DELATOR INCLUI DIRCEU EM NOVA DELAÇÃO, DIFERENTEMENTE DA ANTERIOR
247 – A forma como a Folha de S.
Paulo noticia a nova delação premiada contra José Dirceu, que, segundo consta,
estaria na iminência de ser preso novamente, desta vez pela Operação Lava Jato,
deveria servir à defesa do ex-ministro – e não à acusação.
"Delator diz agora que deu
R$ 4 mi a Dirceu em dinheiro vivo", diz a manchete da Folha. O que faz
toda a diferença é a palavra "agora", que levanta a primeira questão
intrigante. Por que, afinal, Júlio Camargo, que já prestou inúmeros depoimentos
ao juiz Sergio Moro, só agora mencionou a suposta propina a José Dirceu?
Afinal, se ele agora diz a
verdade, isso significa que, antes, ele mentiu. E um delator quando mente se
submete ao risco de perder todos os benefícios de uma delação premiada.
Colecionador de cavalos, Júlio
Camargo é um personagem folclórico no Jockey Club de São Paulo e, há décadas, é
tido como um dos maiores lobistas do País, tendo atravessado governos petistas,
tucanos e até anteriores. Caso se comprove que mentiu, agora ou antes, ele deveria,
em tese, perder a liberdade que vem desfrutando.
Outro ponto relevante da
reportagem da Folha de S. Paulo é a ausência de detalhes. "O juiz Sergio
Moro perguntou a Júlio Camargo se a nomeação de Renato Duque para a diretoria
de Serviços da Petrobras fora patrocinada por Dirceu, ministro da Casa Civil no
governo Lula. O delator disse que sim, e afirmou que chegou a entregar R$ 4
milhões, em espécie, para Dirceu a pedido de Duque. Ele não detalhou as
circunstâncias nem o local em que essa suposta entrega teria sido feita",
diz o texto da Folha.
Segundo a reportagem, a delação
"complica ainda mais" a situação do ex-ministro. No entanto, em
condições normais, seria vista como uma prova frágil. Advogados críticos às
delações argumentam que réus como Júlio Camargo negociam o que dizem em
troca da liberdade.
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