Atos do 15 de Novembro - Uma Verdadeira Zona
Uma das manifestantes que defendia a deposição de Dilma pelas Forças Armadas
Divergência sobre
apoio ao golpe militar racha ato em SP
Segundo a PM, 2,5
mil pessoas foram à avenida Paulista pedir a deposição de Dilma. Entre os
presentes estava Aloysio Nunes (PSDB-SP), candidato a vice de Aécio Neves.
A manifestação
contra a presidenta Dilma Rousseff neste sábado em São Paulo foi marcada por um
racha. Cerca de 2,5 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, reuniram-se no Masp
para pedir a queda de Dilma, mas divergiram quanto ao método: parte pedia o impeachment.
Outros clamavam pela “ajuda” do exército. Dilma foi reeleita no último dia 26
de outubro com mais de 54 milhões de votos.
A divergência foi tamanha que o ato,
após a concentração no Masp, dividiu-se em três, cada um com seu carro de som:
uma parte ficou por ali mesmo. Outros marcharam até a praça da Sé, descendo
pela avenida Brigadeiro Luiz Antônio. E um terceiro grupo, formado pelos
defensores de uma “intervenção militar”, rumou com seu carro de som para o
Comando Militar do Sudeste, um quartel do exército ao lado do parque do
Ibirapuera.
Alguns políticos marcaram presença na
avenida Paulista: o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), candidato a vice na chapa
de Aécio Neves, não discursou mas foi bastante festejado e tirou muitas fotos
com admiradores. O deputado estadual Eduardo Bolsonaro (PSC-SP), filho do
deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) estava em um dos três carros de som.
Eduardo, flagrado com uma arma na cintura no ato anti-Dilma de primeiro de
novembro, desta vez afirmou a jornalistas que estava desarmado. Outro muito
assediado pelos presentes foi o ex-comandante da Rota e deputado estadual
eleito Coronel Telhada (PSDB-SP). Estava ainda no ato Gilberto Natalini,
candidato a governador pelo PV nas eleições deste ano.
Lobão “traidor do
movimento"
Um dos líderes e maiores divulgadores
da manifestação, o cantor Lobão, evidenciou o racha, ameaçou abandonar o ato e
deixou aflitos seus seguidores no Twitter. Chegou a descrever o protesto como
“cilada infame”, e complementou: “Chego no Masp e a primeira coisa que vejo é
um carro de som com os dizeres ´Intervenção Militar Já!´. Palhaçada!”. A reação
foi imediata: o roqueiro foi chamado de “burro”, “petista” e “covarde” por seus
seguidores. Depois que a manifestação partiu-se em três o artista, contudo, mudou
de ideia e juntou-se ao grupo que desceu até a Praça da Sé. E tranquilizou seu
fãs: “Voltei!”.
Tirando o bate-boca entre as diferentes
facções (defensores do impeachment X defensores do golpe militar), o ato
transcorreu sem maiores problemas. O único relato na imprensa de agressão é da
reportagem do UOL, que presenciou um rapaz de camiseta vermelha sendo agredido
(sem gravidade) por dois idosos de verde e amarelo.
As bandeiras tinham em comum o desejo
de retirar Dilma do poder imediatamente e o ódio a Lula, ao PT, ao Foro
de São Paulo, a Cuba, a Venezuela, ao bolivarianismo, ao comunismo e a qualquer
coisa “de esquerda”. Cartazes saudavam Olavo de Carvalho, as Forças Armadas, a
revista Veja e o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa. Também havia muitas menções
à operação Lava-Jato e à Petrobras. Havia ainda críticas a alguns veículos de
comunicação em faixas e cartazes. Jornalistas do Grupo Folha, por exemplo,
foram chamados de “imprensa petralha”.
O dress-code do ato era usar cores da
bandeira do Brasil. Quem não vestia camisas da seleção, trajava alguma outra
peça verde, amarela ou azul. Foram distribuídas fitinhas do Nosso Senhor do
Bonfim, e camelôs vendiam bandeiras do Brasil. Marcaram presença também
bandeiras do Estado de São Paulo, empunhadas por jovens tatuados com camisetas
aludindo à Revolução de 32 ou pedindo a “volta do CCC”, o Comando de Caça aos
Comunistas, organização paramilitar responsável por espancamentos e mortes
durante a ditadura militar.
Na trilha sonora do protesto, músicas
como Reunião de Bacana, do Fundo de Quintal (“Se gritar pega ladrão...”), Até
Quando Esperar (Plebe Rude) e o Hino Nacional.
Teve também um Pai-Nosso puxado do alto
do carro-de-som mais potente por um padre não identificado. Antes de começar a
rezar o homem de batina discursou contra “o crescimento do Islã no Brasil”,
contra o “gayzismo”, “pela família” e concluiu afirmando que um golpe militar
“ainda não é necessário”.
Em outras cidades
Neste feriado de Proclamação da
República, outros atos aconteceram no Brasil afora. A adesão, contudo, foi bem
inferior a São Paulo. Em Porto Alegre eram “centenas” (?) de manifestantes, segundo
o jornal Zero Hora; em Belo Horizonte a Polícia Militar estimou em 600 os
presentes; em Brasília, um pequeno grupo se reuniu em frente ao Congresso
Nacional.
No Rio de Janeiro a PM falou em 150
manifestantes em Copacabana. Na capital carioca a estrela foi o deputado
federal Jair Bolsonaro. Primeiro o parlamentar “denunciou” o plano do governo
para “impor o socialismo no nosso País”, para em seguida afirmar: “O socialismo
é o nome de fantasia para o comunismo”. E concluiu: “são poucos [os
manifestantes], mas valem pela qualidade”.
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