Rodolfo Vasconcellos

No nosso... Demóstenes Torres sempre representou para mim o que havia de mais digno do lado de lá. Em qualquer CPI, onde o investigado era alguém do Governo Lula ou do de Dilma (se é que já houve CPI para algum), e chegava a vez do senador DEMOstenes fazer seus questionamentos, eu gelava. Ao final do seu interrogatório e comentário, encontrava-me mais relaxado. Embora brilhante com as palavras - como sempre, não imprimira ao investigado nenhum sufoco. Agora fica claro por que. Ele sabia que um dia estaria sentado do outro lado. E eu me desmanchava novamente em elogios ao brilhante senador: "Este é um homem digno e coerente, além de detentor de imenso saber jurídico." Hoje, com o comprovado envolvimento do senador com a nata do crime organizado do Estado de Goiás, colocado no organograma traçado pela Polícia Federal como o segundo homem mais forte no esquema de pilhagem contra o povo que o elegeu, resta a vergonha. Não a dele, mas a minha..

Cadê o pescoço? A Polícia Federal tem conhecimento, desde 2006, das ligações do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com o senador Demóstenes Torres, do DEM de Goiás. Por Leandro Fortes, em Carta Capital Três relatórios assinados pelo delegado Deuselino Valadares dos Santos, então chefe da Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros (DRCOR), da Superintendência da PF em Goiânia, revelam que Demóstenes tinha direito a 30% da arrecadação geral do esquema de jogo clandestino, calculada em, aproximadamente, 170 milhões de reais nos últimos seis anos. Na época, o império do bicheiro incluía 8 mil máquinas ilegais de caça-níqueis e 1,5 mil pontos de bingos. Como somente no mês passado a jogatina foi desbaratada, na Operação Monte Carlo, as contas apresentadas pela PF demonstram que a parte do parlamentar deve ter ficado em torno de 50 milhões de reais. O dinheiro, segundo a PF, estava sendo direcionado para a futura candidatura de Demóst