Ciro Gomes: "FHC está 'costeando o alambrado do golpe'."
De Ciro Gomes, na Folha:
Folha – Como o sr. vê a articulação pelo impeachment da presidente Dilma
Roussef?
Ciro Gomes - A democracia está ameaçada pelo
golpismo. Está acontecendo uma escalada do golpe com apoio da oposição, que não
aceitou o resultado das eleições.
Não gostar do governo não é causa para impeachment. Isso é
um mecanismo raro, a ser usado em caso de crime de responsabilidade imputável
direta e dolosamente ao presidente. Ninguém tem nada disso contra a Dilma.
Seria muito caro o preço de uma interrupção do mandato. É só
olhar a Venezuela. Quem produziu aquele quadro lá foi esse tipo de antagonismo
odiento. O país vai viver momentos tensos e graves, vizinhos à violência, por
causa desses loucos.
Quem iria às ruas defender o mandato de Dilma?
Estarei na primeira fila. Muitos brasileiros vão se perfilar. Não é para
defender a Dilma, é para defender a regra. Veja o que já aconteceu quando um
mandato foi interrompido por renúncia, suicídio ou impedimento.
O impeachment pode ser a catarse de quem está zangado, mas
no dia seguinte os problemas serão os mesmos. Só que agora o PT, a CUT e os
servidores estarão em pé de guerra com um presidente sem legitimidade.
Uma parte das pessoas está nisso de boa fé porque não sabe
que quem assume é o vice, Michel Temer, que é do PMDB e amigo íntimo do Eduardo
Cunha. Mas tem pessoas de muita má-fé.
A quem o sr. se refere?
A Aécio Neves e Fernando Henrique Cardoso. O PSDB está fazendo isso por pura
vingança. Em 1999, quando houve a desvalorização violenta do real e a
popularidade do presidente foi ao chão, o PT começou com o Fora FHC.
O comportamento do Fernando Henrique é constrangedor. Como
dizia Brizola, ele está costeando o alambrado do golpe. Qual é a proposta do
PSDB? Ficar contra o fator previdenciário e a CPMF, que eles criaram? Contra o
ajuste fiscal, que eles introduziram como valor supremo?
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