O Herói Bin Laden e o Terrorista Barack Obama

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A farsa...




Os Estados Unidos celebram a morte de Bin Laden, e um ex-embaixador brasileiro considerou-a “espetacular”. É melhor ver a morte de qualquer homem, bom ou mau, como a morte de parte de nós mesmos. Como no belo poema em prosa de Donne, “A morte de qualquer homem me diminui, disse o poeta, porque sou parte da Humanidade, e, por isso, não pergunte por quem os sinos dobram; eles dobram por você.” Todo o ocidente morreu um pouco, quando as Torres Gêmeas vieram abaixo, e todos nós morremos diariamente com os que tombam e tombaram, em Hiroshima e Nagazaki, no Vietnã, na Coréia, na Palestina, no Iraque, no Afeganistão, na Costa do Marfim, na Líbia, no Realengo, em Eldorado dos Carajás, no Araguaia, na Candelária e em todas as partes do planeta onde se escondem homens oprimidos por homens, e nações exploradas por potências super armadas e sem nenhum resquício de dignidade como os Estados Unidos da América.

Os americanos comemoram aos berros nas ruas a morte de Bin Laden, enquanto nos países muçulmanos outros oram pelo homem que consideram mártir e herói. Como parte da Humanidade, talvez não nos conviesse  a euforia pela execução sumária de bin Laden, nem a consternação por sua morte. Os atentados de Nova Iorque –  de resto, nunca assumidos de forma cabal pelo saudita – foram  crime brutal contra a Humanidade, bem como todos os atos de terrorismo, ao longo das duas últimas décadas que de forma debochada sempre foram da mesma forma atribuídos à mesma Al Qaeda. Qualquer terrorista morto sempre foi parceiro de Bin Ladem, embora os membros dessa “organização terrorista” não usem farda nem documentos de identificação. Mas a vingança comandada pessoalmente e com regozijo por Barack Obama - herói dos norte americanos e o pior dos terroristas para as nações mulçumanas - não pode ser aplaudida. Foi um crime de guerra, cometido contra a soberania do Paquistão, desde que ao governo de Islamabad não foi solicitada autorização prévia para a operação – segundo informou o diretor da CIA, Leon Panetta.


Isso nos leva a outra leitura de John Donne: “não pergunte que povo foi atingido pela intervenção militar norte-americana. Todos nós fomos atingidos, não só por essa operação bélica e pela agressão à Líbia, mas também, no passado, pela intromissão, política, militar, econômica, das elites que controlam o governo de Washington, desde a guerra de anexação de territórios soberanos do México, movida pelo presidente Polk, em 1846. O México perdeu a metade de seu território para os Estados Unidos que ganharam mais de um quarto do que já ocupavam no norte do hemisfério, sempre da forma que costumam proceder até os dias de hoje: de forma legalmente desonesta. Essas anexações de territórios mexicanos excitou a voracidade imperialista dos Estados Unidos, mais tarde explícita no fundamentalismo do “Destino Manifesto”.


Devemos ser cautelosos quando procuramos entender o momento atual. Comentaristas internacionais, sob o calor destas horas, tentam pensar nas conseqüências imediatas, e há os que discutem se o homem morto em Abbottab é mesmo Bin Laden – que começou a sua vida de combatente como aliado dos norte-americanos  contra os soviéticos, no Afeganistão dos anos 80. Tenha sido ele, ou não, importa pouco. Osama  era apenas um símbolo, na clandestinidade imposta pelas circunstâncias de herói sem exército e sem pátria. O que importa, e muito, é o que virá a ocorrer não nos próximos dias, que serão de pausa e perplexidade, mas nos próximos meses e anos.


O perigo maior, e desdenhado, é o de que o conflito atual, iniciado com a ocupação da Palestina por Israel, se transforme realmente em  guerra declarada entre os países capitalistas ocidentais, que se identificam como cristãos, e os muçulmanos. Quem definiu a agressão como cruzada foi Bush, ao afirmar que Deus o havia convocado a matar Saddam. E conforme o livro clássico de Essad Bey, “todos os movimentos no Oriente Médio, entre eles a ocupação judaica da Palestina, se fazem na busca da posse de seu petróleo.” No passado, o saqueio se fazia em nome da “civilização” e, hoje, se faz também em nome da “modernidade”, da “democracia” e da “liberdade”.


No fundo do regozijo,  há  sementes de medo. Esse medo é muito mais poderoso do que foi o saudita, de 54 anos e, segundo informações nunca desmentidas, ao mesmo tempo amigo e sócio dos Bush nos negócios de petróleo.
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Parafraseando Mauro Santayana em "A semente do medo"
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