CATTA PRETA BATE O ÚLTIMO PREGO NO CAIXÃO DE CUNHÃO
Por Kiko Nogueira
O
depoimento da advogada Beatriz Catta Preta ao Jornal Nacional é mais um prego
no caixão de Eduardo Cunha.
Ao Jornal Nacional, Beatriz revelou que sua decisão de
abandonar a defesa de seus clientes na Lava Jato se deveu a ameaças “veladas”,
“cifradas”. Diante delas, foi preciso zelar pela segurança “da família, dos
filhos”.
Não especificou nada.
Mas a pressão, contou, partiu dos integrantes da CPI da
Petrobras, que querem que ela explique, por exemplo, de onde vêm seus
honorários — o que a OAB considera uma ameaça para o direito de defesa no país.
Aparentando segurança, afirmou que está deixando a
carreira. A mudança para Miami era um boato. Estava de férias, na verdade. O
repórter César Tralli passeou por um escritório vazio.
A “retaliação” começou depois do depoimento do empresário
Júlio Camargo, tido como operador do PMDB. Camargo, como se sabe, acusou Cunha
de receber propina de 5 milhões de dólares.
O autor do requerimento para Beatriz falar na CPI é o
deputado Celso Pansera, que o doleiro Alberto Yousseff chamou de “pau mandado”
do presidente da Câmara.
“Sim, venho sofrendo intimidação pelas minhas filhas, minha
ex-esposa, pela CPI coordenada por alguns políticos e eu acho isso um absurdo”,
disse Yousseff.
Pansera e outros colegas da comissão parlamentar de
inquérito teriam solicitado uma investigação de Julio Camargo para
desqualificá-lo. A Kroll teria sido contratada para o serviço. Tudo sob a
orientação do chefe EC.
“Está em vigor a ‘moral da gangue’, que acredita triunfar
pela vingança, intimidação e corrupção”, escreveram os advogados de Camargo que
substituíram a Catta Preta.
Beatriz Catta Preta é a maior especialista do Brasil em
delação premiada. Orientou nove dos 23 delatores da Lava Jato. Declarou que
Camargo tem provas do suborno de Cunha.
Arriscaria tudo numa farsa desta monta? All in?
Ela não é a primeira e não será a última pessoa que se diz
achacada por Eduardo Cunha, que aparelhou a CPI, transformando-a em seu
instrumento de chantagem.
Cunha dirá que quem está por trás de tudo é o governo
federal, mas seus métodos são cada vez mais expostos. A questão é quanto tempo
ele — e o Brasil — suporta até jogar a toalha.
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