A quem Cunha e a oposição pensam enganar?
Sendo engolido aos poucos pelo fétido buraco do qual sempre esteve próximo
Por Chico Vigilante - líder do Bloco PT PRB
As manifestações do
presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e seus comparsas (do PSDB, DEM,
Solidariedade e outros) sobre a denúncia apresentada contra ele, na
quinta-feira, pela Procuradoria-Geral da República ao STF, são hipócritas,
vergonhosas e inaceitáveis.
Cunha
é acusado, segundo o Ministério Público Federal, de receber propina de U$5
milhões (R$17 milhões) para viabilizar a construção de dois navios sondas da
Petrobras. Na denúncia, é pedida a sua condenação a 184 anos de prisão por
corrupção passiva e lavagem de dinheiro e a devolução de um total U$ 80 milhões
como restituição do produto e proveito dos crimes e por reparação dos danos
causados à Petrobras e à administração pública.
No
lugar de fazer o que faria um homem de bem ocupando um posto desta estatura -
renunciar, e deixar que a Justiça se encarregue tranquilamente do processo -
ele afirma em nota que foi "escolhido para ser investigado",
"escolhido para ser denunciado", e ainda, "figurando como o
primeiro da lista".
A
quem ele pensa que engana com essa conversa fiada? Desde março deste ano o
ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal autorizou a investigação
contra 47 políticos, e dois supostos operadores e todos os jornais estamparam a
lista com seus nomes e de seus partidos.
O
ministro autorizou a investigação contra 22 deputados federais e 12 senadores.
Além de outros 12 ex-deputados, e uma ex-governadora. Estariam envolvidos
parlamentares do PP, em sua grande maioria, do PMDB, do PT, do PSDB e do PTB.
Collor, agora também denunciado, já estava na lista de março.
Querer
se colocar no papel de vítima não vai convencer ninguém neste momento. Basta
olhar para a história. Outros já foram retirados do cargo por muito menos.
Em
2005, o então presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, se afastou do cargo
devido a denúncias de ter recebido propina mensal de R$ 10 mil da empresa que
gerenciava o restaurante da Casa.
Em
1994, Ibsen Pinheiro, presidente da Câmara, teve seu mandato cassado pela CPI
que investigou as irregularidades no Orçamento da União, um esquema de desvio
de verbas que o afastou por oito anos da vida pública, mas que nunca ficou
totalmente comprovado.
Nada
se compara ao porte das atuais denúncias contra Cunha, conhecido anteriormente
por sua conduta nada ilibada, quando, por exemplo, coordenou a campanha de
Collor, ganhando a seguir a presidência da Telerj.
Quem
sempre esteve com Cunha e continua fiel a ele, mesmo depois de sua denúncia,
pelo menos quando a questão da aliança envolve conseguir o impeachment de
Dilma?
Um
dia depois da divulgação oficial da denúncia contra Cunha, sua agenda não
parecia nada desidratada, expressão em voga atualmente por alguns políticos.
Cunha
foi recebido pelo vice-presidente da república, Michel Temer, nesta sexta, em
São Paulo. Alguém tem dúvidas sobre a pauta do encontro?
O
senador Aécio Neves continua a mostrar de que lado está. Sua conhecida
verborragia quando se trata de incriminar o PT está totalmente desativada em
relação as denúncias contra Cunha. Nenhuma palavra a respeito em nenhum jornal
da grande imprensa, depois que a lama veio a tona. O líder do PSDB, Carlos
Sampaio, por sua vez, disse que vai aguardar a apuração sem fazer qualquer
julgamento.
Um
outro aliado de Cunha me deixou triste e envergonhado pelos trabalhadores que
envolveu. O deputado Paulinho da Força Sindical, do partido Solidariedade,
promoveu nesta sexta-feira, 21/08, evento onde o presidente da Câmara, foi
recebido por sua turma aos gritos de " Cunha, guerreiro do povo
brasileiro".
Demonstrando
mais uma vez sua personalidade totalitária, Cunha devolveu à plateia a bravata:
"Não há a menor possibilidade de eu não continuar no comando da Câmara.
Renúncia e covardia não fazem parte do meu vocabulário".
Não
é a primeira vez que Paulinho envergonha sindicalistas sérios. Conhecido por
desvios do Fundo de Amparo ao Trabalhador; foi ainda condenado, em 2011, a
pagar multa civil de cerca de R$1 milhão por improbidade administrativa na
aplicação de R$ 3 milhões em recursos públicos.
Além
de ter uma maioria de votos na Câmara, Cunha deve estar confiante em seus
íntimos contatos nos altos escalões da Justiça. Gilmar Mendes, que se reuniu
com Cunha e Paulinho para discutir as possibilidades de um impeachment de
Dilma, num café da manhã na residência oficial da presidência da Câmara, em
julho, deveria agora pedir desculpas a Nação, por ser um ministro do STF e
tramar contra a presidente do país. E agora Gilmar ? vai continuar defendendo
Cunha?
Além
de seu caráter autoritário e princípios fundamentalistas Cunha é agora
denunciado por graves crimes contra o país. Ele tem direito a um julgamento,
como todo e qualquer cidadão brasileiro, mas que aguarde fora da presidência do
Câmara dos Deputados.
O
PT tem que assumir esta bandeira. Todos aqueles parlamentares,
independentemente de partidos, que tem uma história sem nódoas e se preocupam
em entrar para a história como homens honestos, defensores da ética na política
e do Estado de Direito devem se unir em torno de um movimento pelo afastamento
de Eduardo Cunha da presidência da Câmara.
Esta
luta deve ser encampada pelos movimentos sociais, pelo movimento sindical,
pelas juventudes, por homens e mulheres, por todo e qualquer cidadão da classe
média branca que saiu as ruas deste país em protesto contra a corrupção.
Devemos fazer isso juntamente com a luta pela defesa dos princípios
democráticos, onde todos são iguais perante a Justiça.
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