REVITALIZAÇÃO DO RECIFE ANTIGO EM 1996 - Rua do Bom Jesus - "Porque Não Deu Certo."





1995 - Tempo de acreditar em políticos
e projetos que pareciam sérios.
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Passadas as eleições de 1998, os responsáveis pelo projeto de revitalização do Recife Antigo, abandonaram os empresários à própria sorte, pois os seus projetos pessoais já haviam logrado êxito.
Esta carta, abaixo transcrita, foi entregue pessoalmente, contra protocolo, nos gabinetes do Vice-Prefeito Raul Henry, do Secretário de Turismo Carlos Eduardo Cadoca ("responsável" direto pela condução do projeto de revitalização do Recife Antigo) e a Ricardo Piquet, chefe do Escritório da Agência de Desenvolvimento do Bairro do Recife, quase um ano antes do Cabaré El Paso ser despejado de suas instalações na Rua do Bom Jesus – 30.03.1999 - juntando-se a um número imenso de casas que já haviam fechado as portas e, antecipando-se a um igual número de outras que viriam a fechar nos meses ou anos seguintes.
Os erros eram muitos, mas, os responsáveis pelo andamento do projeto, por medo e incapacidade, não olhavam para as soluções possíveis, apenas cumpriam ordens dos políticos acima citados, comprometidos unicamente com seus projetos pessoais, e não com nossa cidade.
Os empresários que acreditaram neles saíram de lá destruídos moral e financeiramente... O "El Paso" Cabaré, foi o único a ser despejado, face a minha incapacidade de permanecer calado diante dos erros gritantes cometidos por esses moleques travestidos de pessoas honradas.
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“Recife, 08 de junho de 1998
À Prefeitura da Cidade do Recife
Gabinete do Vice-Prefeito
Sr. Raul Henry

Prezado senhor:

Para recuperar definitivamente o clima boêmio da “ilha portuária” desta cidade, foi criado o Projeto de Revitalização do Recife Antigo, projeto esse, carinhosamente desenvolvido por técnicos da prefeitura em conjunto com empresa carioca.

Nele, fomos instigados a criar um novo espaço, visto que, com o advento do nosso primeiro bar – o El Bodegón – nascido em área estritamente residencial, em rua escondida, sem estacionamento, sem os recursos financeiros necessários à sua rápida consolidação e, com a nossa completa inexperiência como empreendedores, havíamos conseguido deixar registrado na memória dos boêmios da cidade, dentre eles, administradores e Secretários da Prefeitura, a nossa capacidade de vencer obstáculos e produzir espaços diferenciados, temáticos e inovadores.

Já planejávamos esse segundo bar há algum tempo, porém, tínhamos dúvidas quanto ao local onde fazê-lo nascer. Esse, com certeza, já nasceria com mais sorte que o primeiro. Já não éramos mais marinheiros de primeira viagem; já dispúnhamos dos recursos necessários para as primeiras providências e, principalmente, da calma essencial para encontrar o habitat ideal para vê-lo crescer.
Já sabíamos do projeto da revitalização desde sua apresentação aos empresários, um ano antes.

Estávamos em 1994. O projeto mexia com todos os meus sentidos e, principalmente, com os meus sonhos.

Foi aí que o Secretário de Infraestrutura – João Braga – e assessores da Prefeitura encarregados do projeto, nos procuraram no El Bodegón.

O Secretário conhecia as dificuldades que vencemos para fazê-lo vingar, pois era nosso vizinho.

Diferentemente da primeira reunião, ofereciam agora algumas incentivos. Dispunham um prédio da Prefeitura que era o ideal para minhas ideias e queriam uma definição minha imediatamente, pois tinham prazos a cumprir e todo o processo de revitalização ainda não saíra do papel.

Os convites feitos anteriormente aos grandes empresários do ramo, não surtiram nenhum efeito... nenhum deles aceitou ser o primeiro. Eu aceitei.

Não era uma decisão segura, mas, sempre acreditei que os homens não existem apenas para tomar decisões seguras.
Naquele instante, olhando para o dia de hoje, via que não iria ter condições financeiras de fazer parte do projeto quando o mesmo já fosse um sucesso consolidado. Hoje, olhando de volta para aqueles dias, vejo exatamente qual a diferença entre mim e os grandes empresários que recusaram colocar, de saída, seu dinheiro seus nomes no projeto da Prefeitura.

No fundo no fundo, acho que tenho mesmo é alma de poeta e não de empresário. Tudo naquele momento me encantou: o apelo do secretário em nome do prefeito, dizendo ser minha presença indispensável ao processo de revitalização; a possibilidade de me firmar como homem da noite e, encantou-me muito mais, o cheiro das bebidas, o som dos boleros e os sorrisos e perfumes das pessoas no interior do El Paso que, a partir daquele instante, já invadia imaginariamente minha’alma, como se realidade fosse... Coisa mesmo de poeta.

Dali até hoje nunca mais tive uma noite de sono tranquila.

Primeiro pela euforia que sempre me invade quando entro de cabeça num projeto, depois, pelas tristezas e decepções que tenho amargado.

A carta-convite da Prefeitura para que eu participasse do projeto, era bem clara: “No térreo do nº 237 da Rua do Bom Jesus, deveria ser instalada uma casa latino-americana, aberta todos os dias, com shows e música ao vivo, para dançar."

A partir daí, vieram: arquitetos, anteprojeto, viabilização de Projeto-Econômico-Financeiro junto ao BNB, primeira viagem ao México e, finalmente o início das obras. 
Seis meses depois inauguramos o El Paso. Era o dia 24 de abril de 1996.

A reboque, a prefeitura inaugurou a revitalização do Bairro do Recife no dia seguinte, 25 de abril daquele ano, em palanque armado em frente ao nosso bar. Abríamos a casa com apenas 50% das obraras concluídas. Não podíamos esperar nem mais um dia. Os compromissos assumidos para construção dessa primeira parte começaram a vencer. Honramos todos os compromissos, pois, fomos a única casa noturna na Rua do Bom Jesus pelos primeiros seis meses após sua revitalização.

Partimos então para a conclusão das obras, compras de mais equipamentos e aprimoramento da decoração com uma nova viagem ao México.

Um ano depois de inaugurado, nosso bar estava pronto. Não devíamos nada de suas instalações e equipamentos, inclusive piano Fritz Dobbert e baixo acústico. Optamos por instrumentos acústicos e de modelos clássicos já que o nosso público meta está numa faixa etária acima dos trinta anos, além de realçarem mais ainda o ambiente romântico e o clima boêmio que queríamos para o "El Paso".

Chegou então o dia 31 de Dezembro daquele ano de 1996.

O prefeito encerrou seu mandato à meia noite e, com alguns secretários e assessores, foi para o nosso bar, ocupando uma mesa para trinta pessoas reservada pessoalmente pelo próprio dez dias antes. Eu, particularmente, me sentia muito bem. Havia em minha direção um certo agradecimento no olhar de todos os que também lutaram para que tudo aquilo saísse das pranchetas e dos sonhos.

Aquele réveillon, oito meses após a inauguração da rua, foi a primeira festa promovida na faixa de rolamento pelos empresários, com a finalidade exclusiva de aumentar os lucros. Participamos dela, ganhamos dinheiro, mas, imediatamente, percebemos o perigo, e não voltamos a participar de mais nenhuma outra naquelas condições. Os problemas estavam começando ali.

Infelizmente, esse tipo de evento, com shows e mesas nas ruas, cada vez em maior quantidade, passou a ser uma constante nas noites da “ilha”. 

Os escritórios subiram para o primeiro andar e, no térreo, foram abertos bares, minúsculos, mas... para que investir numa grande e bem elaborada casa se a festa agora era na rua? Se não desse certo, era só trazer o escritório de volta para o térreo!

De oitenta a cento e vinte conjuntos de mesas foram colocados por bares nas faixas de rolamento (calçamento); ruas foram fechadas com cavaletes do "Detran", fabricados pelas próprias casas com o objetivo de aumentar o espaço para mais mesas.

Adotamos uma postura contrária a tudo isso e fomos ameaçados pela própria Prefeitura, na pessoa do Secretário Adjunto de Turismo à época, Sr. Fernando Jaime Galvão: “Cuidado para a Prefeitura não ser o seu coveiro!” Disse-me à porta do El Paso "aos berros", e em seguida ligou para o secretário titular - Carlos Eduardo Cadoca - para dizer-lhe sorrindo: "Fique tranquilo, chefe, o recado já foi dado!".

Falávamos para os outros empresários sobre o perigo que rondava o futuro da revitalização com essa busca incessante de lucro imediato. Ouvíamos queixas dos clientes tradicionais, boêmios que buscavam o interior das casas e seus encantos, perfumes e magias.

O fluxo intenso de pessoas despertou ainda mais a sede de votos dos políticos já envolvidos com o projeto, que continuaram a atender unicamente os interesses daqueles empresários descomprometidos verdadeiramente com a permanência do Polo e com nossa cidade, mas que lhes prometiam votos e outras benesses.

Os shows se multiplicaram sempre no mesmo local: em frente aos bares que investiram apenas em colocar dezenas de mesas nas calçadas. Assim eles tinham os shows pagos pela Prefeitura e nem precisavam cobrar couvert artístico dos seus clientes, em prejuízo das casas que investiram em seus interiores. 
Nas reuniões com a equipe do Escritório do Bairro à época, víamos nosso ponto de vista ser derrubado com murros na mesa, dados por aqueles que se beneficiavam dos eventos promovidos às suas portas gratuitamente pela Prefeitura.

Como poderia competir a música acústica do interior do El Paso com as imensas caixas de som do "show da rua", bem às nossas portas?

Muitas foram as noites em que ficamos com nossos músicos no interior da casa sem poder tocar em virtude do som ensurdecedor desses shows.

Naquelas noites, sentia-me órfão.

Precisava urgentemente falar com a Prefeitura, mas... quem era a Prefeitura? Eu já não a conhecia...

O nosso grupo musical é formado por quatro músicos da Orquestra Sinfônica do Recife e três cantores que, dois meses antes da inauguração da casa, já ensaiavam nosso repertório exclusivo de músicas românticas em espanhol. O "El Paso" dispõe de vinte e sete mesas no interior e dez no passeio. Os eventos na Rua do Bom Jesus nos têm causado imensos prejuízos e reduzido a Revitalização ao que hoje resta.

Defendemos que os shows têm que ter seu local próprio como uma opção de lazer. Os bares são outra opção, completamente diferente. Misturar as duas coisas tem sido um grande erro.

Não podemos resumir ou reduzir tudo a uma grande festa de rua, parideira de votos.

Primeiro se foram os bons clientes. As casas perderam o romantismo, o mistério, o leve clima de pecado; restaram o barulho atroador, a algazarra e a feira; a ingerência de uns empresários e o espanto de outros.

Puxa! Quanta gente vinha ver a beleza que estava ficando o Recife Antigo! E, junto a toda essa gente, veio o inconsequente uso político; veio o “salve-se quem puder.” Os bares que não dispunham de espaço em suas calçadas, passaram a utilizar também a calçada ao lado ou à frente. E a rua também, porque não!

E os shows? Esses saíram do interior de algumas casas para a porta de entrada, a calçada, a rua. Era na rua estava a solução.

Começaram então a fechar as primeiras casas.

Primeiro, pequenos e improvisados investimentos. Depois, casas maiores, mais bem projetadas.

Por que fechavam casas se as ruas estavam mais cheias do que nunca? Estavam cheias sim, mas não de clientes dos bares. Estavam cheias de "clientes das ruas". E esses não têm compromisso ou identificação com nenhuma casa e sim com a rua, sua algazarra, sua baderna e seus shows improvisados que, 
por sua vez, já não eram mais de boa qualidade, visando atrair público para o Polo como os primeiros realizados no Marco Zero, seu local apropriado. Eram, com pouquíssimas exceções, de gosto duvidoso e, ao contrário dos primeiros, se beneficiavam do público que já enchia as ruas.

Quem ganhava com tudo isso?

Como toda feira que se preza, a que acontecia todas as noites na Rua do Bom Jesus também não poderia deixar de ter os personagens típicos delas: pedintes, violeiros, vendedores ambulantes, engraxates... etc. E eles chegaram sabiamente, de mansinho, e nos surpreenderam a todos.

No ano passado, por algum período, sentimos que alguma coisa havia mudado. A Secretaria de Infra Estrutura gerida por José Múcio se dispôs a por ordem na casa.

Um Decreto foi assinado regulamentando em caráter de urgência o uso das ruas e calçadas do Polo. Pelo menos o item que proibia a utilização da faixa de rolamento por mesas, está sendo cumprido.

Apesar da dificuldade que deu bater de frente com os que não queriam abrir mão das prerrogativas criadas por eles e para eles mesmos, é verdadeiramente lastimável que tudo tenha parado naquela única medida.

Os pedintes da Rua do Bom Jesus têm suas características próprias: os adultos exigem a esmola e as crianças utilizam triângulos metálicos – iguais aos utilizados pelos vendedores de cavaquinho da minha infância – e tocam próximo ao ouvido do ilustre cliente até serem atendidos.

Os “violeiros” - que se apresentam sempre em dupla - exigem a paga de dez reais para cada um deles, após uma apresentação compulsória, e muito parecida com a já executada na mesa ao lado. Já houve caso de uma paga menor ser devolvida acompanhada de impropérios em versos, e atirada sobre a mesa. Outras vezes, versos eram cantados chamando o cliente de mesquinho, pão duro. Após meia noite, é deplorável o estado de embriaguez de todos eles, violeiros.

Entre os artistas mambembes - estes em menor número - há o que exibe um boneco com feições asiáticas, muito engraçado, mas, infelizmente, completamente despudorado: masturba-se com o falo exposto, revira os olhos, geme... etc. Esta parte do programa só é apresentada quando permitida, mas, nada impede, que o casal de meia idade da mesa ao lado assista estarrecido e se retire indignado pra nunca mais voltar.

As crianças, nossas pequenas crianças, imundas e de vestes esfarrapadas, rondam pelo calçamento, avançam sobre as comidas e bebidas de mesas ainda ocupadas e ameaçam os garçons com pedras se estes lhes reprimem o ato.

”Mães”, com recém-nascidos de aluguel; cegos puxados por guias; uma linda jovem tetraplégica que rola como cobra pelo chão, enquanto sua cadeira de rodas e seu carro lhe esperam ao lado da Bolsa de Valores... Estes são alguns dos pedintes mais frequentes.

Até quando os clientes que ainda não desistiram do Polo Bom Jesus vão continuar achando que tudo isso também faz parte da revitalização?

São problemas sérios e de difíceis soluções, mas, será que esse processo de restituição de vida à ilha do Recife não exigiria que todos eles tivessem sido detectados logo no início, encarados de frente e dado-lhes soluções imediatas?

Será que esta encantadora cidade não merece os frutos deliciosos que todos colheremos caso o processo não feneça?

Ela não só merece... nós todos temos a obrigação de lhe dar esse presente agora, custe o que custar, ou estaremos condenando para sempre, qualquer nova tentativa de fazê-lo mais uma vez, com seriedade, no futuro.

Temos sido todos omissos.

A Associação dos Empresários do Bairro do Recife aparentemente tentou fazer alguma coisa, mas, mostra-se fraca por ser conivente e incapacitada, tantos e tão diversos são os interesses e as propostas de cada um, além do comprometimento do seu presidente com os políticos envolvidos com o seu próprio projeto político.

Não sei se ainda há tempo, mas, nada ali é mais importante que a consolidação do processo de revitalização.

Na verdade, há quase um ano estamos num processo de desrevitalização. Conseguir agora parar este novo processo e fazer retornar o anterior, é difícil, mas ainda não impossível.

É preciso deixar de lado a pressa, o lucro imediato, o egoísmo; as ideias bem intencionadas, mas, incoerentes.

Quem procura um bar à noite, necessariamente não está também querendo assistir um show de maracatu, caboclinhos ou bumba-meu-boi desfilando em frente ao seu bar preferido.

Não somos ainda uma cidade com fluxo turístico suficiente para manter viva uma estrutura daquelas, e isso não se muda de um dia pra o outro. Então, terá que ser o recifense, com seu bom gosto, sua alegria e sua boemia, o público meta. O turista, com certeza, vai gostar também.

Dentre os bares do nosso “cais do porto” que foram abertos nos últimos dois anos, quantos foram produzidos por pessoas maceradas no ramo? Pessoas já experimentadas na árdua tarefa de manter suas casas cheias, de não bater em retirada na primeira queda de movimento, de ter compromissos fiéis com a recuperação do Recife Antigo, de não correr para os políticos, pedindo shows, atrações e eventos para conseguirem movimento para seus bares?

Eu não saberia responder, mas, com certeza, são poucos.

Basta ver o caminho que as coisas tomaram.

A Prefeitura, por sua vez, necessariamente não tem que entender, como na verdade não entende, de todas essas sutilezas ligadas à magia da noite.

Por que então não criar uma comissão de notáveis, formada por jornalistas, escritores, artistas, empresários...? A mais eclética possível em termos profissionais e econômicos, mas, a mais intimamente ligada pelos encantos da noite e pelo carinho com nossa cidade. 
Para rever o processo, analisar, sugerir. Se forem escolhidas pessoas realmente ligadas aos encantos da noite, com certeza o farão gratuitamente e com intenso prazer.

É com extrema preocupação que lhe transmito, agora por escrito, estas observações. Preocupação com o meu futuro profissional, é bem verdade, mas, principalmente, preocupação por encontrar-me incluído nesse grupo de pessoas que teve o processo da Revitalização do Bairro do Recife em suas mãos e se perdeu em seu próprio caminho.

Por isso, este caminho, está provado, não pode mais ser traçado pelos perdidos viajantes e sim por quem tem autoridade sobre eles.

Estes são os desafios que temos que vencer, pela nossa cidade, pelos nossos filhos, pelos nossos netos.

Cordialmente
Rodolfo Vasconcellos”
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No dia seguinte ao despejo do "El Paso", encontrava-me no "El Bodegón" (meu outro bar) recebendo a solidariedade dos funcionários que haviam ficado comigo até o fim, quando entrou o secretário adjunto de Turismo, Fernando Jaime Galvão, - o mesmo que me ameaçou à porta do "El Paso" dizendo: "Cuidado para a Prefeitura não ser o seu coveiro" - e, dirigindo-se até onde eu estava, deu uns tapinhas bem de leve e pausadamente na minha cabeça e saiu em direção ao seu carro que deixara estacionado à entrada do bar.
Dirigi-me então até ele para receber o que julgava ser a solidariedade pelo que acontecera quando, da calçada do bar, com a porta do carro já aberta, voltou-se e gritou em minha direção: "Eu não lhe avisei que você ia se foder!?"
Não sinto nenhum prazer em relatar esse fato. Até me entristece por expor a fragilidade em que me encontrava naqueles dias, mas, acho que a cidade tem o direito de saber, mesmo que tardiamente, nas mãos de que tipo de gente estava entregue a administração do Polo Bom Jesus e o turismo da nossa cidade. Aliás, naquele dia, eles já administravam o turismo do Estado.
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"Os amantes da verdade não temem águas tempestuosas ou turvas. O que tememos são águas rasas"
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F. Nietzsche.
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Ontem, 23.05.08, ao chegar ao Farândola - meu novo bar desde junho de 2001 - encontrei entre os clientes, um que me pareceu não ver há muitos anos, o que sugeria ser mais um dos velhos clientes do meu "El Bodegón". Como praticamente só fiz amizades em todos esses anos como dono de bar, fui logo entregando o meu abraço apertado e afetuoso com o qual costumo receber meus clientes e amigos. Só depois de alguns minutos, ao ouvi-lo comentar que costumava frequentar meu barzinho cubano sempre com a esposa - que estava ao seu lado - e o filho recém nascido que era colocado em um "bebê confort" sobre a mesa, enquanto os dois saboreavam as afrodisíacas "lambretas" - prato típico da Bahia, foi que me dei conta de que se tratava de Fernando Jaime Galvão, o acima citado Secretário Adjunto de Turismo do Recife durante a gestão de Carlos Eduardo Cadoca, que me ameaçou à época com a frase: "Cuidado para a prefeitura não ser o seu coveiro!", e que depois, no dia em que fomos despejados do Recife Antigo num ato traiçoeiro e vingativo, foi até o "El Bodegón" encontrar-me e, prazerosamente, pronunciar em alto e bom som na presença dos funcionários e clientes: "Eu não disse que você ia se foder!!!" Estes fatos ele não teve coragem de relembrar, embora, ao deixar o bar por volta das duas horas da manhã tenha me perguntado quando poderia me encontrar ali no bar. Ao me ouvir responder que de quarta a sábado ali estava todas as noites, falou: "Amanhã eu venho falar com você". Há alguns meses atrás, um amigo seu esteve no Farândola e puxou assunto sobre a derrocada do projeto de revitalização dos negócios na Rua do Bom Jesus e ficou sabendo desse texto no meu blog e pediu-me o link. Com certeza é sobre esse texto que ele quer conversar e, conhecendo seu passado, nada de bom posso esperar.

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No dia 15 de janeiro de 2009 presenteei o Farândola aos dois funcionários fixos que estavam comigo há mais de cinco anos. Esperei o Sr. Fernando Jaime Galvão por esses oito anos e ele não apareceu... Ainda. 
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postado por Rodolfo Vasconcellos às 5:10 AM em Nov 10 2005

Comentários

  1. Que tristeza...

    Que pena...

    Que desencanto!

    Ysolda Cabral

    ResponderExcluir
  2. Anônimo10:39 AM

    walter batera disse...
    Alô bicho.
    A matéria sobre o fechamento do El Paso é a pura realidade do que aconteceu.Politicagem e olho grande.
    Abração: Walter batera

    10:40 AM

    ResponderExcluir
  3. Anônimo11:10 AM

    Pense que criei esse Blog com um único objetivo, poder comentar os brilhantes textos de meus amigos, em especial de meu amigo Rodolfo Vasconcelos... O cidadão tem um dom especial em descrever suas histórias, todas verídicas, que o mesmo teve o prazer de viver, e hoje sinto que deve ter grande alegria em retratá-la para todos os seus amigos... Vou ver se tomo vergonha na cara e escrevo alguma coisa substancial aqui nesse meu espaço.
    POSTED BY IGUINHO AT 12:45 PM 0 COMMENTS

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