NUNCA A MÍDIA FOI TÃO ABJETA E A OPOSIÇÃO POLÍTICA FOI TÃO GOLPISTA. NUNCA TIVEMOS UM CONGRESSO TÃO INDECENTE E UM JUDICIÁRIO TÃO ARBITRÁRIO
A política brasileira parece girar em torno de um
labirinto desde praticamente o fim do segundo turno das eleições presidenciais.
Um governo inerte diante da situação econômica e política herdada, uma oposição
cujo único tema de ação é a tentativa de impeachment da Dilma, uma situação
econômica que só se degrada sob os efeitos desastrados do ajuste fiscal do
governo, um campo popular na defensiva, conversando entre si, sem romper seu
isolamento em relação ao povo.
Ninguém parece saber para onde as coisas vão,
embora todos tenham seus planos, que não levam em conta nem o que os outros
planejam, nem o chão onde pisam. Parece que toda a politica brasileira se
degradou a níveis impensáveis. Nunca a mídia foi tão abjeta. Nunca a oposição
politica – a começar pelos tucanos e por FHC – foi tão golpista. Nunca tivemos
um Congresso tão indecente, um Judiciário tão arbitrário, uma polícia tão descontrolada.
Nunca personagens tão asquerosos povoaram a vida política do país. Nunca tantos
escândalos, de somas nunca vistas proliferaram tanto na mídia. Nunca um governo
se sentiu tão impotente diante da realidade econômica e política que tem pela frente.
Nunca a esquerda foi tão impotente diante das amplas camadas populares que
nunca sentiram tão pouco interesse pela política e nunca tiveram opiniões tão
negativas dela.
Se fosse
realidade a categoria de “empate catastrófico”, parece que ela se adequaria
plenamente ao que vivemos há já quase um ano. Um equlíbrio em que ninguém é
capaz de sair vitorioso, nem sequer de redefinir os termos dos enfrentamentos,
em que parece que todos fazem a nau caminhar para uma catástrofe, que tampouco
parece não chegar ou se aproximar.
A
definição dos campos está dada: governo/oposição. Mas mesmo nessa definição
cada um dos campos só consegue ter iniciativa por pouco tempo, sem conseguir
reordenar os termos dos enfrentamentos. Impeachment, recessão, ameaças de
prisão e/ou cassação de mandatos.
Mas -
retomando Shakespeare - , há uma logica nessa loucura toda. Há uma selvagem
luta pela hegemonia, em um momento em que os espaços de disputa parecem todos
praticamente abertos e quase nenhuma possibilidade pode ser descartada.
Há
paradoxos que vem de antes da crise atual: a direita e o grande capital tiveram
que aceitar governos que implementam políticas que são antagônicas em relação a
seus interesses e à própria dinâmica do capitalismo internacional. Os governos
de Collor e de FHC são muito mais compatíveis com as correntes ainda
predominantes no mundo do que os governos de Lula e Dilma.
Tanto
assim que não apenas a grande mídia internacional ataca de forma uníssona o
governo brasileiro, como aqui mesmo, pela primeira vez um governo foi eleito
com a oposição da maioria esmagadora do grande empresariado. Em resumo: há um
modelo de desenvolvimento econômico com distribuição de renda aprovado em
quatro eleições sucessivas pela maioria da população, mas que se choca com a
oposição dos que possuem o grande capital e dos quais depende, no tipo de
sistema econômico atual, que o modelo possa funcionar.
O grande
capital não apenas não colabora com aquele modelo, como o sabota – especulando
economicamente ao invés de fazer investimentos produtivos, sonegando impostos,
enviando legal e ilegalmente dinheiro para o exterior, jogando abertamente pela
falência econômica do governo. A direita, em bloco, - partidos, meios de
comunicação, associação dos grandes empresários, mídia internacional,
organismos internacionais como o FMI e o Banco Mundial, o governo dos EUA –
atuam contra o governo, pelo seu fracasso.
Apostam,
com todas suas forças, na inviabilidade da continuação do modelo que não apenas
se choca com seus interesses, como também tem sido o responsável pelo apoio
popular majoritário dos governos do PT. O próprio governo colabora para essa
ofensiva, ao colocar em prática um ajuste fiscal que faz recair a crise sobre
os trabalhadores, é economicamente incapaz de reverter a recessão, ao
contrário, aprofundando-a e, além disso, fazendo o governo perder grande parte
do seu apoio popular, tornando-o um governo frágil, passível das tentativas até
de derrubá-lo.
Esses são
os termos do labirinto em que nos encontrarmos e que favorecem a perpetuação da
situação de crise hegemônica, em que nem o governo é capaz de governar, nem a
oposição é capaz de derruba-lo. Sua perpetuação é catastrófica para a situação
econômica e política do país, permite uma simples sobrevivência vegetativa da
parte do governo e uma pobre subsistência denuncista impotente da parte da
oposição.
Como a
saída de um labirinto não se dá pela reiteração dos mesmos caminhos, mas por
cima, rompendo sua repetição mecânica e destrutiva, qual é essa saída? É
a formulação de um novo pacto do desenvolvimento com distribuição de renda,
congregando a todos os setores interessados na superação da recessão e da crise
política, privilegiando os investimentos produtivos e penalizando a
especulação, o rentismo, a sonegação. Um projeto que só pode ser conduzido pela
única liderança nacional com credibilidade, até pela sua capacidade de
organizar um bloco similar no passado recente – Lula. Essa é a via para sair do
labirinto e do empate catastrófico.
Comentários
Postar um comentário
comentário no blogspot