Parlamentares insistem em punição para Jair Bolsonaro
Para Vanessa, “é inadmissível que tais declarações sejam albergadas pela imunidade. O alcance dessa prerrogativa não é absoluto.”
No dia em que o Conselho de Ética da Câmara
instaurou processo por quebra de decoro contra o deputado Jair Bolsonaro
(PP-RJ), nesta terça-feira (16), um grupo de senadoras entregou ao presidente
do senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), requerimento aprovado pela Comissão de
Direitos Humanos pedindo que a Mesa do Senado encaminhe à Câmara dos Deputados
representação contra o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) por quebra de decoro
parlamentar.
No último dia 9, o deputado, falando da tribuna
da Câmara, disse à colega Maria do Rosário (PT-RS), que não a estupraria
"porque ela não merece”. Maria do Rosário, ex-ministra-chefe da Secretaria
de Direitos Humanos, havia acabado de discursar sobre o relatório final da
Comissão da Verdade, quando classificou a ditadura militar de “vergonha absoluta”.
A
senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Procuradora da Mulher no Senado,
defendeu a punição ao deputado. “O que ele fez não foi um ato contra uma
deputada, foi um ato contra todas as mulheres. Incita a violência, o ódio, o
preconceito. É uma conduta que é vedada pela Constituição e definida como crime
na lei”, classificou a senadora.
Momentos
antes, quando saia do Supremo Tribunal federal (STF), acompanhando a deputada
Maria do Rosário, que apresentou queixa contra Bolsonaro, a líder da bancada
feminina na Câmara, deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), disse que se a Câmara não
punir o deputado, ficará "desmoralizada".
"Se
a Câmara dos Deputados não punir alguém que em seu plenário incita o crime, ela
será desmoralizada perante a sociedade. Por isso, eu acredito que haverá uma
punição, porque senão, o povo brasileiro não respeitará o Congresso que o
representa", enfatizou a deputada.
Sem imunidade
A
senadora Vanessa Grazziotin não acredita que Bolsonaro deva ser protegido pela
imunidade parlamentar, já que, segundo ela, o deputado incorreu em crime. Além disso,
segundo afirmou Vanessa, ele reiterou as manifestações em uma entrevista alguns
dias depois, e, assim, emitiu as mesmas opiniões fora do contexto de atividade
parlamentar.
“É
inadmissível que tais declarações sejam albergadas pela imunidade. O alcance
dessa prerrogativa não é absoluto”, protestou ela.
Para a
senadora, Jair Bolsonaro está sujeito tanto a um processo de cassação por
quebra de decoro parlamentar quanto a uma imputação criminal. Ela acredita que
deve ser levado em conta o fato de que o deputado “é reincidente nas agressões
e no desrespeito às pessoas”.
A
senadora Lídice da Mata (PSB-BA), que como Vanessa, também é membro do Conselho
Nacional de Direitos Humanos (CNDH), que também apresentou queixa contra
Bolsonaro, parabenizou a colega pela manifestação.
Lídice
da Mata chamou atenção para as implicações que enxerga nas palavras de
Bolsonaro. “O deputado expressa um machismo profundo, e expressa a ideia de que
uma mulher que é desejável pode ser premiada com estupro”, alertou.
Com agências
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