A INDECÊNCIA DE "MORÉCIO" NA FESTA DA ISTO É
Aécio e Moro, ao se unirem umbilicalmente, perderam o que restava de dignidade em cada um
A seguir, texto de Paulo Nogueira no DCM
Uma sociedade, para funcionar, deve ser regida pelo conceito de “common decency”, decência geral.
Foi o que escreveu o britânico George Orwell, o grande
intelectual britânico autor de clássicos como 1984 e a Revolução dos
Bichos.
As fotos da festa da IstoÉ que tomaram de assalto as redes
sociais nas últimas horas são, simplesmente, indecentes. Revelam almas
visceralmente corrompidas.
Era uma festa de entrega de prêmios. Desde o início a comédia se anunciou. Temer recebeu o prêmio de Brasileiro do Ano.
A gozação na internet começou aí. Temer o Homem do Ano?
Vistas as coisas, é algo que até sua mulher Marcela teria deficuldade em
concordar.
Temer é, na realidade, o Fracasso do Ano. Ou a Pinguela do Ano, para usar a expressão de FHC.
Mas o pior viria com a divulgação das fotos da festa. Uma
particularmente chocou os internautas. Nela, Moro e Aécio aparecem num
pequeno grupo num momento de intimidade típico dos chamados amigos do
peito.
Conversam animadamente. Abaixo deles, sozinho e ignorado, está Temer em seu melhor papel: o de personagem decorativo.
A foto viralizou instantaneamente.
Como assim? O chefe da Lava Jato entretido fraternalmente com um homem que é citado em múltiplas delações?
A Lava Jato já tem uma imagem de partidarismo e falta de
isenção. Isso lhe minou a credibilidade. Foram uns fiascos as
manifestações pró-Moro no último final de semana no país. Moro é uma
moeda em baixa.
A foto em si é o que se poderia definir como incriminadora.
Um juiz pode fazer muitas coisas, mas não se deixar fotografar numa
situação tão comprometedora.
A barreira da decência foi espetacularmente rompida. Não foi
sequer descuido. É como se o grupo que destruiu a democracia, e atirou o
país numa crise pavorosa, estivesse mostrando que não dá a menor
importância para o que pensam dele.
Num mundo menos imperfeito, Moro seria afastado de suas
funções por conduta indecorosa, incompatível com aquilo que se espera de
um juiz.
Mas o mundo é o que é: restaram ao menos as redes sociais
para expor a realidade bizarra, ridícula, absurda — indecente — que
estamos vivendo neste 2016.
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