TEMER FOI CITADO 43 VEZES SÓ NA PRIMEIRA DAS 77 DELAÇÕES DA ODEBRECHT
Foto não oficial, com a faixa na posição correta
Viramos um país desmemoriado e descarado.
Parece que esquecemos que o presidente usurpador governa sob o peso de 43 citações numa única delação da Odebrecht.
Uma seria suficiente para colocar Temer sob séria suspeita — e provavelmente inviabilizá-lo na presidência.
Mas são 43.
Um dia a posteridade, retomada a sanidade entre os brasileiros, se
perguntará como o país foi capaz de tolerar um presidente mergulhado de
tal forma num superesquema de roubalheira.
Não é o primeiro sinal de que perdemos a lucidez, aliás. Os pósteros
também lutarão para entender como um gangster como Eduardo Cunha foi
deixado livre para comandar o processo na Câmara que foi dar num golpe
de Estado. Os múltiplos crimes de Cunha já eram amplamente conhecidos
enquanto ele derrubava abertamente Dilma.
Pena que os futuros brasileiros não terão nenhuma justificativa do
ministro do STF Teori Zavascki sobre seu comportamento absurdo no
impeachment.
Teori esperou uma eternidade para mandar prender Cunha, como pedia a PGR. Teori deu a Cunha o tempo necessário para o golpe.
Ri sozinho ao ler um amigo dele dizer que a monumental demora se deveu a que Teori examinava os processos com “sobriedade”.
Ora, ora, ora. Você pode rir ou chorar com essa desculpa. Sigo os
filósofos gregos, e rio diante da miséria humana contida na pretensa
justificativa para a lentidão de Teori.
O fato é que perdemos o juízo, o tino, a noção das coisas. É tido
como normal, para citar mais um caso, um juiz do STF ter uma atuação tão
partidária quanto a de Gilmar Mendes.
Deveríamos ficar escandalizados com isso, mas nem reparamos. Tente
encontrar um único editorial da mídia que questione a tagarelice
indevida de Gilmar.
Em nenhum país civilizado um juiz como Gilmar seria tolerado, mas no Brasil ele é um astro da mídia.
Também em nenhuma sociedade avançada seria aceito que a chefia do
governo estivesse nas mãos de alguém citado 43 vezes num caso de
corrupção.
Ou o mundo civilizado está errado e o Brasil certo, ou é o inverso.
Sabe aquela história da mãe que vê o filho desfilar diferente de todos
os demais numa imensa parada e conclui, orgulhosa, que só seu garoto
está certo?
Pois é.
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