Melancolia, o Filme


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“Melancolia”, de Lars Von Trier, é um filme belíssimo, embora saiamos do cinema carregando a coisa no estômago para uma digestão pesada que se arrastará por dias. Não é fácil tratar da real fragilidade da vida no nosso planeta e do sem número de eventos aleatórios em que se baseia a vida, sem provocar uma imensa melancolia. Esse tema sempre foi tratado de forma fantasiosa, com heróis de mentira salvando o planeta. Trier não oferece nenhum tipo de alento, ou saída mágica. O que há de mais humano está exposto no comportamento de seus principais personagens. A absoluta crença na ciência pelo anfitrião se mostra ingênua. A verdadeira ingenuidade da criança contribui para a melancolia do espectador. A esperança que vem e se esvai diante dos eventos trágicos que se anunciam, perde força à medida em que o final do filme se aproxima. A sensação é estranha diante da recusa do diretor em encontrar saída mirabolante, como estamos acostumados  por anos a fio de filmes-catástrofe americanos, nos quais no último minuto o presidente norte-americano de plantão aprova alguma medida  nos salvando a todos. Mas ele não aparece. Não tem papel algum nem é citado nesse filme de Von Trier. A dura realidade é que a crise atingiu em cheio os programas da NASA que a cada ano decola menos. A crise já esfrangalhou também a fantasia do outrora redentor Capitão América. Lars Von Trier tirou da mão dos falsos heróis norte americanos as chaves do nosso destino, mostrando-nos que não haveria saída ilusória.
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Trier conta a história de Justine (Kirsten Dunst, merecidamente premiada em Cannes como melhor atriz), uma jovem noiva que não parece contente em contrair matrimônio, enquanto a câmera passeia livremente pelos convidados, como em Festa de família  de Thomas Vinterberg. Por mais que o clima de vez em quando, seja quebrado por um inesperado humor deslocado e amarelado, a melancolia está em cada detalhe da produção: trilha sonora, figurino, edição, interpretações e ambientação, notadamente quando os convidados se vão, e as atenções se voltam para os quatro personagens centrais.
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Para as irmãs, o tempo só serviu para afastá-las. Nem o casamento entre Justine e Michael (Alexander Skarsgård) serve como desculpa para aproximá-las e, depois da cerimônia, Justine começa a ficar triste e melancólica. Quando o anúncio sobre a colisão da Terra com outro planeta de nome Melancolia chega ao conhecimento de alguns, as reações são bem diferentes. Justine está conformada, enquanto o desespero do iminente fim apavora Claire.
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A terceira parte foca justamente no pavor de Claire com a aproximação do gigantesco Melancolia. Em meio à ameaça de colisão com a Terra, as duas buscam resolver conflitos e entender suas escolhas.
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Sem efeitos especiais mirabolantes , sem o apelo melodramático de metrópoles engarrafadas e multidões enlouquecidas, mas também sem receio de revolver nossos medos mais profundos, Von Trier chega ao final de seu filme de forma magistral, mostrando que é, ainda que odiado por muita gente, um dos grandes realizadores de nosso tempo. 
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Melancolia é, sem dúvida alguma, uma experiência cinematográfica arrebatadora e inquietante.
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