O STF PROTEGE OS QUE TÊM FORO PRIVILEGIADO COM PRESCRIÇÃO DE PENAS, TRANSFERÊNCIAS PARA INSTÂNCIAS INFERIORES E ATÉ DESAPARECIMENTO DOS PROCESSOS
Os ínclitos e probos
A crônica de Verissimo:
O ministro Celso de Mello tem razão. O ministério dado pelo Temer ao
Moreira Franco em nada se parece com o cargo que a Dilma queria dar ao
Lula.
A principal diferença é que o Temer inventou um ministério
exclusivamente para acolher o amigo. Alvejou duas coisas com um decreto
só: a ética e a austeridade propagada pelo seu governo.
O codinome do Moreira Franco na Polícia Federal é “Angorá”, e Temer o
tratou com o carinho que só um bicho de muita estimação merece. O que
não deixou de ser bonito, como qualquer manifestação de amizade.
Na sua sentença, o ministro Celso de Mello disse que o foro
privilegiado presenteado ao Moreira Franco não impede que ele sofra
processos. Esqueceu-se de mencionar que o foro privilegiado beneficia os
investigados com a protelação dos processos, o que, na maioria dos
casos julgados pelo Supremo, resulta em prescrição ou repasses a
instâncias inferiores, ou o desaparecimento.
Matéria publicada no GLOBO sobre o assunto, há dias, mostra que a
condenação de julgados com foro especial ocorre em apenas 0,74% dos
casos. Menos de um por cento!
Não se acuse o respeitável ministro Celso de Mello de hipocrisia.
Hipócrita é o sistema que permitiu que se chegasse a essa deformação.
Minha anedota favorita: há anos fez muito sucesso um bolero chamado
“Hipócrita”. Um bêbado entra numa boate onde se apresenta um cantor. A
plateia pede insistentemente que o cantor cante o bolero da moda,
gritando “Hipócrita!”, “Hipócrita!”, “Hipócrita!”. O bêbado salta da sua
cadeira e também começa a gritar “Filho da mãe!”, “Cretino!”.
Está bem, a anedota não é tão boa assim. Eu só queria dizer que
quando se começa a chamar até um sistema judiciário de hipócrita, outros
epítetos virão.
Vivemos hoje, no Brasil, à beira de um cinismo terminal, que aumenta
cada vez que um Jucá, um Padilha, um Eunício Oliveira, um Rodrigo Maia
um etc. abre a boca.
A desmoralização da classe política no Brasil levará algumas gerações para ser sanada, no futuro.
Mas talvez nosso futuro não seja o desejado. Jair Bolsonaro vem aí.
Ele foi o segundo colocado, depois do Lula, numa pesquisa recente sobre
intenção de voto em 2018.
Bolsonaro presidente?
Impensável, claro. Como a eleição de Trump nos Estados Unidos.
Que você viva em tempos interessantes é o que os chineses desejam ao pior inimigo.
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