Impeachment de Dilma seria "botar fogo no Brasil", diz Renan
Presidente do Senado afirma que o impeachment "não é o que a sociedade quer de nós" e define uma agenda para a retomada do crescimento
O presidente do Senado e do Congresso
Nacional, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse, nesta segunda-feira 10, que temas
como impeachment e apreciação de contas dos governos anteriores e do atual não
são prioridades. "Na medida que o Congresso tornar isso prioritário,
estaremos pondo fogo no Brasil. E não é isso que a sociedade quer de nós”,
disse o parlamentar, após reunião com ministros na residência oficial do
Senado.
A
reunião serviu para que Renan definisse com os ministros da área econômica e
outros uma agenda para a retomada do crescimento econômico e outras reformas
necessárias ao país após a crise. Na opinião dele, essa agenda deve ser ampla a
ponto de reunir as forças políticas em torno dela.
“Eu
acho que agenda tem que tratar de tudo, da reforma do Estado, da coalizão, da
sustentação congressual. Eu acho que esse modelo político, essa coalizão, ela
já se esgotou no tempo. É preciso dar fundamento ao ajuste, à agenda da
retomada do crescimento, sinalizar claramente com relação ao futuro do Brasil e
construir uma convergência com relação a esse futuro”, disse o presidente do
Senado.
Uma
das principais lideranças do PMDB, o senador Romero Jucá (RR) também participou
da reunião com os ministros e disse que a proposta é que o Senado se encarregue
de “capitanear a retomada da animação econômica”. Ele confirmou que foi
convidado para jantar hoje à noite no Palácio da Alvorada, com a presidenta
Dilma Rousseff e outros senadores e disse que o governo está “procurando
construir pontes”.
“Se
está procurando construir pontes, vamos ver os termos dessas pontes. O
Congresso tem que procurar colocar aquilo que deseja, aquilo quer, e a partir
daí procurar uma convergência. Eu acho que, no momento grave que o país está
passando, nós temos que procurar construir essa convergência para superar a
dificuldade econômica. Se nós conseguirmos, vai ser uma vitória da política”,
disse Jucá.
Enquanto
os dois peemedebistas acertavam um acordo com os ministros para a agenda de
retomada do crescimento, no plenário do Senado lideranças petistas também
fizeram discursos para defender o mandato da presidenta Dilma. A senadora
Gleisi Hoffmann (PT-PR), ex-ministra da Casa Civil, acusou a oposição de
inconformismo com o resultado das eleições de 2014 e de tentar burlar a
Constituição, ao propor, na semana passada, novas eleições.
“Temos
uma presidenta eleita, empossada e no exercício do mandato. Nossos líderes
tucanos não querem o impeachment, mas querem novas eleições. De preferência,
eleições que eles vençam, claro, porque, se perderem poderemos ter que ouvir
novamente todas as desculpas que estamos ouvindo desde o resultado das urnas,
que decepcionou tanto o PSDB”, disse Gleisi. Ainda segundo ela, desde a eleição
do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a base aliada do governo na Casa
está “desorganizada e mesmo sublevada contra o Executivo”.
O
líder do PT, Humberto Costa (PE), ressaltou que estamos passando por “séria
instabilidade política no País, que exige de todas as Lideranças responsáveis
um esforço em favor de uma grande concertação nacional”. Segundo ele, as
empresas já começam a sofrer os efeitos desta instabilidade e a economia é a
mais afetada pelo comportamento considerado por ele irresponsável.
“Com
a anuência do presidente da Câmara dos Deputados, a oposição quer atacar o
governo, aprovando todo tipo de aberração fiscal, tributária e administrativa,
o que poderá inviabilizar o Brasil não apenas durante este governo, mas durante
um longo espaço de tempo para os próprios governos que venham a suceder o
governo da presidenta Dilma”, disse o líder petista no senado.
Humberto
Costa também declarou que a presidenta “não será impedida de governar. Não
pensem que a população vai assistir passivamente uma presidente eleita
legitimamente ser derrubada, que os lutadores sociais, os militantes, vão para
casa colocar o pijama e assistir à novela das oito. Não, com certeza não irão!
Este país viveria uma convulsão porque, sem legalidade e sem legitimidade,
nenhuma coalizão política que sucedesse Dilma poderia ser aceita pelos
brasileiros”, declarou Costa.
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