60% dos Congressistas Usam Serviços de Prostituição
Cobrando a entrada.
Ainda na metade do seu primeiro mandato, a proposta do deputado federal Jean Wyllys
(PSOL-RJ) de regularizar a prostituição já provoca celeuma entre os colegas.
Tudo porque, em entrevista ao portal iG, Wyllys afirmou
que são grandes as chances de o projeto ser aprovado porque, segundo ele, “60%
da população masculina do Congresso Nacional faz uso dos serviços das
prostitutas”. “Acho que esses caras vão querer fazer uso desse serviço em
ambientes mais seguros”, afirmou.
A declaração provocou reações dos colegas, sobretudo da
bancada evangélica, o principal entrave para o texto. “Esse comentário é
deselegante. É uma ofensa”, disse o líder do PPS na Câmara, Rubem Bueno.
O líder do PR, Lincoln Portela, disse ao iG que,
com o projeto, não demoraria para “termos faculdade formando prostituta”.
Esta é a segunda tentativa de regulamentar a profissão.
Em 2003, projeto similar foi apresentado por Fernando Gabeira (PV-RJ), mas foi
arquivado pela Câmara. O projeto de Jean Wyllys, colunista do site de
CartaCapital, prevê que as prostituas tenham acesso à saúde e planos de
aposentadoria.
Após a polêmica, Wyllys divulgou uma nota em que critica
a forma como a declaração foi recebida. Confira:
“Está claro – até porque usei o verbo no futuro do
pretérito (“diria que 60%…”), tempo verbal que torna relativa e incerta
qualquer afirmação – está claro que eu não me referi a estatísticas precisas,
levantadas por institutos de pesquisas. Considerando que jornalistas fossem
capazes de levar em conta essa nuanças da Língua, espantou-me a maneira literal
como parte da imprensa interpretou essa frase.
Na verdade, eu sei que essa parte da imprensa, até por
estar em jogo os direitos de uma minoria difamada (as prostitutas), investiu na
cobertura sensacionalista que sempre gera audiência, mas também histeria. É
óbvio que a referência a 60% queria dizer “a maioria”; e que essa percepção de
que boa parte dos homens já recorreu a serviços de prostitutas não é só minha
nem é mentira, por mais indignados que os autoproclamados paladinos da “moral”
e dos “bons costumes” tenham se mostrado indignados com ela.
Essa percepção é fruto da realidade que vemos todos os
dias, das conversas que ouvimos, da literatura que lemos e dos filmes a que
assistimos: sim, as prostitutas existem e a maioria dos homens recorre aos seus
serviços! De mais a mais, o fato de que parlamentares recorrem a serviços de
prostitutas já foi divulgado diferentes vezes por diferentes veículos de
comunicação. É só procurar por essas matérias.
Por fim, gostaria de ver os deputados que se inflamaram
com a estatística imprecisa indignados com o que realmente importa: por
exemplo, com o fato de os prováveis novos presidentes da Câmara e do Senado estarem
envolvidos em denúncias de corrupção e com o fato de muitos dos parlamentares
terem vendido seus votos em matérias importantes”
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