O PT AINDA VIVE? SIM, COM CERTEZA!...
Os Zumbis da direita golpista começam a perder força.
A
Resolução Política do Partido dos Trabalhadores, divulgada ontem, mostra que a legenda ainda possui um esqueleto
resistente e uma coluna vertebral intacta.
E que, sobretudo,
ainda vive!
Agora só falta o PT
assumir de fato o governo e convencer a presidenta de que ela também pertence a
este partido…
*****
O desgaste de
governar o Brasil, as conspirações judiciais, os ataques diuturnos da mídia, os
erros políticos, as inúmeras traições internas, quase desossaram o partido,
quase o tornaram um bicho invertebrado, uma legenda amorfa.
O PT por pouco não
se converte num modelo de covardia e esvaziamento ideológico, que é a forma que
assumem os partidos quando morrem.
Felizmente, a
política é movida por forças dialéticas poderosas, quase orgânicas, que fogem à
compreensão e ao controle dos próprios atores sociais.
O PT, em sua fase
mais difícil, em seu momento mais perigoso, quando a história lhe oferece uma
encruzilhada mortal, escolheu a direção mais corajosa: enfrentar de frente,
cabeça erguida, o arbítrio.
Diante de toda
postura de intrepidez, eu sempre me lembro da máxima de um de meus escritores
preferidos, o nova iorquino Henry Miller: “nenhuma ousadia é fatal !”.
É interessante esse
momento: um partido de governo de repente se vê mergulhado numa atmosfera
psicológica de quase clandestinidade.
Coisas típicas do
Brasil: único país do mundo onde a polícia política opera contra o próprio governo;
onde a censura se dá também contra o governo; e onde o partido no poder é
tratado como agremiação clandestina.
Vivemos uma guerra
política diuturna, sem tréguas, uma guerra que usa as armas mais sofisticadas
da semiótica, da propaganda, da tecnologia da informação, da psicologia de
massas, e que impõe ao campo sob ataque uma severíssima e dolorosa rotina de
exercícios.
Diante desta
conjuntura paradoxal, entre ser simultaneamente governo e resistência, se
desdobra uma dessas lindíssimas ironias.
Ao contrário do que
esperava a mídia, o PT e sua militância aos poucos tem desenvolvido técnicas de
resistência e combate que poucos partidos no mundo tiveram oportunidade de
produzir.
Então voltamos à
máxima de Heraclito, um dos mais brilhantes e enigmáticos pensadores da
antiguidade: a guerra tudo cria, e de uns faz escravos, de outros, homens
livres.
A resolução do PT
mostra que a legenda escolheu seu caminho: a guerra e a liberdade.
Quer ser um partido
de homens – e mulheres – livres.
Essa escolha, a meu
ver, é o caminho inexorável da vitória, porque, em se tratando de uma guerra
política e psicológica, a vitória se dá antes das batalhas.
É uma vitória
interna.
Uma vitória sobre
si mesmo.
Uma vitória que se
respira.
Uma vitória de quem
ama o povo brasileiro, e que, por isso mesmo, não pretende explorar seus
vícios, como faz a mídia, ao atiçar seus instintos mais baixos, seus rancores,
seus ressentimentos, tentando sempre levar a política não para o campo do
debate de ideias, mas para a arena dos tribunais, onde prevalece o
autoritarismo.
No campo das
ideias, ao contrário, os truculentos, os autoritários, soçobram diante da
tríade criatividade, sensibilidade, inteligência.
Foi apenas por
isso, e exclusivamente por isso, que Aécio Neves perdeu as eleições em 2014.
Durante as
eleições, ficou bem claro quem representava a violência política, o
autoritarismo, a truculência midiática e judicial.
A mesma coisa vale
para hoje.
Quem são as forças
que crescem na esteira do avanço do autoritarismo, do conservadorismo, de todos
os sentimentos de violência e egoísmo social?
O PT, malgrado
todos seus infinitos erros, e até mesmo por causa desses erros, é o único
contraponto à judicialização da política, que é um disfarce mal ajambrado da
ditadura.
A aceleração dos
processos históricos, um fenômeno que ocorre desde a primeira revolução
industrial, nos permite, cada vez mais, observar e compreender algumas mudanças
que, em outras épocas, demandariam décadas, ou mesmo séculos, para serem
devidamente observadas e compreendidas.
Hoje podemos ver a
história, esta moça maliciosa, bipolar, que oscila entre o mais puro sadismo à
generosidade mais comovente, dançando, rindo e chorando diante de nossos olhos.
Testemunhamos o PT,
uma legenda que brotou do chão, do nada histórico, no momento mais crítico da
esquerda mundial, quando os regimes socialistas europeus se esboroavam em
ruínas envergonhadas, transformar-se em poucos anos no maior partido de massas
da esquerda latino-americana, talvez de todo o mundo democrático.
Vimos o PT
conquistar, num país com 200 milhões de pessoas, quatro grandes vitórias
presidenciais consecutivas, sempre tendo contra si as mais poderosas e mais
concentradas forças midiáticas do mundo.
Depois vimos o PT
envelhecer rapidamente, desgastar-se junto a população, perder sua juventude,
seu entusiasmo, seu tesão pela necessária luta em prol de uma sociedade mais
justa.
Vimos suas
lideranças serem condenadas, várias delas injustamente, em processos que se
constituíram em sofisticadas conspirações midiático-judiciais, conspirações
extremamente bem sucedidas no campo da guerra simbólica, com suas técnicas
goebelianas de psicologia de massas.
Vimos os estragos
terríveis provocados no PT, que de repente parecia uma cidade semidestruída, um
amontoado de escombros e corpos mutilados.
Pior de tudo: vimos
o PT enfiar-se no buraco de sua própria covardia, abandonando o povo às
influências nefastas de uma mídia reacionária, maligna, antinacional.
Entretanto, num
ambiente democrático, é muito difícil matar um partido de massas.
Aliás, não foi para
isso que lutamos tanto pela democracia? Para imortalizarmos as ideias de
independência, rebeldia, liberdade e soberania?
Essa é a razão do
ódio irracional, a razão pela qual crescem as demonstrações de irritação contra
a democracia e em favor de uma intervenção militar, o motivo da ascensão deste
neofascismo tupiniquim: porque eles sabem que, enquanto formos uma democracia,
as nossas ideias não podem morrer.
Ao contrário.
É a dialética da
natureza: o que não nos mata, nos torna mais fortes.
Os ataques que
tanto destróem produzem experiências, impõem posturas combativas, criam rotinas
e técnicas de resistência, que não existiriam não fosse o próprio fato da
guerra.
Como blogueiro, eu
tenho a oportunidade e, arrisco dizer, até mesmo o privilégio, de viver
intensamente todas essas experiências de luta política.
Philip Dick, o
grande escritor de ficção científica, numa entrevista concedida em 1974, fez
uma declaração que, a meu ver, resume o espírito com que criei este blog:
“Como fazer um
livro de resistência, um livro de verdade em meio a um império de falsidades,
um livro de retidão perante um império de odiosas mentiras?
Como alguém poderia
fazer isso, abertamente, diante do inimigo?
Como alguém poderia
fazer isso num futuro de tecnologias avançadas?
É possível para
liberdade e a independência surgirem sob novas formas, sob novas condições
históricas? Quer dizer, as novas tiranias conseguirão abolir esses protestos?
Ou haverá novas respostas e novas reações do espírito humano que não podemos
prever?”
É com esse espírito
de resistência que saúdo a resolução política do PT.
Os gladiadores
romanos, antes de iniciarem as batalhas das quais apenas alguns sobreviveriam,
saudavam o imperador:
– Ave César, os que
vão morrer te saúdam!
Diante da
demonstração de coragem do PT, eu diria o contrário:
– Ave César, os que
vão viver te saúdam!
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