Assassinatos da Ditadura São Comemorados por Militares e Bolsonaro no Clube Militar







Pais que tiveram seus jovens filhos covardemente assassinados durante a ditadura, foram tratados como os abutres que se escondiam lá em cima, no clube militar.



O ato foi organizado por diversos movimentos de juventude, ligados aos partidos políticos, como a União da Juventude Socialista no estado (UJS-RJ), do PCdoB; jovens do PT, Psol, PDT, entre outras; militantes de direitos humanos e parentes de vítimas da ditadura.


Uma multidão formada por cerca de 350 pessoas se reuniu em frente ao local, na esquina da Avenida Rio Branco com Rua Santa Luzia, na Cinelândia, por volta das 14h. A cada aparição de um militar, que só conseguia entrar no prédio sob escolta da Polícia Militar (PM), gritos como “assassino”, “covarde” e “torturador” eram ecoados pelos presentes.



Nas ruas próximas, vários cartazes com frases como "Ditadura não é revolução", "Onde estão nossos mortos e desaparecidos do Araguaia?", além de fotografias de desaparecidos durante os anos de chumbo. Para representar o sangue derramado durante a ditadura, manifestantes derramaram um balde de tinta vermelha nas escadarias do Clube Militar.



Um dos militares revidou, tomando o celular das mãos de um manifestante, que também reagiu. Houve empurra-empurra e o estudante de Ciências Sociais Antônio Canha, de 20 anos, acabou sendo atingido por um tiro de descarga elétrica de uma pistola Taser, usada pela tropa de choque da PM, que fez a escolta do local. No momento em que foi colocado dentro do camburão, várias pessoas tentaram impedir, cercando o veículo.




A PM, então, usou spray de pimenta para dispersar a aglomeração. Os manifestantes responderam fechando a Avenida Rio Branco por dez minutos. “A ditadura não acabou, na PM também tem torturador”, gritavam os manifestantes revidando ao gás de pimenta. Foi quando novamente os policiais agiram arremessando bombas de efeito moral, cujos estilhaços feriram na barriga a manifestante Miriam Caetano, de 33 anos.




Os militares coniventes com os assassinatos, que assistiam ao debate "1964 - A Verdade", ficaram sitiados no prédio do Clube Militar, na Cinelândia. Após o término do evento, quando tentaram sair, o prédio estava cercado pelos manifestantes. Em pequenos grupos, os militares, trêmulos, fugiram do lugar por uma porta lateral, na rua Santa Luzia, escoltados pela PM até uma estação de metrô próxima ou até um táxi, abandonando seus carros para, na calada da noite, mandar alguém fazer o serviço por eles. No entanto, muitos recuaram tomados pelo medo. A PM ainda tentou conter os manifestantes para liberar alguns membros da reserva que comemoraram a morte dos jovens brasileiros durante a ditadura pela porta principal. Mas, os militantes não deram trégua e a saída dos envergonhados fardados foi novamente tumultuada.

Desde o ano passado, a presidente Dilma Rousseff determinou o fim desta celebração nas Forças Armadas. O evento dos militares acontece um mês após o lançamento de um manifesto em que eles cobram da presidente uma postura contrária à Comissão da Verdade e à revogação da Lei da Anistia.

Diversos militantes tuitavam enquanto estavam no conflito. “O ato virou uma batalha campal no centro da cidade! O babaca do Bolsonaro ficou acenando da janela durante a confusao”, exclamou no Twitter Flávia Calé, presidente da União da Juventude Socialista (UJS) no Rio de Janeiro, referindo-se ao deputado homofóbico Jair Bolsonaro (PP-RJ), presente nas comemorações da chamada “revolução”. 

Outros internautas lamentaram e se surpreenderam com o enfoque dado pela grande mídia, como em O Globo "O que era para ser uma simples comemoração do Golpe de 64" . "Sério, "O Globo" escreveu isso: "uma simples comemoração" do golpe de 64. caramba!!!!", postou a jornalista Nina Lemos. Na Globo News um jornalista que cobria a manifestação teve dificuldade para narrar os acontecimentos por conta do grande volume de gás pimenta. 

Mas houve quem condenasse a manifestação. "Maria do Rosário deve estar feliz. Militares estão sendo cassados nas ruas", alfineta o jornalista da Veja Reinaldo Azevedo, tradicional puxa-saco desse último saco de lixo dos militares brasileiros.

Assista ao vídeo:






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