Estadão confirma que PSDB está sem rumo e tucanos vivem “crise de identidade”
FHC, Aécio, Marin e Del Nero
Estadão e
a ‘crise de identidade’ tucana
Por
Altamiro Borges
O artigo “Ninguém se entende no PSDB” gerou polêmica nas redes sociais.
Tucaninhos amestrados alegaram que a Dilma é quem está em crise e que a
oposição vive seu melhor momento. Alguns mais aloprados voltaram a defender a
maluquice de que o cambaleante Aécio Neves foi roubado na eleição do ano
passado, o que justificaria a tese golpista do impeachment da presidenta.
Agora, porém, é o Estadão, que nunca escondeu seu apoio
ao PSDB, que reforça a leitura de que a sigla vive uma “crise de identidade”.
Em três matérias publicadas neste sábado (6), o jornal confirma que, de fato,
ninguém se entende no ninho tucano e que as bicadas são mais sangrentas a cada
dia que passa.
O primeiro texto, assinado por Erich
Decat, explica o imbróglio. “Com dificuldades para impor a sua agenda mesmo
diante de um governo federal enfraquecido, o PSDB vai renovar a sua Executiva
Nacional no próximo mês buscando superar uma espécie de crise de identidade
pela qual passa e estruturar um discurso para as eleições municipais de 2016.
Embora
comemorem a deterioração da imagem do governo Dilma e do PT, setores do PSDB
admitem que ainda falta à legenda mecanismos para poder capitalizar a
insatisfação dos eleitores. Internamente há também cobranças para se
‘decodificar’ o discurso dos tucanos e críticas à falta de uma postura mais
clara em temas que envolvem o dia a dia da sociedade”.
Dissidências
internas e críticas externas
Conforme
aponta a reportagem, posições recentes da bancada federal foram alvo de
críticas de tucanos históricos por contrariarem as antigas decisões do partido
– principalmente o apoio ao fim da reeleição e à flexibilização do fator
previdenciário, instituídos no governo de FHC.
“Neste
semestre, o PSDB também viveu momentos de dissidências interna e críticas
externas ao decidir descartar a possibilidade de pedir o impeachment da
presidente Dilma Rousseff. Após queda de braço entre integrantes da bancada na
Câmara e a cúpula do partido, optou-se, a contragosto de parte dos deputados,
por um pedido de ação penal contra Dilma por causa das chamadas pedaladas fiscais”.
O jornalista ouviu deputados federais e integrantes da
executiva nacional da legenda. O chororô é intenso. Alguns criticam o
“eleitoralismo” da sigla; outros apontam a ausência de formulação política; há
também ataques à falta de democracia interna. Em síntese: o PSDB está sem rumo
e sem projeto. Mas o Estadão evita explicitar uma das principais
razões desta “crise de identidade”: a briga entre os caciques tucanos com
vistas às eleições municipais de 2016 e, principalmente, ao pleito presidencial
de 2018.
No
dos trechos, o jornalista afirma apenas que “o atual presidente da sigla,
senador Aécio Neves (MG), será reconduzido ao cargo em uma cúpula que será
reforçada pela ala paulista”. As bicadas são sangrentas!
As
farpas do grão-tucano FHC
O
jornal também abriu generoso espaço, novamente, para FHC – que até parece o
presidente de honra da mídia privada. Na longa entrevista, o grão-tucano solta
umas farpas contra a bancada federal, que o apunhalou pelas costas. Ele
criticou os votos pelo fim da reeleição e contra o fator previdenciário, duas
criações do seu reinado.
“Eu
continuo favorável à reeleição e não creio que o tempo de experiência tenha
sido suficiente para invalidá-la… Acabar com o fator agrava a situação fiscal
e, a médio prazo, o custo disso cairá no bolso do povo. O PSDB votar como votou
abala seu prestígio, embora em camadas de menor peso eleitoral”.
O
“príncipe da Sorbonne” ainda teoriza sobre os dilemas da sua criatura. “A
imagem de um PSDB desunido aparece toda vez que estamos próximos a uma disputa
eleitoral ou quando há ansiedade diante de grandes impasses… Como a maioria dos
partidos, o PSDB, embora tenha uma postura reconhecida – que os adversários
acusam de ser elitista, quando na verdade é, como se diz agora, ‘republicana’
–, não possui unidade, digamos, ideológica… É compreensível que haja hesitação:
votar contra tudo que vem do governo ‘do PT’, como este fez quando éramos
governo, ou manter a coerência? Para mim não há dúvidas: é manter a coerência,
denunciando, ao mesmo tempo, o oportunismo do PT”.
“Brasilianista”
dá conselhos de Washington
Por último, o Estadão ainda abre suas páginas para um
“brasilianista”, o pesquisador estadunidense Peter Hakim, presidente emérito do
instituto “Inter-American Dialogue”, sediado em Washington, definir quais
seriam as tarefas do PSDB – algo bem característico de um jornal colonizado.
Na
entrevista, ele adverte o tucanato par evitar aventuras imediatistas. “O
impeachment irá danificar o PT, mas provavelmente não vai beneficiar muito o
PSDB. Sob praticamente qualquer cenário que imagino, o PMDB será o principal
beneficiário de um impeachment”, alerta.
Para
ele, o PSDB deve manter a coerência com os seus princípios “e evitar perseguir
ganhos táticos imediatos”.
“Não
há nenhuma boa razão para o PSDB mudar a sua agenda básica. O melhor caminho
para Aécio é ficar com o programa que lhe trouxe 48% dos votos. O PSDB perdeu
quatro eleições consecutivas, mas os princípios básicos e a moderação do PSDB
estão ganhando mais força, como resultado do progresso que o Brasil fez em
direção a uma sociedade de classe média pagadora de impostos e das falhas
claras do PT. Seria um erro para Aécio mudar de rumo radicalmente. O PT
danificou a própria imagem, os manifestantes de 2013 e deste ano foram para as
ruas por causa de erros do PT e seu fraco desempenho, não por causa de
campanhas anti-PT feitas pelo PSDB”, conclui o “brasilianista” descaradamente
tucano. Os conselhos do estadunidense confirmam a crise de identidade do PSDB.
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