Demóstenes X Justiça: Um Procurando o Outro
Fazendo-se de doido.
Após ter o mandato cassado no Senado por, entre outras
falcatruas, mentir sobre suas relações
com o gangster Carlinhos Cachoeira (também conhecido como contraventor),
Demóstenes Torres vai recorrer da decisão ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Mas, por enquanto, o caminho profissional do outrora senador é o retorno ao
Ministério Público de Goiás, onde era procurador da República, ou seja,
procurava pela justiça.
Sem poder se candidatar nem a vereador até 2027, o sócio
de Cachoeira não possui impedimento legal para o imediato retorno como
procurador. Sequer precisa requerer a volta ao batente. Em licença desde 1999,
o conselheiro de Cachoeira atuaria na 27ª Procuradoria de Justiça com
atribuição criminal, da qual é titular. O salário mensal da função é de 22 mil
reais.
Acontece que o MP de Goiás também deve investigar o
ex-senador. “A Corregedoria Geral informa que, por ora, aguarda a
publicação da decisão do plenário daquela Casa Legislativa para, então,
concretizado o retorno do membro do Ministério Público às suas funções, adotar,
de ofício, as providências pertinentes para instauração de procedimento
disciplinar para apuração de eventual falta funcional”, diz mensagem no site da
instituição goiana, ou seja, vai ser um procurando o outro.
Segundo interpretação da Secretaria-Geral da Mesa do
Senado, Demóstenes está livre para retomar seu cargo no MP de Goiás por ter
sido nomeado antes da Constituição de 1988. Neste período, os integrantes do
órgão eram autorizados a seguir carreira política e retornar ao Ministério
Público, caminho hoje vetado.
Na última sexta-feira, o primeiro suplente Wilder Pedro
de Morais (DEM-GO) combinou com uns quatro senadores e assumiu furtiva e
rapidamente a vaga do procurador de justiça do Estado de Goiás, mas já chega
sob suspeita por sua relação com Cachoeira. O Wilder é dono da Orca Construtora
e de shopping centers no estado, além de ser o segundo maior doador “oficial” da
campanha eleitoral de Demóstenes em 2010. Famoso por ter sido casado com
Andressa Mendonça, atual mulher do bicheiro, teria omitido parte de seus bens,
avaliados em 14,4 milhões de reais, na prestação de contas eleitorais. Ele
simplesmente esqueceu de declarar que é proprietário de dois shopping centers, coisa
que qualquer um poderia esquecer. Além disso, áudios da PF revelam que
Cachoeira o teria indicado para a vaga de suplente, desde que ele abrisse mão
de sua cara-metade. “Se tivermos razões para crer que há algo mais nesta
relação, entraremos com representação”, adianta Randolfe Rodrigues (PSOL-AP),
partido que pediu a cassação de Demóstenes.
Quem procura acha?
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