"Cachoeira e Demóstenes Armaram o Mensalão"
Ora, se !...
Quem diz é o ex-prefeito de Anápolis (GO) Ernani de
Paula, que conviveu com os dois; ele foi amigo do contraventor e sua mulher
Sandra elegeu-se suplente do senador do DEM em 2002; "Cachoeira filmou,
Policarpo publicou e Demóstenes repercutiu", disse ele ao jornal
Brasil247.
O Mensalão, maior escândalo político dos últimos anos, que pode ser julgado
ainda este ano pelo Supremo Tribunal Federal, acaba de receber novas luzes.
Elas partem do empresário Ernani de Paula, ex-prefeito de Anápolis, cidade
natal do contraventor Carlinhos Cachoeira e base eleitoral do senador
Demóstenes Torres (DEM-GO).
“Estou convicto que Cachoeira e Demóstenes fabricaram a primeira denúncia do
mensalão”, disse o ex-prefeito em entrevista ao 247. Para quem não se lembra,
trata-se da fita em que um funcionário dos Correios, Maurício Marinho, aparece
recebendo uma propina de R$ 5 mil dentro da estatal. A fita foi gravada pelo
araponga Jairo Martins e divulgada numa reportagem assinada pelo jornalista
Policarpo Júnior. Hoje, sabe-se que Jairo, além de fonte habitual da revista
Veja, era remunerado por Cachoeira – ambos estão presos pela Operação Monte
Carlo. “O Policarpo vivia lá na Vitapan”, disse Ernani de Paula ao 247.
O ingrediente novo na história é a trama que unia três personagens: Cachoeira,
Demóstenes e o próprio Ernani. No início do governo Lula, em 2003, o senador
Demóstenes era cotado para se tornar Secretário Nacional de Segurança Pública.
Teria apenas que mudar de partido, ingressando no PMDB. “Eu era o maior
interessado, porque minha ex-mulher se tornaria senadora da República”, diz
Ernani de Paula. Cachoeira também era um entusiasta da ideia, porque pretendia
nacionalizar o jogo no País – atividade que já explorava livremente em Goiás.
Segundo o ex-prefeito, houve um veto à indicação de Demóstenes. “Acho que
partiu do Zé Dirceu”, diz o ex-prefeito. A partir daí, segundo ele, o senador
goiano e seu amigo Carlos Cachoeira começaram a articular o troco.
O primeiro disparo foi a fita que derrubou Waldomiro Diniz, ex-assessor de
Dirceu, da Casa Civil. A fita também foi gravada por Cachoeira. O segundo,
muito mais forte, foi a fita dos Correios, na reportagem de Policarpo Júnior,
que desencadeou todo o enredo do Mensalão, em 2005.
Agora, sete anos depois, na operação Monte Carlo, o jornalista de Veja aparece
gravado em 200 conversas com o bicheiro Cachoeira, nas quais, supostamente,
anteciparia matérias publicadas na revista de maior circulação do País.
Até o presente momento, Veja não se pronunciou sobre as relações de seu redator-chefe
com o bicheiro. E, agora, as informações prestadas pelo ex-prefeito Ernani de
Paula contribuem para completar o quadro a respeito da proximidade entre um
bicheiro, um senador e a mais podre revista do País. Demonstram que o pano de
fundo para essa relação frequente era o interesse de Cachoeira e Demóstenes em
colocar um governo contra a parede. Veja não foi usada, fez parte da trama?
Comentários
Postar um comentário
comentário no blogspot