Os aloprados que gritam “Vai pra Cuba” podem pedir dicas para a poderosa irmã de Aécio — que foi e curtiu
Andrea e Lobão
A
multidinha que invadiu as galerias do Congresso para gritar o clássico “Vai pra
Cuba” do fundo de seus pulmões pode pedir à irmã de Aécio Neves informações
sobre a ilha.
Andrea, a poderosa irmã do senador, seu braço direito,
conselheira, confidente e coordenadora de campanha, esteve no país em 2013,
como relata em seu blog. Portanto, em pleno auge do regime bolivariano
brasileiro, pouco antes de Aécio se candidatar. Pouco depois ele perderia e
viraria uma espécie de heroi macunaímico dos aloprados que têm certeza absoluta
de que vivemos uma ditadura comunista.
O que
pensariam os fascistas das visitas de Andrea? Seriam capazes de perdoá-la? Ou
ela seria considerada uma traidora? E ao senador? Seria ele culpado por tabela?
Deveria ter proibido a mana de embarcar naquele avião maldito rumo ao reduto
vermelho maldito?
Aquela não
foi a primeira vez. Num post sobre Havana,
uma Andrea emotiva escreveu o seguinte:
“Voltei a Cuba. Entre a primeira e a
segunda viagem, quase 30 anos… Mudou Havana, mudei eu ou mudamos nós duas?”
Enigmático. Mas seu ânimo não era denuncista, como se depreende
das fotos. Junto a cartões postais como o parlamento e uma rua com aqueles
edifícios restaurados, há uma foto sua com um velhote, ambos sorridentes.
Em 2012, ela se indignara contra a morte do prisioneiro político
Wilmar Mendoza após uma greve de fome, aos 31 anos. “Para a minha geração,
durante muitos anos, a revolução cubana foi o símbolo do idealismo e a prova de
que era possível construir uma sociedade mais justa”, escreve.
“Não sei em que exato momento muitos de nós começaram a perceber
que, infelizmente, o processo não era tão linear, nem os princípios tão
absolutos quanto imaginávamos. Em que momento tivemos que acrescentar ao nosso
sonho de revolução as imagens da censura, dos prisioneiros políticos, da
corrupção?”
(Ela reclamar de censura é lindo, mas sigamos adiante).
E então ela se lembra de que esteve lá em 1985, participando de um
certo Diálogo Juvenil e Estudantil da América Latina e do Caribe sobre a Dívida
Externa. Foi ali que teve sua estreia como oradora. “Para quem até hoje não se
sente à vontade com os microfones, estrear sendo ouvida pelo próprio Fidel, num
auditório lotado, não foi fácil”, diz.
Quando
voltou, publicou um artigo no JB chamado “Mamãe, Eu Fui a Cuba”, devidamente replicado no blog.
O que você achou de Cuba? Perguntaram-me as pessoas. Uma sociedade
surpreendente, ouso dizer, tendo plena consciência do quão provocativa a
expressão pode soar. É claro que o país enfrenta uma série de dificuldades. Uma
economia frágil, uma política de habitação que ainda não foi capaz de suprir as
necessidades da área, são as mais evidentes. Mais algum tempo lá e, certamente,
outras questões viriam à tona. Mas há outra realidade que salta aos olhos e
que, juro, me encheu de orgulho.
Uma sociedade em que um especializado e eficaz serviço de educação
e saúde é gratuitamente oferecido à população. Um país de nove milhões de
habitantes em que a alimentação básica é subsidiada pelo Governo e onde se
imprimem 2,5 milhões de livro a cada três meses. E isso sem falar na alegria
das crianças, nas minissaias das moças e no olhar galante dos rapazes que se
insinuam pelas ruas. Tudo regado a muito calor, a reclamações sobre o ônibus
cheio e à irreverência dos soldados que, na hora do almoço tiram a farda para um
mergulho no mar.
[...]
Chego em casa, desarrumo as malas e penso em como é grande o
cordão da esperança. É isso aí. Mamãe, eu fui à Cuba. E qualquer dia desses eu
quero voltar.
“No mais”, bate outra vez, com esperanças o meu coração”.
Andrea Neves não sobreviveria à canalha de extrema direita que seu
irmão atiça — eventualmente, direto da praia.
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