SHOW DE HORROR: ESTADO ISLÂMICO É O PRESENTE QUE OS EUA DEIXARAM PARA O MUNDO ÁRABE.
Foto postada pelo blog Bastidores
Mestre Mauro Santayanna publicou ontem um
intenso e pungente lamento sobre o destino dos países árabes “democratizados”
pelo Ocidente, a poder de bombas, foguetes e mísseis, diretamente, e do
fornecimento às toneladas de armamentos para os “rebeldes” que iriam fazer
florir democracias sobre seus desertos e vales. Os mesmos que formam agora o
autoproclamado Estado Islâmico.
ÀS PORTAS DE BAGDÁ
Por Mauro Santayanna
Prometeram-lhes a Primavera. Mas nenhuma flor brotou de seus cadáveres,
a não ser as formadas pelas algas e organismos marinhos que cobrem os seus
corpos no fundo do Mediterrâneo.
Disseram-lhes que haveria paz, justiça, progresso, conforto e liberdade.
E em troca lhes deram o caos de que procuram fugir a qualquer preço, a guerra,
a injustiça, a destruição, o medo, a opressão e a miséria, e atacaram, com seus
aviões e navios e as bombas e balas de seus mercenários, seus países, suas
lojas, suas escolas, seus consultórios, seus poços e suas fontes, seus campos
de trigo, seus bosques de oliveiras, matando seus cavalos, suas vacas, suas
ovelhas, e explodindo suas pontes e seus templos.
Suas casas e ruas agora estão em ruínas. Seus móveis e os retratos de
seus pais foram queimados para fazer fogo e assar o pão escasso enviado por
outros povos, muitos de seus filhos e filhas morreram e os que sobraram não vão
mais aos parques, nem ao zoológico, nem à escola, e caçam ratos entre os
escombros em que se misturam os restos de mesquitas, igrejas e sinagogas.
Aqueles que prometeram a Primavera transformaram professores,
agricultores, trabalhadores, médicos, engenheiros, comerciantes, em fantasmas
que vagueiam agora aos milhares, enterrando seus velhos e seus recém-nascidos
por trilhas, montanhas, mares e desertos hostis e inóspitos, sem poder
prosseguir diante de fronteiras e portos que não permitem a sua entrada,
obrigando-os a fazer dos restos de suas túnicas e bandeiras farrapos imundos
que cobrem seus frágeis abrigos e tendas provisórias.
Aqueles que haviam lhes prometido a Primavera tinham dito que era
preciso que seus ditadores caíssem, para que fossem felizes. E para derrubar os
antigos líderes de seus países, dividiram seus povos e as armas que trouxeram
de fora, equipando exércitos de assassinos, de sádicos, estupradores e
mercenários, permitindo que seus bandidos fossem e matassem.
Foi assim que eles derrubaram, então, aqueles que governavam antes. Os
enforcaram ou espancaram na rua, como cães, até a morte, destruíram as
estradas, ferrovias, aeroportos, avenidas, represas, aquedutos, viadutos,
hospitais, as estátuas e os palácios que Saddam, Kadafi, haviam construído, e
mataram também seus filhos, para que não os vingassem, e aqueles que um dia os
tinham apoiado, e espancaram e assassinaram também seus filhos pequenos e
violentaram suas filhas e mulheres.
“Vão”, disseram os que haviam prometido que semeariam a Primavera. E
seus assassinos foram. Os mesmos que agora voltaram-se contra eles, que degolam
seus prisioneiros ajoelhados na areia, e se espalharam em bandos e seitas pelo
Oriente Médio e o Norte da África.
Eles querem montar um Estado – Islâmico, eles o chamam – onde antes
existiam, de fato, a Líbia, a Síria e o Iraque. Estão às portas de Bagdá.
Tomaram Ramadi e Palmira. E cobiçam Trípoli e Damasco.
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