Malvinas: Londres Instala Armas Nucleares
Paiol submerso: O submarino inglês HMS Vanguard: mísseis que podem alcançar 5 000 quilômetros |
As denúncias da Argentina contra o Reino Unido por
instalar armas nucleares no Atlântico Sul reacenderam anteontem - sábado 11 -
um novo foco de inquietude nas Nações Unidas e a necessidade de negociações
sobre as Ilhas Malvinas.
As acusações contra Londres nesse tema foram feitas pelo chanceler argentino,
Héctor Timerman, que viajou à sede da ONU em Nova Iorque para expô-las aos
titulares daquele que deveria ser o Órgão de representação de todas as Nações.
O ministro entregou ao secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, informações que
sustentam as alegações da Argentina e aceitou um oferecimento do secretário
para mediar entre Buenos Aires e Londres e iniciar conversas sobre as Malvinas.
Também reuniu-se com o mesmo propósito com o embaixador de Togo perante as
Nações Unidas e presidente do Conselho de Segurança, Kodjo Menan, e o titular
da Assembleia Geral, Nassir Abdulaziz Al-Nasser (Catar).
Além disso, sustentou uma reunião com o presidente do Comitê de Descolonização,
Pedro Núñez Mosquera (Cuba), e os embaixadores da Colômbia e da Guatemala,
respectivamente, os países latino-americanos que este ano ocupam um assento no
Conselho de Segurança.
A todos expôs os argumentos da Argentina frente ao crescimento militar
realizado pelo Reino Unido no Atlântico Sul e reiterou a demanda de soberania
de seu país sobre as Ilhas Malvinas, ocupadas desde 1833.
Com a projeção de dispositivos que respaldaram sua exposição, Timerman explicou
em coletiva de imprensa detalhes da militarização dessa região, como a chegada
às Malvinas do submarino nuclear Vanguard, do destruidor HMS Dauntless e de
aviões Typhoon, todos de última geração.
Disse que as bases militares britânicas nas ilhas Ascensión, Santa Helena,
Tristán de Cuña, Malvinas e Geórgias e Sándwich do Sul e o território antártico
dominam o Atlântico Sul e o tráfego marítimo e aéreo entre a América do Sul e a
África e o acesso ao Pacífico e ao Índico.
Trata-se de um controle exercido por uma potência militar que se encontra a 14
mil quilômetros das Malvinas, sublinhou, embora todos saibam que os EUA estão
por trás desses deslocamentos, os quais fazem parte de um projeto de domínio do
Cone Sul.
Revelou que o governo argentino ainda espera uma resposta de Londres sobre se
introduziu ou não armas nucleares na região, como lhe perguntaram vários países
preocupados por essa possibilidade.
Recordou que em 2003 ocorreu um acidente nas Malvinas durante o translado de
material nuclear entre dois barcos britânicos, o qual derivou em uma propagação
de radioatividade.
A respeito, o embaixador do Reino Unido na ONU, Mark Lyall Grant, admitiu que
"há submarinos de bandeira britânica por todo o mundo" e que Londres
aumentou seu poderio militar nesse arquipélago desde 1982, quando a Argentina e
seu país foram a uma guerra que custou a vida de 649 argentinos e 255 ingleses.
A Argentina é signatária do Tratado de Tlatelolco que converteu a América
Latina em uma região livre de armas nucleares, enquanto o Reino Unido o
assinou, porém, com reservas para não cumprir com todos os preceitos desse
pacto, explicou o ministro.
Nesse sentido, destacou o apoio unânime da América Latina ao pedido argentino
de conservar a paz no Atlântico Sul e de recuperar a soberania das Ilhas
Malvinas, Geórgias do Sul, Sándwich do Sul e os espaços marítimos circundantes.
Esse respaldo está plasmado nos acordos adotados pelo Mercado Comum do Sul,
União de Nações Sul-americanas, Comunidade de Estados Latino-americanos e
Caribenhos e as Cúpulas Ibero-americanas.
Timerman criticou a reiterada negativa de Londres a retomar as negociações
dispostas pela ONU e as ilegais medidas unilaterais ditadas pelo governo
britânico para a exploração e extração de recursos naturais renováveis e não
renováveis da área da controvérsia.
O Reino Unido é um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança,
órgão encarregado de velar pela paz e segurança internacionais.
Fonte: Prensa Latina
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