O bom senso contra os piromaníacos
Por Luis Nassif, noJornal
GGN:
Um conjunto de iniciativas coloca um ponto final na novela do impeachment,
deixando inúmeros incendiários com a tocha na mão.
Os grupos de mídia dividiram-se em dois. Os que têm atividade econômica
equilibrada, embora sofrendo com a crise, entenderam os terríveis reflexos da
desorganização da economia sobre seus negócios e pularam do barco. Foi o caso
da Folha/UOL e das Organizações Globo.
Persistiram no jogo os que se encontram em crise terminal e só
veem saída na queda da presidente e na ascensão de outro, que comande novas
operações de salvamento de mídia, seguindo o padrão histórico.
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Esse movimento de bom senso foi impulsionado pelos alertas das grandes
organizações econômicas, Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São
Paulo), Fierj (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) e a entrevista
definitiva de Luiz Trabucco, presidente do Bradesco.
Mal contado pelos grupos de mídia, houve também um movimento de aproximação do
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, propondo um encontro com Lula. O
encontro foi negociado em lugar neutro e discreto. De sua parte, Lula propôs
que houvesse pelo menos uma testemunha neutra assistindo a conversa.
O vazamento e a exploração política do episódio esvaziaram a iniciativa.
Mas, àquela altura, as vozes da pacificação já se faziam ouvir. Editoriais em
defesa do mandato de Dilma, chegaram até ao Financial Times, porta-voz máximo
do sistema financeiro internacional.
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Pesaram nesse movimento o cenário de um país que poderia cair nas mãos
impensáveis de Eduardo Cunha ou Aécio Neves, a radicalização que já se
manifesta nos atentados ao Instituto Lula e na morte de haitianos em São Paulo
e a mediação de Michel Temer (leia o post "O
dia seguinte ao impeachment").
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Ainda se tem um longo trajeto pela frente. Há um desafio premente que é
desarmar a rebelião do baixo clero da Câmara. Será rápido, à medida em que se
proceda à degola de Eduardo Cunha.
Outro, também pouco problemático, será baixar a bola de Aécio Neves.
O período pós-eleitoral liquidou não apenas com a imagem de Dilma Rousseff, mas
com a de Aécio. Os dois viraram pó na mesma velocidade, mas em graus diversos.
De Dilma sobressaem aspectos negativos menores, a teimosia, a falta de cintura
política. Tem recuperação desde que acerte o passo.
De Aécio, a irresponsabilidade institucional, a arrogância, a falta de
escrúpulos e de esperteza de expor o lado agressivo e primário.
Sem holofotes da mídia, Aécio não existe. Seu grau de desinformação e falta de
esperteza política são um desaforo à grande escola política mineira.
Perdeu o bonde, especialmente depois que o lado paulista se antecipou e se
apresentou como guardião da responsabilidade institucional, através de Geraldo
Alckmin e José Serra.
Não se julgue por aí seu legalismo, mas o senso de oportunidade. Ambos – e seu
guru FHC – perceberam o exagero da luta política sem limites e o desgaste da
bandeira, especialmente junto ao meio empresarial. E pensaram, especialmente,
no dia seguinte.
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A crítica pesada do filósofo José Arthur Gianotti ao PSDB é muito mais
reveladora pelas relações de Gianortti do que as críticas em si. O filósofo é
umbilicalmente ligado a Serra e a FHC. Na entrevista ao El Pais, formula
críticas pesadíssimas ao PSDB e elogios a Serra e FHC.
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Agora, com um mínimo de espaço, caberá a Dilma começar a governar.
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