Randolfe Rodrigues Disputa a Presidência do Senado
De olho na molecagem...
ENTREVISTA AO ESTADÃO – Randolfe Rodrigues, Senador (PSOL-AP)
No mesmo dia em que senadores lançaram um manifesto
comparando a volta de Renan Galheiros (PMDB-AL) à presidência do Senado à
escolha comandada pelos “antigos coronéis do interior”, o senador Randolfe
Rodrigues (PSOL- AP) anunciou que também é candidato à direção da Casa. A
eleição, em votação secreta, está marcada para o dia 1º de fevereiro.
Para o senador do PSOL, que diz ter o apoio dos cerca de dez parlamentares que
se denominam independentes, há “sempre” o risco de o Senado voltar à crise
política se não forem mudados os procedimentos e a conduta na Casa. Entre as
propostas, Randolfe defende que haja votação de projetos todos os dias no
Congresso.
Ele também é favorável a uma reforma administrativa e à
formação de um comitê de fiscalização dos gastos do Seriado.
Estadão: No seu primeiro dia de mandato, o sr. disputou a presidência do
Senado com José Sarney (PMDB-AP) e teve apenas oito votos. Por que o sr. quer
novamente disputar o cargo?
Randolfe: Quero me candidatar, primeiro, porque não sou eleitor de cabresto e não acho que o Senado é a República Velha, quando os eleitores saíam com seu candidato predefinido e a cédula já marcada.
Randolfe:
Jamais trabalhei para perder em nenhuma eleição que me envolvi. Apresento minha
candidatura como alternativa.
Acho que é um bom momento para que todos os parlamentares que criticam a falta de independência do Congresso terem uma opção parar votar.
Estadão: Quais são suas propostas?
Randolfe: Primeiro, que o Senado tenha uma agenda para o Brasil e não seja o receptor da agenda do Executivo. Tem de ter uma relação com os demais Poderes da República, como estabelecido pela Constituição. Se eu for eleito presidente do Senado, a primeira medida é instituir que as sessões de votação ocorram de segunda a sexta-feira. Em um desses dias, o Congresso seria convocado para realizar votações, para que nunca mais os deputados e senadores passem pelo vexame de apreciar de uma só vez mais de 3 mil vetos presidenciais.
Estadão: O sr. é um dos signatários do manifesto que compara a volta de Renan Calheiros à presidência da Casa à escolha feita pelos
antigos “coronéis do interior” na época da República Velha. Por que a
comparação?
Estadão: Na sua opinião, com a eventual eleição de Renan Calheiros o Senado corre o risco de novamente voltar ao noticiário político, envolvido em uma crise?
Randolfe: Acho que existe sempre o risco de crise, se não mudarmos a conduta, os procedimentos do Senado, para ele voltar a ser um Poder, altivo, republicano e independente. A iminência de crise sempre paira. Se não der transparência aos seus gastos, o risco de crise permanecerá. A pior crise de uma instituição é a crise de valores, que para um homem republicano é o que importa.
Randolfe: Eu acho que é muita concentração de poder e mais do mesmo, parece até capítulo de uma novela que conhecemos o enredo e que acontecerá no final. O Senado é composto por homens da República. E, segundo uma frase do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), o homem republicano coloca a biografia na frente do currículo e o currículo na frente do patrimônio. É o que queremos.
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