A ALIANÇA DE CARLOS SAMPAIO E DO MBL COM UM PREFEITO CONDENADO A 32 ANOS DE PRISÃO
Carlos Sampaio (centro) e o prefeito de Vinhedo, Milton Serafim (dir.), condenado a 32 anos de prisão
Por Kiko Nogueira
Você
conhece Vinhedo, no interior de São Paulo? Provavelmente, não. Mas já ouviu
falar do deputado federal Carlos Sampaio, o maníaco tucano do impeachment.
Vinhedo é onde o brasileiro encontra o verdadeiro Carlos Sampaio. Boneco de
ventríloquo de Aécio Neves, eternamente alterado (lembra o Collor apoplético),
ele vive, como se sabe, de berrar contra a corrupção e de encomendar
pareceres jurídicos.
No meio do lodaçal suíço em que Cunha mergulhou, Sampaio
conseguiu dizer que daria ao homem “o benefício da dúvida”. Um espanto. A
indignação de Sampaio é tão falsa quanto a de seus auxiliares, os kata guris
do MBL. A roubalheira, quando lhes convém, é um detalhe insignificante.
Há dias, o ex-prefeito de Vinhedo, Milton Serafim, foi
condenado a 32 anos de prisão e multa de 264,7 mil reais por tomar vantagens
indevidas no cargo: extorquiu dinheiro em troca da aprovação de loteamentos na
cidade entre 1997 e 2004.
Serafim renunciou em março de 2014 para não ser cassado.
Como no caso de Cunha, sua carreira não começou agora. Os pepinos com a
Justiça vêm desde pelo menos 2005, quando teve a primeira detenção
preventiva. Puxou cana com secretários de novembro daquele ano a janeiro de
2006, até conseguir um habeas corpus. Em 2008, xadrez novamente.
Vinhedo tinha três condomínios de luxo quando ele assumiu
pela primeira vez. Hoje, tem quarenta. Um promotor do caso diz que foi
ameaçado. Enfim, Serafim é chave de cadeia há décadas.
Há alguns meses, o probo, o incansável, o inoxidável
Sampaio se sentiu à vontade para anunciar, em suas redes sociais, que esteve
“no lançamento da campanha da Ana Genezini para deputada estadual, ao lado do
amigo e ex-prefeito Milton Serafim.”
Sampaio, que é de Campinas, dividia com Serafim a defesa
dos interesses dessa rica região paulista. “Na manhã desta terça-feira em
Brasília, o prefeito Milton Serafim se encontrou com o deputado federal Carlos
Sampaio e discutiram diversos temas de importância para Vinhedo e região. Entre
os assuntos, destaque para a emenda de R$ 300 mil do deputado para a área
esportiva da cidade, especificamente reforma e modernização de Centro
Esportivo”, diz um jornal campineiro.
Vinhedo é o berço político dos extremistas do Movimento
Brasil Livre. Eles começaram ali, fantasiados com um xarope de doutrinação e
justificativa liberal, como era inevitável.
Renan Santos e Rubens Nunes, do MBL (atrás, à esq.), na posse do vice de Vinhedo, acusado de superfaturar merendas
Renan
Santos, um dos líderes do grupo, iniciou ali sua militância e é descrito em
alguns jornais como “orgulho local”. O coordenador jurídico do MBL é Rubens
Nunes Filho, também de Vinhedo, filho de um vereador e ex-presidente da Câmara
municipal sob Serafim.
Muitas
das contas de Facebook do grupelho fazem referência à localidade (algumas
delas:https://www.facebook.com/Movimento-Brasil-Livre-Vinhedo-1031383266894408/; Renova
Vinhedo: https://renovavinhedo.wordpress.com/2014/06/19/001/).
O substituto de Serafim é seu vice, Jaime Cruz, não
exatamente um exemplo do homem público. Foi acusado de superfaturar merenda
juntamente com o ex-chefe. Em 2010, também envolveu-se na licitação irregular
para construção de um anexo da Câmara.
Os herois vinhedenses nunca deram um pio sobre as
falcatruas do próprio alcaide. Em companhia do campineiro Sampaio, Renan e
Rubinho prestigiaram a posse de Jaime Cruz, erguendo brindes animados.
Cruz, que trabalha com Serafim desde 1996, manteve todo o secretariado e os
contratos da gestão anterior.
Carlos Sampaio e seus asseclas fariam um favor a si mesmos
se assumissem que seu teatro não tem nada a ver com a luta contra os corruptos.
Trata-se apenas de fomentar um golpe para colocar no país os
serafins de sua confiança.
Sampaio com Serafim (esq): aliado já havia sido preso duas vezes desde 2005
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