SUASSUNA - O AUTO DO REINO DO SOL: FEÉRICA ÓPERA POPULAR



Em absoluta entrega aos personagens e ao oficio criador, esta expansiva trupe de múltiplos talentos vocais,instrumentais, teatrais e circenses, faz, enfim, de Suassuna – O Auto do Reino do Sol o musical mais barroco , luminoso e viajante no agora dos palcos cariocas. 

Texto de Wagner Corrêa de Araújo no site Escrituras Cênicas
 


“Tragicomédia lírico-pastoril, drama cômico, farsa de moralidade e facécia de caráter bufonesco” . Palavras de Ariano Suassuna que podem, também, servir de referencial para esta feérica incursão da Cia Barca dos Corações sobre seu mítico universo memorial e armorial.


Suassuna- O Auto do Reino do Sol, assim, em seu formato de encenação, estabelece pontes entre um tributo biográfico/literário e uma fabulação dramatúrgica com nuances de teatro musical e ópera popular nordestina.


Nesta delirante e enérgica teatralidade configura-se ainda uma síntese do imaginário que une o legado medieval ibérico aos ofícios criativos dos brincantes, cordelistas e mamulengos, às pantomimas circenses e aos recursos da narrativa mambembe.


Expressando em inventiva e transcendente apropriação suassúnica a organicidade da escritura cênica e, numa mesma e irresistível pulsão, do brilho da textualidade de Bráulio Tavares à sua irradiante materialização no palco, pelo comando diretorial de Luís Carlos Vasconcelos.


Com uma convicta e rompante competência artesanal nos seus elementos técnico/artísticos. Perceptível na metafórica simbologia cenográfica (Sérgio Marimba) e indumentária(Kika Lopes/Heloísa Stockler), entre a medieval trajetória dos saltimbancos e das mambembes trupes circenses/teatrais do nordeste brasileiro, em efusiva aproximação da ancestralidade historicista à contemporaneidade regionalista.






Completando-se o impacto plástico no desenho de luzes (Renato Machado)contrastantes, nos entremeios tonais de claridades vazadas e explosões aquareladas.


Fazendo sobressair o enérgico componente da linguagem corpórea (Vanessa Garcia)na adequação da fisicalidade ao delineamento emotivo e no contraponto rítmico de inebriante trilha sonora autoral(Chico César/Beto Lemos/Alfredo Del Penho).


Falando desta vigorosa dramaturgia coletiva ,plena de acertos estéticos,chega a vez de um elenco que se atira, com sangue e alma, rigor interpretativo e liberdade instintiva na representação de quadros e personagens.


Com alcance de tessituras operísticas tanto nos arroubos vocais de Adren Alves, no seu emblemático presencial nos papéis de Sultana e D. Eufrásia, nas mirabolâncias tenorísticas de Ricca Barros( o Major Antonio Moraes) como nos duetos de amor de líricos timbres no canto de Rebeca Jamir e Alfredo Del Penho.


E , ainda, na espontaneidade das improvisações e acrobacias circenses de Eduardo Rios e Renato Luciano e nas estripulias burlescas de Fábio Enriquez. Sem esquecer as intervenções nunca menos surpreendentes de Beto Lemos, Chris Mourão e Pedro Aune.



Em absoluta entrega aos personagens e ao oficio criador, esta expansiva trupe de múltiplos talentos vocais,instrumentais, teatrais e circenses, faz, enfim, de Suassuna – O Auto do Reino do Sol o musical mais barroco , luminoso e viajante no agora dos palcos cariocas. 

SUASSUNA - O AUTO DO REINO DO SOL está em cartaz no Teatro Riachuelo,/Centro/RJ, de quinta a domingo, às 20h30m. 120 minutos. Até 20 de agosto.
 
                                              

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