REPÓRTERES SEM FRONTEIRA: MORO ATENTOU CONTRA A LIBERDADE DE EXPRESSÃO
Um juiz desmoralizado por sua parcialidade, por sua perseguição escancarado aos do PT e ao próprio partido, por sua conduta imprópria para um magistrado ao trocar afagos às gargalhadas, em público, com o bandido Aécio Neves, o mais citado nas delações da Odebrecht, se achou com o direito de conduzir coercitivamente um jornalista que vazou o que ele não queria que vazasse.
Para a ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF), com sede em Paris, a “clara
tentativa de quebra do sigilo da fonte” do blogueiro Eduardo Guimarães,
do “Blog da Cidadania”, representa “um grave atentado à liberdade de
imprensa e à Constituição brasileira, que garante esse direito”, afirmou
à BBC Brasil Artur Romeo, coordenador de comunicação da organização no
Brasil.
O blogueiro Eduardo Guimarães foi alvo, na terça-feira, de
um mandado de condução coercitiva determinado pelo juiz Sergio Moro, da
13ª Vara Federal do Paraná.
Guimarães prestou depoimento na Superintendência da Polícia
Federal em São Paulo. Moro também determinou a apreensão de documentos,
aparelhos e arquivos eletrônicos do blogueiro.
A ação apura o suposto vazamento de informações da 24ª fase
da operação Lava Jato, iniciada em março de 2016, que tinha como alvos o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sua família e assessores.
“A condução coercitiva desse jornalista já é por si só um
abuso, já que ele não havia sido convocado para depor nem se negado a
fazê-lo”, afirma Romeo, da RSF. “É um recurso abrupto para forçar o
depoimento”, ressalta.
O blogueiro, que já havia chamado Moro de “psicopata” em sua
conta no Twitter, divulgou informações vazadas sobre a condução
coercitiva de Lula, que ocorreu em março.
O Ministério Público Federal disse na época que a divulgação da informação teria prejudicado a operação.
A Repórteres sem Fronteiras diz que está investigando o caso
do blogueiro e que ainda não conversou com Guimarães. Mas com base nos
elementos obtidos até o momento, para a organização “está claro que
houve tentativa de quebra do sigilo da fonte, agravada pela condução
coercitiva”.
Isso, na avaliação da RSF, é “uma clara violação do direito de sigilo da fonte do jornalista, o que é preocupante”.
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