Como explicar a decadência da Rede Globo?
A Globo está enferma, atacada pela doença do burocratismo, com grupos de influência que se organizam aqui e ali, impõem nomes, ocupam espaços e derrubam competidores.
Com a morte de Roberto Marinho, os herdeiros
terceirizaram a gestão jornalística e artística. Sem uma estrutura de comando
clara, a Globo passou a ser tomada por várias disputas internas, nas quais o
fator audiência foi utilizado como arma de destruição.
Luis Nassif, para GGN*
Não vou arriscar análises
sobre imagem de apresentador A ou B. Como telespectador eventual do Jornal Nacional
(nenhum desprezo, apenas o fato que meu eletroeletrônico diário é o computador)
sempre admirei a imagem e a postura firme e sóbria de Fátima Bernardes e a
discreta informalidade de Patrícia Poeta, especialmente na campanha da Copa.
Houve
desgaste recente devido à perda de rumo do Jornal Nacional, de trocar o estilo
sóbrio por uma informalidade forçada e, principalmente, pela agressividade
vulgar do âncora opinativo, expondo ao ridículo as imagens mais valiosas do
jornalismo.
Mas
esses fatos estão dentro de um contexto mais amplo, que não tem poupado nenhum
setor, mais o jornalismo, também a teledramaturgia: a entropia que tomou conta
da Globo, visível nas futricas da rádio corredor.
A
Globo está enferma, atacada pela doença do burocratismo, com grupos de
influência que se organizam aqui e ali, impõem nomes, ocupam espaços e derrubam
competidores.
No
tempo de Roberto Marinho havia a chamada voz do dono, uma hierarquia clara, com
comando, mas se reportando o tempo todo para o patrão: José Bonifácio de
Oliveira Sobrinho, Armando Nogueira, Evandro Carlos de Andrade, debaixo deles
um estado maior de primeira, como Daniel Filho, Roberto Talmata, Alice Maria.
Com a
morte de Roberto Marinho, os herdeiros terceirizaram a gestão jornalística e
artística da Globo. Sem uma estrutura de comando clara, a corporação passou a
ser tomada por várias disputas internas, nas quais o fator audiência passou a
ser utilizado não como bússola para ajustes, mas como arma de destruição
interna.
Conclusão:
criou -se tal ambiente de insegurança que praticamente matou a criatividade da
empresa.
O
melhor do jornalismo televisivo da Globo foi a Globonews, última obra do
talento discreto de Alice Maria.
É
evidente que, com o avanço da TV a cabo e da Internet, a TV aberta experimentaria
um esvaziamento. Mas, no caso da TV Globo, está sendo acelerado pela perda da
seiva vital: a ousadia que aparentemente morreu quando o burocratismo se impôs
sobre a criação.
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