Portinari Chegou ao Memorial da América Latina
O ator e diretor Luiz Carlos Vasconcelos e a bailarina Ana Maria Botafogo, durante a cerimônia criada e dirigida pelo ator.
Noite emocionou pela pincelada trágica de Portinari e beleza das homenagens.
Na primeira semana deste fevereiro, a Fundação Memorial
da América Latina viveu uma noite memorável, na qual se deu a inauguração da
mostra “Guerra e Paz, de Portinari”.
Os convidados lotaram as duas plateias do
Auditório Simón Bolívar, cuja capacidade é de mais de 1800 pessoas.
Antes de visitar os painéis “Guerra” e “Paz”, no Salão de
Atos, os esboços e estudos do artista na Galeria Marta Traba, bem como o
audiovisual sobre a obra completa de Portinari, na Biblioteca Latino-americana
Victor Civita, o público pode assistir um espetáculo de rara beleza, idealizado
e dirigido pelo ator e diretor paraibano Luiz Carlos Vasconcelos.
Sob a regência do maestro Elias Moreira, uma orquestra de câmera criada
especialmente para esse evento executou temas de Heitor Villa-Lobos e J. S.
Bach. Milton Nascimento e Hamilton de Holanda se apresentaram em seguida. Ambos
compuseram músicas inspiradas nos painéis “Guerra” e “Paz”. Em seguida, a
atriz Beatriz Segall leu trecho de texto do próprio Portinari sobre sua
motivação ao pintar e foi exibido o documentário “Guerra e Paz”, de Carla
Camurati. Para encerrar a noite, os dançarinos Ana Botafogo (na foto com Luiz
Carlos) e Alex Neoral dançaram
coreografia especialmente feita para a ocasião do coreógrafo norte –americano
David Parsons, sob o “Adagio for Strings”, de Samuel Barber.
O espetáculo foi enxuto, sem arestas e tocante, sem cair o ritmo e a qualidade
em nenhum momento. Telas de tule desceram sobre as laterais do palco e
receberam a projeção de um interessante videografismo construído a partir dos
desenhos e pinturas de Portinari. Os artistas convidados participaram
compungidos, cada um prestando sua homenagem particular ao pintor Candido
Portinari.
João Candido Portinari, chamado de professor por todos, por ter dado aulas de
Matemática na PUC-Rio, fez um discurso emocionado e dedicou o evento também à
memória da sua mãe, Maria Portinari, “companheira de sempre na vida e na obra
de meu pai”. Para ele, “os painéis “Guerra” e “Paz” são uma síntese
de uma vida inteira de Candido Portinari lutando contra as injustiças do
mundo”. Ele destacou a afinidade de alma e de propósito entre a Fundação
Memorial e esse projeto. “Tudo apontava para o casamento feliz que estamos
assistindo hoje”, disse.
Por último, a Ministra de Estado do Desenvolvimento Social e Combate à Fome,
Tereza Campello destacou o longo trabalho do filho em resgatar, preservar e
divulgar a memória do pai.
Ao término da cerimônia, todos se dirigiram ansiosos para
o Salão de Atos para finalmente conhecer os painéis “Guerra” e “Paz”
restaurados.
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