KOTSCHO SOBRE RACHA DO PSDB: “PARECE QUE AGORA CAIU A FICHA”
"Parece que agora caiu a ficha dos tucanos" sobre o
racha no PSDB, escreve Ricardo Kotscho, em seu blog,
ao comentar a carta enviada pelo vice-presidente da legenda, Alberto Goldman, à
direção do partido. Para o ex-governador Paulista, o PSDB "não tem um
projeto de país". Para Ricardo Kotscho, a falta de diálogo, também
criticada por Goldman, foi comprovada na discussão sobre a reforma política.
"Até o último momento, eternamente em cima do muro, os tucanos não sabiam
o que fazer", diz o jornalista. Leia seu artigo:
PSDB dividido: "Nós não
temos um projeto de país"
Quem
colocou o dedo na ferida, expondo a divisão interna do partido, não foi nenhum
bolivariano inimigo, mas o próprio vice-presidente do PSDB, Alberto Goldman,
que enviou nesta terça-feira uma carta à direção da legenda na qual escreve com
todas as letras o que está no título desta coluna:
"Nós
não temos um projeto de país".
Já
constatei isso várias vezes aqui no blog, mas parece que agora caiu a ficha dos
tucanos, revelando uma divisão interna do maior partido da oposição, que a
mídia amiga já não pode esconder. Para Goldman, ex-governador de São Paulo
muito ligado a José Serra, o partido até agora não conseguiu explicar ao
eleitorado o que teria feito se tivesse vencido as eleições presidenciais. Não
fez isso durante toda a campanha eleitoral do ano passado e não apresentou
nenhuma proposta nas recentes propagandas na televisão, limitando-se a detonar
o governo petista.
O
primeiro vice-presidente do partido reclamou também que "a falta de debate
interno se agravou no período recente de Aécio Neves", que assumiu o
comando do partido antes de se candidatar à presidência da República, depois de
um longo domínio do alto tucanato paulista . Goldman lembrou que o PSDB não
discutiu internamente até agora qual posição tomar nos debates sobre a reforma
política e o ajuste fiscal proposto pelo governo.
Isso
ficou claro na noite de terça-feira durante a votação do projeto de reforma
política apresentado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Até o último
momento, eternamente em cima do muro, os tucanos não sabiam o que fazer. Diante
de mais um racha no partido, Aécio impediu que o PDSDB fechasse questão a favor
do distritão defendido por Cunha. Resultado: 21 tucanos foram a favor, mas 28
votaram contra.
D.
Eduardo I derrotado
A
defecção do PSDB, um aliado de ocasião do presidente da Câmara para desgastar o
governo Dilma, contribuiu para a primeira grande derrota de D. Eduardo I e
Único nos seus próprios domínios. O estilo imperial de Eduardo Cunha,
tratorando até seus mais fieis aliados, levou-o a uma derrota humilhante e lhe
mostrou que não pode tudo. Todo poder tem seus limites.
A
sua proposta prioritária de adoção do voto distrital nas eleições parlamentares
foi derrotada por 267 a 210, quando precisava de no mínimo 308 votos para mudar
o sistema eleitoral. Até no PMDB lhe faltaram votos: 13 deputados do seu
partido votaram contra a proposta de Cunha.
No
Senado, seu parceiro Renan Calheiros, outro aliado-desafeto do governo, também
saiu derrotado na primeira votação do pacote do ajuste fiscal em que foram
aprovadas restrições ao seguro desemprego e ao abono salarial. O resultado foi
bem apertado (39 a favor e 32 contra), mas representou mais uma vitória de
Dilma-Temer contra Renan-Cunha na queda de braço travada entre o governo e o
Congresso.
A
cada dia sua agonia, no ganha e perde da guerra política, que parece não ter
fim.
Vida
que segue.
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