Dilma, no Financial Times: Hora de determinação e ousadia
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Brasil
vai enfrentar os manipuladores da moeda
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September 21, 2011 8:28 pm
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Vivemos
dias turbulentos. A crise financeira de 2008 não acabou, especialmente nas
economias avançadas. Com o crescimento ainda fraco, estes países tem adotado
políticas monetárias extremamente expansivas, em vez de buscar um maior
equilíbrio entre estímulos fiscais e monetários. As economias emergentes têm
sustentado o ritmo de crescimento, mas não podem assumir o papel de motores
globais sem ajuda.
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Economias
que emitem moeda estão gerenciando a liquidez internacional sem considerar o
bem coletivo. Estão recorrendo a taxas de câmbio subvalorizadas para garantir
sua fatia dos mercados globais. Esta onda de desvalorizações unilaterais cria
um círculo vicioso que leva ao protecionismo no comércio e nas taxas de câmbio.
Isso tem efeitos devastadores para todos, mas especialmente para os países em
desenvolvimento.
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O grande
desafio para os próximos anos é tratar da dívida soberana e dos desequilíbrios
fiscais em alguns países, sem parar — ou reverter — a recuperação global.
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Só o
crescimento econômico, baseado em distribuição de renda e inclusão social, pode
gerar os recursos para pagar a dívida pública e cortar déficits. A experiência
da América Latina nas últimas décadas mostra quanto a recessão traz em perda de
produção, aumento das desigualdades sociais e desemprego.
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Se
pretendem superar a crise, as maiores economias do mundo deveriam dar sinais
claros de coesão política e coordenação macroeconômica. Não haverá recuperação
de confiança ou crescimento sem maior coordenação entre os países do G-20. É
vital — para a Europa em particular — que se recupere o espírito de cooperação
e solidariedade demonstrado no ápice da crise.
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É por
isso que o Brasil apoia o Quadro para Crescimento Forte, Sustentável e
Equilibrado do G-20, que precisa ser gerenciado por todos e para todos, sem
exceção.
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Outras
iniciativas são necessárias no campo internacional: maior regulamentação do
sistema financeiro, para minimizar a possibilidade de novas crises; redução dos
níveis de alavancagem. Precisamos avançar com as reformas das instituições
financeiras multilaterais, aumentando a participação dos países emergentes que
agora têm a responsabilidade primária pelo crescimento econômico global.
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É urgente
combater o protecionismo e todas as formas de manipulação das moedas, que
promovem competitividade espúria às custas de parceiros comerciais. O G-20 pode
oferecer uma resposta coordenada, na qual as grandes economias ajustem
políticas fiscais, monetárias e/ou de câmbio, sem medo de atuar isoladamente.
Um sistema aberto de comércio global requer a sensação de confiança mútua.
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Enquanto
isso, ameaçados pela entrada de capital largamente especulativo e pela rápida e
insustentável apreciação de suas moedas, os países em desenvolvimento que
adotam taxa de câmbio flutuante, como o Brasil, são forçados a adotar medidas
prudenciais para proteger suas economias e suas moedas nacionais. Não vamos
sucumbir a pressões inflacionárias vindas de fora. Com firmeza e serenidade
vamos manter a inflação sob controle, sem abrir mão do crescimento econômico,
que é essencial se vamos promover a inclusão social. Nosso compromisso com o
desenvolvimento sustentável e a estabilidade dos preços não é negociável e a
sintonia de nossa política econômica sempre vai trabalhar com este objetivo.
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Quanto às
políticas de longo prazo, o Brasil reconquistou a capacidade de planejamento em
campos como a energia, o transporte, o setor habitacional e o saneamento, ao
redefinir o papel do estado no desenvolvimento da infraestrutura social.
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A
descoberta de grandes reservas de petróleo em águas profundas vai abrir um novo
ciclo de industrialização, especialmente nos setores naval, petroquímico e de
bens de capital; também vai permitir ao Brasil criar um fundo especial para
investir em políticas sociais, científicas, tecnológicas e culturais.
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O país
fortaleceu as empresas estatais como a Petrobras, a Eletrobras e os bancos
públicos para induzir o desenvolvimento. Através de mecanismos de defesa
comercial, apoiados nas regras da Organização Mundial do Comércio, o Brasil não
vai permitir que sua indústria seja ameaçada pela competição injusta.
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O Brasil
também tem compromisso com a luta contra o desmatamento, especialmente na
Amazônia; com a promoção da agricultura sustentável; com o fortalecimento de
uma matriz energética variada. Estou convencida da necessidade de consolidar
estas conquistas, assim como estou certa de que temos responsabilidade pelo
reequilíbrio da economia mundial. É hora de os líderes globais agirem com
determinação e ousadia. É isso o que o mundo espera de nós.
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*The
writer is president of Brazil
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