DESONESTO, ALEXANDRE GARCIA DIZ QUE "O PAÍS NÃO ERA RACISTA ATÉ CRIAREM AS COTAS"
O jornalista Alexandre Garcia, da Globo, conseguiu falar outra
bobagem numa lista que parece interminável. Comentando sobre o cadastro do
Simples Doméstico, Garcia descobriu o seguinte: “O país não era racista até
criarem as cotas”.
É uma revelação fabulosa. Alguém precisa avisar sua colega
do Jornal Nacional, Maju Coutinho, que aquele pessoal que a chamou de “macaca
fedida” é cotista. Nem o chefe Ali Kamel, autor do clássico “Não Somos
Racistas”, acredita mais nessa atrocidade.
Ader Gotardo, fotógrafo do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP, escreveu uma resposta no Medium:
Carta aberta a Alexandre Garcia
“Institucionalização do racismo”?
Hoje é 21/10/2015, com bom humor, muitos estão
comemorando o “Back To The Future”, em alusão ao filme dos anos 80. Muitos
dizem “o futuro chegou!” Será que chegou mesmo?
Pleno 2015, Alexandre Garcia, jornalista em
rede nacional destila desinformação para corroborar sua indignação, usando
falsidade intelectual e abusando de privilégio branco. É impossível respeitar seus
cabelos brancos, Garcia. Só na cabeça de desonestos as empregadas e empregados
domésticos não merecem mesmo respeito e direitos que os demais trabalhadores
neste país, ou em qualquer outro lugar.
Manter empregados não é fácil para nenhuma
empresa, mas dentro de casa, patrões querem regalias para continuar tratando
essa força laboral como se fosse “da família”, ou seja: muitas vezes
dispensando a eles educação que não têm nem para como seus pais, remunerando
auxiliares como se fossem seus cunhados, com um tapinha das costas e um muito
obrigado, quando muito. Quem trabalha merece remuneração justa e direitos
assegurados. É leviano confundir recolher os impostos devidos nessa área com as
consequências do não retorno em serviços a população. Pagar impostos e cobrar o
governo pertence a relação de dever e direito que nós, cidadãos, temos que
exercer.
Quanto a “institucionalização do racismo”,
basta dizer que esse é o tipo de asneira que um privilegiado é capaz de
reproduzir, sem conhecer ou, ainda pior, sem valorizar dados que já existem,
estudos já publicados e experiências comprovadas. Raça não existe. Fato. Mas
alguns da “raça humana” de pele mais clara resolveu classificar outros por
“racismo”, que é a opressão por meio da cor da pele.
O combate contra o racismo quer exatamente
isso, acabar com o preconceito por raça. O racismo, Garcia, pode ser comprovado
em todas as classes de trabalho, em todos os bancos escolares. Homens e,
principalmente, mulheres negras ganham menos em qualquer faixa salarial,
qualquer função, com qualquer capacitação educacional.
Só mesmo alguém com dificuldades cognitivas
não enxerga algo que até mesmo a emissora onde trabalha já noticiou, por meio
de sua colega de bancada, Míriam Leitão! Além, Leitão também discursa
sobre as cotas, vale a pena sua leitura. Cito Míriam Leitão, porque brancos
como o senhor tem especial necessidade que outro semelhante seu produza discurso
inclusivo para que este seja validado. Em alguma área obscura do cérebro,
alguns acham que negros advogando direitos para outros negros não vale. É
preciso uma validação “branca”. Então, estou usando o seu racismo, para chamar
sua atenção.
É absurdo ainda convivermos com tal discurso
de que cotas é uma institucionalização do racismo. A segregação americana, o
Apartheid sul-africano, esses são exemplos da institucionalização do racismo.
Será que você, Garcia, é tão desonesto intelectualmente que é capaz de comparar
esses regimes do passado com a política de reparação das cotas brasileira?
Puxado
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