Tortura - A Verdade Vai Sair do Túmulo

.
.
.
.
.
.
Na época do(a) Cólera, alguém que parecia morto era sepultado, e sobre ele se jogava tudo o que fosse entulho arbitrário para que jamais viesse à tona. Os sábios de plantão da época criaram, desde já, oportunidades para que o aparente morto pudesse ressurgir e gritar a todos que nunca morrera. Assim foi com a liberdade, sepultada sob a mira de baionetas durante a ditadura, e desde então vigiada de perto por seus algozes torturadores, assombrados com os “mecanismos” que ela dispõe para trocar de lugar com eles.
.
Hoje, ao ler a matéria do Estadão sobre os esforços clandestinos de D. Paulo Evaristo Arns para documentar as perseguições políticas e violação dos direitos humanos durante a ditadura, fiquei ainda mais confiante no trabalho que poderá ser realizado pela Comissão da Verdade, se a conseguirmos implantar e fazer funcionar rapidamente.
.
Se, em plena ditadura, tendo que agir de forma encoberta, reunindo documentos clandestinamente, microfilmando-os, tendo que escondê-los no exterior, o trabalho do grupo que ele liderou pôde reunir tantas informações, esclarecer o destino de tantas pessoas e estabelecer como e por quem aqueles crimes foram praticados... Porque não o faremos agora, em escala muito maior?
.
Afinal, a Comissão da Verdade terá poderes de Estado, poderá requisitar documentos e depoimentos, e fazer – mesmo com os trinta anos de desvantagem que tem em relação ao corajoso trabalho de então – os fatos serem conhecidos e, como sempre quis o Cardeal Arns, ajudar a impedir que aquelas práticas bárbaras jamais se repitam.
.
Quem sabe, até setembro, quando D. Paulo completa 90 anos, a gente possa presentea-lo, como a todos os brasileiros, com o início de um processo que nos faça saber tudo o que se passou, da Paraíba ao Acre... do Oiapoque ao Chuí, para que nunca mais aquilo se repita.
.
.
.
.
.
.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

FAVRETO ENQUADRA MORO

Aos 11 Anos, a Virgindade em Troca de um Doce

FUX, PRESIDENTE DO TSE, SE AJOELHOU E BEIJOU OS PÉS DA MULHER DE SERGIO CABRAL