O escandaloso abafamento da Operação Zelotes e o nosso Judiciário que não enrubesce de vergonha
Ao contrário da Lava Jato, Judiciário evita prisões e até escutas, na “investigação” sobre grande caso de sonegação que envolve a nata da aristocracia financeira
A corregedora nacional
de Justiça, Nancy Andrighi, determinou que o juiz Ricardo Augusto Soares
Leite, titular da 10ª Vara Federal de Brasília, preste
esclarecimentos até 18 de agosto sobre sua conduta no processo da Operação Zelotes,
dedicada à apuração de um dos maiores esquemas de sonegação fiscal da história
do Brasil. Leite também foi afastado do caso e substituído pela juíza Marianne
Borré.
A ministra acolheu uma
representação do deputado Paulo Pimenta, do PT, relator de uma subcomissão da
Câmara destinada a acompanhar as investigações.
Criticado pelo Ministério
Público Federal por
prejudicar a apuração dos fatos, Leite negou os pedidos de prisão temporária de
26 investigados e indeferiu a prorrogação do monitoramento dos e-mails e das
escutas telefônicas. Além disso, o magistrado determinou o sigilo das investigações
para evitar, segundo ele, a “desnecessária exposição da intimidade” dos acusados.
De acordo com a Polícia
Federal, uma quadrilha atuava no Conselho Administrativo de
Recursos Fiscais (Carf),
órgão ligado ao Ministério da Fazenda,
para reverter ou anular multas de forma ilícita.
Segundo as
investigações da PF e do MPF, as empresas compravam votos de conselheiros
do Carf. O prejuízo é estimado em 6 bilhões de reais, mas são investigados 74
processos no valor de 19 bilhões de reais em dívidas. Entre as empresas
investigadas estão a RBS, maior afiliada
da Rede Globo, Ford, Mitsubishi, BR Foods, Camargo Corrêa,
Gerdau, TIM, Bradesco,
Santander, Safra, entre diversos outras.
Como a revista Carta Capital mostrou
em abril, foi uma ação envolvendo o
Bradesco que acendeu
o alerta vermelho, em 2014, dentro da Polícia Federal, sobre a existência do
esquema. Os investigadores comprovaram uma série de suspeitas sobre a quadrilha
de venda de decisões, mas não conseguiram todas as provas que vislumbravam
contra o Bradesco pois o juiz Ricardo Leite mandou cessar interceptações
telefônicas que citavam, entre outros, o próprio presidente do banco, Luiz
Carlos Trabuco.
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