Amaury Ribeiro Jr X FHC, Para a Academia Brasileira de Letras
O jornalista
Amaury Ribeiro Júnior enfrentará
o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso por
uma cadeira na Academia Brasileira de Letras (ABL). Ato de lançamento ocorreu nesta sexta-feira (26), às 15 horas, na sede do Sindicato dos Jornalistas do
Rio de Janeiro.
Parafraseando Altamiro Borges, em seu
blog
O ato de lançamento da candidatura do jornalista Amaury Ribeiro Júnior, autor
do livro "A privataria tucana", para a Academia Brasileira de Letras
(ABL), aconteceu nessa seta-feira 26. Ele ocorreu às 15 horas, na sede do
Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro (Rua Evaristo da Veiga, nº 16, 17º
andar, Centro).
Na sequência, os apoiadores sairam em passeata, acompanhados por um animado
bloco carnavalesco, para registrar a candidatura na ABL. Por último, como
ninguém é de ferro, descontraíram numa confraternização etílica na Cinelândia,
onde estavam os convidados para esse ritual
dos "imortais".
Reproduzo abaixo o manifesto de apoio a Amaury Ribeiro, que já conta com mais
de 6 mil adesões e ainda está aberto a novos apoios. Não deixe de assinar a
petição.
A privataria é imortal - Amaury Ribeiro Júnior para a ABL
Não é a primeira vez que a Academia Brasileira de Letras tem a oportunidade de
abrir suas portas para o talento literário de um jornalista. Caso marcante é o
de Roberto Marinho, mentor de obras inesquecíveis, como o editorial de 2 de
abril de 64:
"Ressurge a Democracia, Vive a Nação dias gloriosos" – o texto na
capa de "O Globo" comemorava a derrubada do presidente constitucional
João Goulart, e não estava assinado, mas trazia o estilo inconfundível desse
defensor das liberdades. O famigerado Roberto Marinho tornou-se, em boa hora,
companheiro de Machado de Assis e de José Lins do Rego.
Incomodada com a morte prematura de "doutor" Roberto, a Academia
acolheu há pouco outro bravo homem de imprensa: Merval Pereira, com a riqueza
estilística de um Ataulfo de Paiva, sabe transformar jornalismo em literatura;
a tal ponto que – sob o impacto de suas colunas – o público já não sabe se está
diante de realidade ou ficção.
Esses antecedentes, "per si", já nos deixariam à vontade para
pleitear – agora - a candidatura do jornalista Amaury Ribeiro Junior à cadeira
36 da Academia Brasileira de Letras.
Amaury, caros acadêmicos e queridos brasileiros, não é um jornalista qualquer.
É ele o autor de "A Privataria Tucana" – obra fundadora para a
compreensão do Brasil do fim do século XX.
Graças ao trabalho de Amaury, a Privataria já é imortal! Amaury Ribeiro Junior
também passou pelo diário criado por Irineu Marinho (o escritor cubano José
Marti diria que Amaury conhece, por dentro, as entranhas do monstro).
Mas ao contrário dos imortais supracitados, Amaury caminha por outras
tradições. Repórter premiado, não teme o cheiro do povo. Para colher boas
histórias, andou pelas ruas e estradas empoeiradas do Brasil. E não só pelos
corredores do poder.
Amaury já trabalhou em "O Globo", "Correio Braziliense",
"IstoÉ", "Estado de Minas", e hoje é produtor especial de
reportagens na "TV Record". Ganhou três vezes o Prêmio Esso de
Jornalismo. Tudo isso já o recomendaria para a gloriosa Academia. A obra mais
importante do repórter, entretanto, não surge dos jornais e revistas. "A
Privataria Tucana" – com mais de 120 mil exemplares comercializados – é o
livro que imortaliza o jornalista.
A Privataria é imortal - repetimos!
O livro de Amaury não é ficção, mas é arte pura. Arte de revelar ao Brasil a
verdade sobre sua história recente. Seguindo a trilha aberta por Aloysio Biondi
(outro jornalista que se dedicou a pesquisar os descaminhos das privatizações),
Amaury Ribeiro Junior avançou rumo ao Caribe, passeou por Miami, fartou-se com
as histórias que brotam dos paraísos fiscais.
Estranhamente, o livro de Amaury foi ignorado pela imprensa dos homens bons do
Brasil. Isso não impediu o sucesso espetacular nas livrarias - o que diz muito
sobre a imprensa pátria e mais ainda sobre a importância dos fatos narrados
pelo talentoso repórter.
A Privataria é imortal! Mas o caminho de Amaury Ribeiro Junior rumo à imortalidade,
bem o sabemos, não será fácil. Quis o destino que o principal contendor do
jornalista na disputa pela cadeira fosse o ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso.
FHC é o ex-sociólogo que – ao virar presidente – implorou aos brasileiros:
"Esqueçam o que eu escrevi". A ABL saberá levar isso em conta, temos
certeza. É preciso esquecer.
Difícil, no entanto, é não lembrar o que FHC fez pelo Brasil. Eleito em 1994
com o apoio de Itamar Franco (pai do Plano Real), FHC prometeu enterrar a Era
Vargas. Tentou. Esmerou-se em desmontar até a Petrobras. Contou, para isso, com
o apoio dos homens bons que comandam a imprensa brasileira. Mas não teve
sucesso completo.
O Estado Nacional, a duras penas, resistiu aos impulsos destrutivos do
intelectual Fernando.
Em 95, 96 e 97, enquanto o martelo da Privataria tucana descia velozmente sobre
as cabeças do povo brasileiro, Amaury dedicava-se a contar histórias sobre
outra página vergonhosa do Brasil - a ditadura militar de 64. Em uma de suas
reportagens mais importantes, sobre o massacre de guerrilheiros no Araguaia,
Amaury Ribeiro Junior denunciou os abusos cometidos pela ditadura militar (que
"doutor" Roberto preferia chamar de Movimento Democrático).
FHC vendia a Vale por uma ninharia. Amaury ganhava o Prêmio Esso...
FHC entregava a CSN por uns trocados. Amaury estava nas ruas, atrás de boas
histórias, para ganhar mais um prêmio logo adiante...
As críticas ao ex-presidente, sabemos todos nós, são injustas. Homem simples,
quase franciscano, FHC não quis vender o patrimônio nacional por valores
exorbitantes. Foi apenas generoso com os compradores - homens de bem que
aceitaram o duro fardo de administrar empresas desimportantes como a Vale e a
CSN. A generosidade de FHC foi muitas vezes incompreendida pelo povo brasileiro,
e até pelos colegas de partido - que desde 2002 teimam em esquecer (e esconder)
o estadista Fernando Henrique Cardoso.
Celso Lafer - ex-ministro de FHC - é quem cumpre agora a boa tarefa de
recuperar a memória do intelectual Fernando, ao apresentar a candidatura do
ex-presidente à ABL. A Academia, quem sabe, pode prestar também uma homenagem
ao governo de FHC, um governo simples, em que ministros andavam com os pés no
chão - especialmente quando tinham que entrar nos Estados Unidos.
Amaury não esqueceu a obra de FHC. Mostrou os vãos e os desvãos, com destaque
para o caminho do dinheiro da Privataria na volta ao Brasil. Todos os caminhos
apontam para São Paulo. A São Paulo de Higienópolis e Alto de Pinheiros. A São
Paulo de 32, antivarguista e antinacional. A São Paulo de FHC e do velho amigo
José Serra - também imortalizado no livro de Amaury.
Durante uma década, o repórter debruçou-se sobre as tenebrosas transações. E
desse trabalho brotou "A Privataria Tucana".
Por isso, dizemos: se FHC ganhar a indicação, a vitória será da Privataria. Mas
se Amaury for o escolhido, aí a homenagem será completa: a Privataria é
imortal!
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