TEMER: O DESMORALIZADO CAPITÃO PIRATA DO GOLPE
Desmascarado após as delações da Odebrecht, só lhe resta renunciar, mas, isso só aconteceria se lhe restasse um mínimo de decência, patriotismo e preocupação com seus descendentes, que usarão seu nome.
A seguir, texto de Tereza Cruvinel no Brasil 247
A maior ironia da crise em seu atual
grau de fervura, depois da lista de Fachin, está no fato de Michel
Temer estar blindado pelo cargo que, com o golpe, tomou de Dilma
Rousseff. Apesar das graves denúncias contra ele, com destaque para a
participação numa reunião que acertou propina de US$ 40 milhões, que
hoje seriam mais de R$ 120 milhões, Temer não pode ser investigado por
atos que antecederam seu mandato. “Por ora”, diz textualmente o
procurador-geral Rodrigo Janot em sua petição ao Supremo, na qual afirma
que Temer “capitaneava” o esquema de propinas para o PMDB. Mas o
problema do Brasil é agora. Não pode o país ser condenado a manter um
governo que se tornou moralmente insustentável. Após citar passagens das
delações e outros elementos, Janot afirma serem fortes as indicações de
que os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco
(Secretaria Geral) sempre foram encarregados da "obtenção de recursos
ilícitos para o grupo capitaneado por Michel Temer".
Temer sujeitou-se hoje a gravar e
divulgar um vídeo em que tenta se explicar. Quando um presidente chega a
este ponto, está sangrando. E no entanto, a gravidade das acusações que
pesam contra o ocupante da presidência da República não está sendo
colocada no centro do drama político nacional. Se a Constituição não
permite que ele seja investigado e, por decorrência, afastado do cargo, e
se não tem ele a grandeza de renunciar, a saída constitucional tem que
ser encontrada. Passando péla antecipação de eleições gerais, e quem
sabe pela eleição de uma Constituinte destinada exclusivamente a
remontar o sistema político destroçado. Quando Dilma enfrentava o
impeachment, sob a acusação de ter cometido pedaladas fiscais e editado
decretos sem autorização legislativa, os brados por “renúncia” ecoaram,
vindos da mídia e da oposição. Agora, faz-se um silencioso obsequioso
sobre a insustentável situação de Temer.
Examinando o depoimento do
ex-diretor da Odebrecht Cláudio Melo Filho, Janot volta a destacar o
papel de Temer afirmando que "o núcleo organizado do PMDB da Câmara"
era formado por Temer, Padilha e Moreira Franco. O do PMDB do Senado,
como também foi dito nas delações, era coordenado por Romero Jucá.
Referindo-se a Padilha, Janot diz que ele "atuava como verdadeiro preposto de
Michel Temer, deixando claro que muitas vezes falava em seu nome e
utilizava seu peso político para obter êxito em suas solicitações".
Ao relatar a reunião que tratou da
propina de US$ 40 milhões em 15 de julho de 2010, no escritório de
Temer, o delator Marcio Faria da Silva. destacou a posição de comando
que ele assumiu no encontro. “Michel Temer sentou na cabeceira”. De um
lado Eduardo Cunha, de outro Henrique Eduardo Alves. Temer se referia
eles como “esses rapazes”, dizendo que cuidariam dos aspectos práticos
da propina de 5% sobre um grande contrato. Depois de um desmentido
categórico, Temer já admitiu o encontro, negando porém a negociação da
propina. Deve confiar na indulgência com que sua situação vem sendo
tratada.
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