A INCREDULIDADE DE GILMAR MENDES DIANTE DO PEDIDO IMPEACHMENT PARA ELE
Arte de Bastidores sobre a tela "A incredulidade de São Tomé", de Caravaggio.
Ao ministro
Gilmar Mendes.
Difícil
conter a crescente repulsa a imagem de Vossa Senhoria, ao ler sua manifestação
sobre o pedido propondo seu impeachment, formulado por juristas, e já em poder
do Senado.
Acostumado a
vê-lo, durante as sessões do STF, esparramado numa poltrona dourada, rebuscando
jurisprudências mil para conceder seguidos Habeas Corpus a banqueiros historicamente
criminosos, intercalados, amiúde, por
fugazes e duradouros goles d’água nos quais a boca adentra o copo como se fosse
uma casquinha de sorvete que devesse ser devorada, surpreendo-me ao constatar que aquela fase de
ainda tentar manter as aparências foi definitivamente abandonada, até porque
não driblava mais, nem mesmo os iletrados que lhe dedicam devoção, pois, convenhamos,
não resta mesmo jurisprudência capaz de continuar anuviando tanto partidarismo,
tanto escárnio, tanta soberba, tanta leniência com o bando que o destacou para
representa-lo na Suprema Corte, e tanta ojeriza e ódio com as forças populares
representadas pelo Partido dos Trabalhadores e seus líderes.
Restou-lhe,
destarte, a tentativa de desqualificar o grupo de corajosos e patriotas
juristas, enojados, como todos nós, com tantas e comboiadas decisões suas que feriram
de morte a esperança da pátria em uma “Última Instância” isenta, ínclita e briosa,
acusando-os de não terem a “fama” alcançada por Vossa Senhoria, em texto que
diz: “Vi aquela ação e até achei ela
um pouco engraçada. É um consórcio de famosos quem, daqueles que já foram e
daqueles que nunca serão. Se vocês olharem, é Fábio Konder Comparato, que é um
banqueiro travestido de socialista; o nosso Celso Bandeira de Mello, que é um
latifundiário travestido de socialista, e outros famosos quem”.
No seu
desvario, carecia acusar de “bem sucedidos” travestidos de socialistas, os juristas
Comparato e Bandeira de Mello, como se para ser honrado e sensível, a conditio sine qua non fosse o estado de
pobreza irremediável.
Adjetivar os outros do grupo de “consórcio de
famosos quem” por não ocuparem, de beiço derribado, as poltronas douradas do
STF ou as primeiras páginas da mídia decadente é, primeiramente mesquinho, e segundamente
revela, nas entrelinhas, o pavor que lhe devasta as entranhas, que é a
possibilidade de aceitação pela Mesa do Senado desse merecido e tardio pedido
de impeachment para Vossa Senhoria.
Por último, cito da sua fala o trecho em que
achou a ação dos juristas “um pouco engraçada”, que imediatamente me trouxe a
imagem de alguns lutadores do UFC que já chegam para o combate prevendo que não
terão “golpes” capazes de vencer seu opositor e, quando são golpeados
inesperadamente na cara, esboçam aquele sorriso amarelo que antecede o iminente
nocaute.
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