ANO EXUBERANTE DA IMPRENSA MEQUETREFE
Finalmente
chega ao fim este 2014, um ano com todo o jeitão de “ano facultativo”.
Carnaval, semana santa, 11 feriados nacionais diversos? Bem, isso é para um ano
comum, ordinário.
Fato é que 2014 contou com uma surpreendente
Copa do Mundo de Futebol em junho e, também, com concorridas eleições
presidenciais em outubro.
Isso fez toda a diferença – festa, mais festa
e novas festas.
Futebol e política, democracia em todo seu
esplendor – vibração incomum se estendendo nos campos de futebol de 12 capitais
brasileiras, manifestações a favor e contra, black blocs, ruas incendiadas.
É exatamente este o 2014 que entra em nossa História. Tempo de
desafios, , decisão entre modelos de governança, escolha entre
visões de mundo, opção entre justiça econômica e justiça social, mais Estado e
Estado mínimo, mídia conflagrada como há muito não se via – partidarizada até a
medula, alguns veículos de comunicação envergonhadamente torcendo contra o
Governo e açodadamente servindo como assessoria de imprensa de uma Oposição
curtida em três imensas derrotas majoritárias que se alongam de 2002 a 2014 e transbordará
para depois de 2018.
A grande perdedora de 2014 não foi a Oposição,
porque esta perdeu para si mesma – sem propostas, sem discurso que empolgasse
200 milhões de brasileiros e sempre jogando na retranca quando não podia
aumentar a torcida pelo sempre aguardado – e sempre adiado – caos que nunca
veio e nunca se materializou.
A grande perdedora de 2014 foi a grande
imprensa – TV Globo, O Globo, Folha de S.Paulo, Estado de São Paulo, revistas
Época e Veja – que abdicou do jornalismo para descambar na panfletagem
política, começando por ocultar dos lugares de relevo (capas, primeiras
páginas, cadernos nobres, grandes reportagens, escalada de telejornais em
horário nobre) o megaescândalo dos trens/metrô de São Paulo envolvendo
sucessivos governos tucanos em
São Paulo por mais de década e meia, a formidável seca de
água em São Paulo ,
a maior metrópole da América Latina, resultante da falta de previsibilidade dos
governos tucanos aliado à ausência de investimentos a hora e a tempo na
mastodôntica empresa de águas e esgotos de São Paulo, a Sabesp.
A mesma grande imprensa que nunca deixou
passar qualquer vestígio, por tênue que fosse envolvendo lideranças petistas em
malfeitorias ou com algum trânsito com o Governo Federal.
A falência jornalística dos maiores
conglomerados de comunicação do país pode ser autopsiada mediante a absoluta
ausência de investigação e de respostas cabais para o barulhento e
inconveniente passivo que legará para o ano novo de 2015:
1 - Qual o volume de recursos financeiros do
governo de Minas Gerais aplicados ao longo de 12 anos nas empresas de
comunicação Arco-Íris, de propriedade do senador derrotado à presidência
República Aécio Neves?
2 - De onde vinha, para onde seguia e em quais
aeroportos e pistas de pousos, ao menos em Minas Gerais , fizera
uso o helicóptero apreendido com 449 quilos de cocaína de propriedade do
senador mineiro Zezé Perrela (PDT-MG), correligionário do senador Aécio Neves?
3 - A quem pertencia o avião que matou o
presidenciável pernambucano Eduardo Campos e quais os motivos do PSB para não
esclarecer os custos da citada aeronave ao longo da campanha de Eduardo Campos
e sua substituta Marina Silva à presidência da República?
4 - Porque a grande imprensa simplesmente se
faz de morta - passados 8 meses! - desde que o ministro Gilmar Mendes pediu
vistas durante julgamento no STF, no exato momento em que seis ministros já
reconheciam que as doações de empresas para campanhas eleitorais ferem a
Constituição? Onde as cobranças, os editoriais e as matérias investigando os
motivos que levam Gilmar Mendes a travar por tão longo prazo a conclusão do
importante julgamento, mesmo sabendo que seu voto em nada poderá alterar a
decisão da Suprema Corte?
Essas são as grandes questões que 2014 lega
para 2015.
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