MORO REVIRA O BRASIL E NÃO ENCONTRA EDUARDO CUNHA
Os processos que manuseiam todos os dias faltam as páginas com nomes como os de Eduardo Cunha, Aécio Neves, José Serra, Geraldo Alckmin, Geddel Vieira Lima, Romero Jucá, Renan Callheiros, José Agripino Maia, Michel Temer, Cassio Cunha Lima, Paulo Pereira da Silva, Ronaldo Caiado, quase todo o ministério de Temer, e quase todo o Congresso Nacional.
Texto de Tereza Cruvinel no Brasil 24/7
Se até O Globo, que não gosta de Lula, destaca os prazos discrepantes
que o juiz Sergio Moro estipulou para as intimações de Eduardo Cunha e
do ex-presidente, é porque algo está mesmo mudando na relação entre as
elites e a Lava Jato. Agora que o PT já foi nocauteado, Lula está
triplamente qualificado como réu, e a Operação se aproxima de outros
partidos, parece estar chegando ao fim o tempo da unanimidade e da
idolatria em relação a Moro e ao dispositivo judicial de Curitiba.
Moro deu 30 dias para que a Justiça do Rio intime Cunha em sua
residência a prestar depoimento sobre o processo que, com sua cassação,
foi transferido do STF para Curitiba, o tal da propina de US$ 5 milhões.
Tempo demais para um oficial de Justiça ir ao condomínio em que ele
mora na Barra da Tijuca notificá-lo. Outra indulgência de Moro para com a
família Cunha foi a devolução do passaporte de Cláudia Cruz, mulher do
ex-deputado, aceitando também ouvir seu depoimento por via eletrônica,
sem comparecimento pessoal.
Já no caso de Lula, para que uma vara de São Bernardo o intimasse,
Moro deu cinco dias. Lula foi citado num sábado para se defender em 10
dias de uma denúncia de 779 páginas e 16 mil páginas de anexos.
A diferença de tratamento não pode deixar de ser tomada como uma
evidência gritante da parcialidade do juiz em relação ao ex-presidente.
Por que ele representaria maior risco para a Justiça do que Cunha, que
conseguiu adiar por mais de um ano sua cassação? Por que havia no caso
de Lula uma urgência que não se aplica ao caso de Cunha? Cristino Zanin
Martins, um dos advogados de Lula, limita-se porém a externar seu
estranhamento:
- Não consigo encontrar fundamento jurídico para que o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva seja tratado com um rigor que o mesmo juiz não
aplica a qualquer outra pessoa.
Fundamentos jurídicos estão se tornando instrumentos casuísticos. Ora
são necessários, ora são dispensados em nome da “excepcionalidade” da
situação.
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