"A Privataria Tucana" e a Crise na Bibllioteca Nacional
Depois da publicação, no site da Revista Historia da Biblioteca Nacional, de uma resenha do livro que denuncia as privatizações
tucanas, seu autor e o editor da revista foram demitidos.
A publicação de uma resenha elogiosa ao livro "A
Privataria Tucana", de Amaury Ribeiro Jr., foi o estopim para uma grave
crise na Revista de História da Biblioteca Nacional,envolvendo a redação
da revista, a Fundação Biblioteca Nacional e a Sociedade de Amigos da
Biblioteca Nacional (Sabin), responsável pela publicação da revista. O início
da crise foi a demissão, primeiro, do jornalista Celso de Castro Barbosa (autor
da resenha) e, depois, do editor Luciano Figueiredo.
A resenha fora publicada em 24 de janeiro no site da revista, e ficou no ar
durante nove dias. A reação de líderes e parlamentares tucanos foi furiosa, a
começar pelo presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, que ameaçou processar
a publicação. Para o jornalista Elio Gaspari (que divulgou a crise em sua
coluna na Folha de S. Paulo, em 28 de março), a intervenção de Guerra
teria sido decisiva para a demissão do jornalista.
O mais recente desdobramento da crise foi a ameaça de demissão coletiva do
conselho editorial da revista, em apoio ao ex-editor Luciano Figueiredo. O
Conselho Editorial é formado por pesos pesados entre os historiadores
brasileiros, como José Murilo de Carvalho (UFRJ), Lilia Moritz Schwarcz (USP) e
Alberto da Costa e Silva (da Academia Brasileira de Letras). Além da demissão
do editor, eles reclamam que o Conselho não foi consultado sobre essa decisão.
Uma conclusão possível sobre este acontecimento é reveladora da compreensão
tucana do que seja liberdade de imprensa: ela não inclui críticas ao partido ou
a seus cardeais. Outra conclusão aponta a ainda forte influência conservadora
em setores importantes da cultura, que acatam pressões dessa natureza e agem de
acordo com elas. Mas há também uma conclusão positiva, que engrandece
historiadores como os membros do Conselho Editorial: eles não compactuaram
contra a restrição à liberdade de pensamento representada por este triste
episódio.
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