Como entender Marina?

A candidata do PSB, sem ser socialista, é um poço de confusão e contradições.

Diz o diário La Repubblica –, o de maior tiragem na Itália juntamente com o Corriere della Sera – que Marina Silva tem um passado honroso e nem por isso as qualidades necessárias ao exercício da Presidência de um país do tamanho e da importância do Brasil. Sua formação política é precária e suas ideias, quando manifestadas com um mínimo de clareza semântica, são confusas e contraditórias, de sorte a ressaltar a dramática incógnita que a candidata representaria se eleita.

O texto do La Repubblica confirma as previsões dos intelectuais de esquerda, desde o momento em que ficou assentada a substituição de Eduardo Campos por Marina Silva. Ou seja: ela seria tragada pelo apoio da mídia nativa, autêntico partido de oposição, porta-voz da casa-grande, e por esta arrastada inexoravelmente para a direita mais retrógrada, levando consigo toda a massa pretensamente burguesa que, literalmente se arrepia só de imaginar mais 4 anos de um governo popular.

E aí começam a confusão e a contradição da candidata do PSB sem ser socialista. Ela passou a ocupar a cena política brasileira como inimiga do latifúndio e da devastação ambiental, uma postura oposta à dos seus atuais arautos e conselheiros, adeptos, além de tudo, da involução globalizada, mais conhecida como neoliberalismo, que desencadeou a atual crise mundial. Aí está a ameaça: o retorno à política econômica do governo de Fernando Henrique Cardoso, quando, em nome da estabilidade, o Brasil quebrou impavidamente três vezes e foi entregue ao presidente Lula com as burras à míngua.

Candidatos peculiares e imprevisíveis, são prontamente engolfados pela direitona, sempre disposta a agarrar em fio desencapado.

Por fim, pergunto se vale a pena confiar em uma candidata que, ao se apresentar como tal, atribui a sua chance à Providência Divina. Teríamos de entender que a mesma manifestação do Altíssimo determinou a morte trágica de Eduardo Campos?