara, descobriu uma coisa aos 56 anos: basta ser contra o governo para virar um herói da mídia.
Cunha concede entrevistas, nestes últimos tempos, como se fosse um
supercraque da Champions League.
Ele é um personagem ubíquo em jornais, revistas e sites das
grandes empresas jornalísticas.
Bater em Dilma e no governo opera um milagre da transformação em
seu perfil como personagem da mídia.
Cunha agora aparece dando sermões sobre corrupção – ele que no A a
Z da malandragem preenche virtualmente todas as letras.
É que ele passou a ser amigo da imprensa.
Um fenômeno parecido ocorreu, algum tempo atrás, com Joaquim
Barbosa. Era visto com extrema reserva por ter sido indicado por Lula para o
STF.
Depois que passou a dar cacetadas no PT no Mensalão, virou
manchete diária. Numa de suas capas já clássicas pelo bestialógico, a Veja o
chamou de “o menino pobre que mudou o Brasil”.
Pausa para rir.
JB, está claro, não mudou nem a si próprio, ou o Supremo, ou o
Judiciário — e muito menos o Brasil.
No site da Veja, antes que Eduardo Cunha fosse promovido a aliado, ele foi
incluído num levantamento chamado “Rede de Escândalos”.
Ali você lê que ele é alvo de inquéritos no STF por crimes
tributários.
Repare: crimes, plural, e não crime, singular.
Você fica sabendo também que ele responde a ações por crimes de
improbidade administrativa.
Fora do levantamento, o jornalista Lauro Jardim, da seção Radar,
informa que Eduardo Cunha é mentiroso.
“Eduardo Cunha andou falando que não conhecia o lobista Fernando
Soares, o Baiano, citado por Paulo Fernando Costa em seus depoimentos.
Admitiu, no máximo, ter estado com ele sem saber quem era.
Elogiado até por adversários por sua memória prodigiosa, Cunha
deve ter tido, sabe-se lá por que, um lapso.
Baiano já esteve diversas vezes na casa de Cunha, no Rio de
Janeiro, em companhia de outras pessoas.”
Cunha, se não fossem suficientes ao dados da Veja, agride a
Constituição como dono de rádio. Político, diz a Constituição, não pode ter
rádio. Mas Cunha, como tantos outros representantes do atraso, tem – mediante
gambiarras jurídicas de moralidade abaixo de zero.
Era assim que ele era apresentado pela mídia enquanto era aliado
de Dilma.
Hoje, ele parece Catão, o último reduto da moralidade romana, se
você acreditar em jornais e revistas.
Numa entrevista à tevê da Veja, a apresentadora Joice Hasselman, a
Sheherazade loira, prostrou-se diante de Cunha.
O colunista do UOL Josias de Sousa, em sucessivos textos, vem
tratando com reverência Cunha, e repercutindo prazerosamente suas previsões
apocalípticas sobre Dilma, bem como suas palavras edificantes contra a
corrupção.
E eis Cunha então como um quase santo, aos olhos da mídia.
Sua obra
suprema para a beatificação: ser contra Dilma.
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