OS "PARADOXOS" DE SÉRGIO MORO: POR QUE ELE NÃO INVESTIGA FURNAS?
Da coluna "Notas Vermelhas"
Nesta quinta-feira (29), o jornalista
Webster Franklin fez uma pergunta, no Jornal GGN, que deveria
estar sendo feita em peso pela mídia hegemônica, se esta não fosse corrompida e
venal até a raiz do cabelo. A pergunta é singela e obrigatória: Por que Sérgio
Moro não investiga Furnas?
Webster recorda, em seu artigo, que o doleiro e delator Youssef declarou, em
2014, que dinheiro desviado de Furnas tinha sido destinado a Aécio Neves.
Vejam
que, diferente de outras ocasiões, Youssef neste caso não foi vago (assista ao vídeo). Em sua delação
premiada ele não diz que ACHA que o dinheiro era para a campanha de Aécio, ele
afirma que o dinheiro era para o pagamento de propinas que o PP dividia com o
PSDB, fruto do “compartilhamento” de uma diretoria de Furnas durante o governo
do ínclito FHC, citando nominalmente o então deputado Aécio Neves. Youssef
aponta ainda a irmã de Aécio Neves como operadora do esquema.
Mas Sérgio Moro revelou sua alma tucana
de duas formas. Em primeiro lugar, durante a campanha eleitoral de 2014 a
operação Lava Jato “vazou” diversas citações a membros do PT ou do governo
visando prejudicar a campanha à reeleição de Dilma Rousseff e guardou a sete
chaves a citação de Youssef que envolvia Aécio Neves, que só foi divulgada em
março de 2015. Em segundo lugar, Moro afirmou que a corrupção de Furnas não lhe
dizia respeito por não se tratar de desvios ligados à Petrobras.
Agora, em relação à Eletrobrás, o mesmo
Sérgio Moro diz que este assunto é de sua responsabilidade em “decorrência da
conexão e continência dos demais casos da Operação Lava Jato”. Ou seja, como
registra a jornalista (e laureada estudante de Direito, registre-se) Dayane
Santos, do Portal Vermelho,
a “interpretação para fatos semelhantes é completamente diferente”. Em
declaração às Notas Vermelhas, o deputado federal Wadih Damous (PT-RJ), ex-presidente
da OAB-RJ, disse que “Este é mais um dos paradoxos arbitrários dos tantos
cometidos pelo Juiz Lava Jato”.
A alma tucana de Sérgio Moro - Democracia ameaçada
Imaginem os leitores se Youssef tivesse dito o seguinte: que dinheiro foi
desviado de Furnas para ser entregue a Luís Inácio Lula da Silva e que Frei
Chico (irmão de Lula) era o operador do esquema. Seria uma hecatombe.
Colunistas amestrados, manchetes garrafais, reportagens especiais em tom
dramático em todas as TVs e Rádios (inclusive na inacreditável Agência Brasil)
iriam escarafunchar cada detalhe da vida do irmão do Lula. E qual vocês acham
que seria a atitude do juiz comendador da Globo? Alguém acredita de fato que
ele iria alegar, neste caso, que Furnas não está no âmbito das investigações da
Operação Lava a Jato?
Wadih Damous: A resposta virá
Em momentos como estes as coisas devem ser ditas o mais claramente possível: A
condução parcial e politicamente dirigida da operação Lava Jato é escandalosa e
só não desperta a indignação coletiva pela eficaz e unânime blindagem da mídia
hegemônica. Esta blindagem só pode ser rompida com uma também eficaz, unânime e
vigorosa denúncia, por parte das forças democráticas, do perigo que tal atitude
representa para a legalidade democrática. Deixar que a justa bandeira do
combate à corrupção seja empunhada por quem só tem em mente conduzir uma “santa
cruzada” para criminalizar um partido ou uma corrente política, pode contar com
eventual apoio de parcelas da população, mas trará, em curto prazo, consequências
danosas e duradouras não só para a esquerda, mas para todos os democratas e
patriotas. Segundo Wadih Damous, no entanto, a resposta a isso não tardará:
“Está sendo articulado por todo o Brasil um amplo grupo de juristas, advogados
e estudantes de direito para denunciar os abusos e desmandos que ameaçam o
Estado de direito e a democracia”.
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